quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Virtual

Oferta/ http://rosamariblanco.blogspot.com/

 Neste mundo virtual
Nada é igual
Ao mundo real.

Não o aprovo,
Mas o aceito!

Nele escrevo
Nele canto meus versos
Nele conto meus sonhos
Nele ficciono a vida.

A minha e a dos outros!

O mundo real passa
De forma vertiginosa,                                             
O virtual é perene
Não passa...

Se mantém numa eternidade
Cálida e envolvente
Lançada no espaço sideral!

Em Tempo,
Está acima do Tempo.

E os versos no virtual,
Podem ser lançados no espaço
Se envolverem em novas galáxias
Criar outros mundos
Com novas estrelas
E astros.

Nos contrastes desfolhados
Em ritmos alucinantes
Como lembrança de vozes
Há muito caladas.

E ao longe...

Geme sempre uma guitarra
Num canto de Fado.

Maria luísa Adães

Feliz Natal!

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Solidão

Internet/ S. Dalí
Quando toco nos pedaços de luz
Elas se espalham
Na forma como toco.

Ficam suspensas e inertes
Como as muitas lágrimas
Que não chegam a caír.

Sou tão pobre de palavras
Esbatida na árvore sem folhas
Do meu entardecer.

Atravessei o Oceano
Infringi todas as regras
Cantei todos os cantos.

E não te vi
E não tive repouso
Em nenhuma praia.

Podes ajudar-me a perceber
O meu último erro?

E fomos diferentes de todos
Na loucura em que vivemos,
Mas houve um erro...eu sei...

E assim, rasguei meus versos
Varri meu nome.

As lágrimas fervem
E eu estou desprovida de apegos
E quero solidão!...

Maria Luísa

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

FUGA

Internet/ Salvador Dalí
O vento gemia
Nós dois fugiamos
De nós...

Nos embrenhávamos na floresta
Sem conhecer o caminho...

Caminho agreste
Complexo, insolúvel,
Num mundo ainda por nascer.

E nós já tinhamos nascido
Num outro tempo escondido.

Há uma sombra que me prende
Um som de vida
De ventura e encanto...

Tantas coisas se perderam
E outras se encontraram...

E eu tão perto do silêncio
Que me confundo com ele.

O beija-flor desce a Penedo
A cachoeira canta,
Eternamente ela canta...

Um canto antigo e desmembrado
Sem qualquer espécie de canto,
Mas canta...

E eu tento o equilíbrio
Enquanto olho para ele...

A vida é a arte do encanto
Culpada de tantos desencantos
Ou seremos nós...
Tu e eu os desencontrados?

Seremos os culpados
Por não termos encontrado
O amor no nosso canto...

E descemos...
Antes, muito antes
Do nosso tempo exausto...
Antes do tempo.

Lá no fundo há coisas
Que não posso trazer,

Há critérios
Que não posso dizer,

Há relatórios da existência
Difíceis de entender,

Há ternuras, desencantos e espantos,
De palavras constantes...

E na sequência,
Abri os caboucos superficiais
Da minha existência...

Maria Luísa

domingo, 23 de outubro de 2011

Suplicante...

Internet/Salvador Dalí
Sussura-me um segredo
Espanta as palavras tórridas
Submerge-me nas ondas do mar
Enterra os meus medos
Nas areias transparentes e lúcidas
Do teu mar...

Me faz uma emboscada
E me prende
Se eu gritar!

Olha-me,
Se eu merecer esse olhar
E me esconde da noite
E me dá o levantar.

Liberta-te
Liberta-me
Eleva-me
Aos teus ocasos.

Esconde-me, se outro olhar
Se aproximar
Se outro nome me pronunciar.

Condena-me ao desencanto
De quem não sabe amar.

Proíbe o meu pranto
Traz o outro manto
Feito do luar.

Ensina-me a amar
Ao luar desnuda
E eu possa dançar e cantar.

Segura meu cálice
Uma vez e outra vez...
Dilui-me no vinho dos Deuses
E bebe-me,

Ó Deus do meu silêncio.

Maria Luisa


Por razões de saúde deixo de escrever!

Deixei de os visitar
Deixei de escrever
Deixei o tempo passar...

Chegou a hora de agradecer...

A companhia ao longo do caminho,
A assiduidade,
A ternura,
A amizade.

Não é um adeus
E espero não seja uma despedida,
Mas é necessária uma explicação.

Aqui a deixo com amor,

Maria Luísa Adães

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Nem Sempre

Internet/ Salvador Dalí
Nem sempre se fala de amor
Nem sempre se fala de nostalgia
Nem sempre se fala o que se pensa
Nem sempre se fala o que se diz
Nem sempre se vive de euforia.

Nem sempre!

Há uma sombra que me prende
Um som de vida
De ventura e encanto.

Tantas coisas perdi
E outras encontrei
E nem sempre te amei.

Nem sempre!

Umas vezes estou presente
Outras vezes estou ausente.

A vida é fonte
A vida não cessa.

Apenas tu existes
No meu dizer de poeta,
Apenas tu me chamas de poeta
Apenas tu sabes que que sou poeta
Apenas tu...e ninguém mais.

E vivo no encontro e desencontro
Do que sou
Vivo da minha ilusão
Vivo da minha insensatez
E da minha lealdade.

Nem sempre, assim é!

Mas fico sempre esperando
Até aquela dia
Perto ou distante
Onde te possa encontrar
Beijar e amar
Sem parar
Deixar de respirar
Como se o mundo fosse morrer
Naquele instante.

E a morte fosse o jogo escuro
Das ilusões...

Maria Luísa

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Ser Diferente

Internet/ Salvador Dalí
Lembro o calor dos teus beijos
Lembro a loucura que vivemos
Lembro quando pareciamos ser diferentes
Do tempo,
Em que no tempo viviamos.

E fomos diferentes de todos
E continuamos a ser diferentes
E pagamos por essa diferença.

Nos libertamos de festas
Pois as festas são nossas
E não interessam a ninguém.

Vivemos com alegrias e tristezas
Nos amparamos ao que somos
E lutamos e vencemos.

Somos o que somos
Nos amamos em lugares idilicos
E abatemos o tempo
E não ligamos ao tempo.

Continuamos a ser como fomos!

Maria Luísa

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

ROUBO



Internet/ Salvador Dalí
Me roubaram os sonhos
Me deixaram os medos e pesadelos.

Deus não paira nas águas
A praia se encheu de pedras.

Amei-te mesmo assim
Sedento e exausto.

Te procuro
E não te encontro.

Tudo mudou num instante
E tudo que conheci
Não existe mais.

Fala-me,
Atira as lembranças de ti
Como um convite ao meu caminho.

Volta,
Ajuda-me a encontrar os sonhos
A vida não está completa.

Tu eras o meu sonho
E me roubaram os sonhos.

Neles me via
Neles me reconhecia
Com eles falava
Eles me respondiam...

Solitárias ondas saltam
Viajo nos poços abertos
Nos crepúsculos que se abrem.

Aceita-me,
Dá-me uma solidão só minha,
Mas perfeita.

Me deixaram sem perguntas
Desinteressados
Frios no ar da noite.

Sem eles
Sem ti
E sem tempo,
Que será de mim?

Beija-me no silêncio da noite
Mesmo sem te ver
Acredito em ti!...


Maria Luísa

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Ela Dá e Ela Tira

Internet/ Pintura Surrealista de Salvador Dalí
A vida é preciosa
Não deve ser vivida
De forma desencantada.

A vida é sombra fugidia
De noite e de dia ela se esconde
Como uma injustiça infinita.

A vida é silêncio e alegria
A vida é amor e fantasia
A vida é dor inesperada.

A vida é que nos dá o pranto
A vida é que nos dá prazer
A vida é que nos dá desencanto
A vida é volúpia nas noites quentes
De amor,
A vida dá vida à própria vida
A vida leva de repente a nossa vida
A vida é tudo e nada.

Mas quem não admira a vida?
Ela dá e ela tira
Mas não deve ser vivida
De forma desencantada
E perdida...não deve...

Dentro dos teus olhos eu vivi
E acreditei em ti e perguntei,
Por que se morre
Por que se vive?...

Maria luísa

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

PACTO

Internet/ Salvador Dalí
Fazemos um pacto,
Tu caminhas comigo
Eu caminho contigo
Neste campo minado
De armadilhas.

E nos amparamos
Na escolha dos lugares
Por onde passamos.

E talvez juntos
Possamos limpar
Os caminhos minados
E criar prados.

Caminhar nesses prados
Escrever nossos sonhos
De mudanças,
Nas mentes de quem pensa.

Trazemos o bem alvejado
pela demência de alguns

E reconstruímos o mundo
Em que escrevemos
Em que vivemos.

Que a nossa história a dois
Continue a viver,
A encher nossas noites de prazer.

E os dias iluminados
E tão breves - tão breves...
Nos façam andar de novo
Mesmo de forma incompleta,

Mas isenta e livre!

Com amor,

Maria luísa

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

E Voltei !

Sagrado Coração de Jesus/ Salvador Dalí / Internet
Olhei e rolei no Universo
Pintado de vermelho e negro.

Olhei astros, estrelas desconhecidas
E a solidão do contraste.

Encontrei vozes que reconheci
Falei, mas elas se calaram.

Talvez me conhecessem
E sentissem saudades desta voz...

Junto a uma estrela brilhante fiquei,
Quieta, pálida, sagrante.

Minha Ilha cintilava
Eu estava longe.

Meu amor chorava o abandono
Eu o chamava, mas tudo inútil e distante.

Olhei o cimo e à transparência
Vi um trono, onde Alguém se sentava.

E chorei lágrimas que caíam
E desfaziam o vermelho e o negro.

Só eu sofria,
Só eu escurecia no frio da noite.

E voltei!...

Maria luísa

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

A Ilha

Internet
Nasci numa ilha
Uma ilha próximo
Da terra e do mar.

Mas eu amei mais, muito mais,
A que estava próximo do mar.

Aprendi o que sei nessa ilha
E tornei-me tudo quanto sou,
Nessa mesma ilha.

Flores tropicais se transformavam
E se alimentavam pelo ar
E o prenúncio do mar.

Eu não sabia se era única na ilha
Nunca soube dizer onde ficava.

O mapa apontava várias ilhas
A bússola apontava vários mundos.

Mas eu nunca saí da ilha
Nela fiquei
Nela amei
Nela inventei meu amor.

E um dia nela morri e ressuscitei!

Ouvia vozes à noite
Não sabia donde vinham
E diziam coisas tão belas...

E eu sonhava com elas!

E agora, não dizem mais nada,
Mas ouvem a voz dos poetas
Que tal como eu...
Partiram há muito!

Maria luísa

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Tão Próximo dos Salpicos do Mar...

Internet/ Magritte
Em quem vou acreditar
E quem vai reconhecer quem sou?

Quero caminhar de novo
Estar longe e perto de tudo.

Há quem possa ouvir-me
Se não há, deixem-me
Nas cinzas desertas.

O mar é só mar
Uma solidão de ausência humana.

Eu sou queda de água
A caír em traços longos
Trajada de infinito.

Formo um lago, só meu
Tão próximo dos salpicos do mar...

Se me procuram
Olhem meus olhos
E leiam que diz esse olhar.

Já não tenho mais dias
Para falar de mim e te amar.

Desci ao escuro do mundo
Perdi minha cor imutável
As trevas cantaram, dominaram.

Eu não soube entender
Sedenta do esplendor do inútil.

Tenho um destino fixo na terra
Solitária, igual a árvore intocável.

Chorem a ausência
E esqueçam quem ela foi
E esqueçam quanto disse.

Assim se afastam e se perdem
No que já estava perdido.

Ela não volta,
Seu jogo é eterno e perfeito
Não há resposta!

Apenas um suave exemplo
De alguém que passou!...


Maria Luísa

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Rosas Vermelhas

Pedi um ramo de rosas vermelhas
Sensuais,
Salpicadas de orvalho,
Ardentes,
Como nós somos.

E tu de olhar solene
Recusaste sem falar,
As rosa vermelhas
Do meu sonho de encantar.

Recusaste
Não analisaste,
Indiferente ao meu pedir
Por eu escrever
Sobre as rosas do meu jardim
E não escrever,
Do meu amor por ti.

Olhaste em frente absorto
E que viste?

Rosas de várias cores
Desfolhando luz e amor
No jardim de mil tons,
Mas sem o calor
Das rosas vermelhas de cor,
Do meu amor sensual, ardente.

E faço gáudio
Em ter rosas vermelhas
Como o sangue que grita,
Como o sensual que exalta
E nos lembra
O primeiro amor
Feito de fogo e dor.

Mas nunca mais esquece
O calor daquele fado
Que canta, sem cantar
E o que se escreve
Sem escrever.

E por tudo isso
Recusaste,
As rosas vermelhas
Que te pedi.

Que cruel foste,
Meu amor!

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Salvo Meus Gatos ( VI )

Internet
Mercê do feitiço
Da bruxa de chapéu alto
Meus gatos lindos
Da cor do arco-íris,

Se encontram aprisionados
Numa porta de sete chaves
E eu não sei quebrar o feitiço
Nem sei que fazer...

Pedir ao Deus
Que está no azul do firmamento
Uma luz trazida pelo vento.

E esta prece me mostrou
Os Cinco Dedos da Mão de Deus.

O Infinito embranqueceu e sorrio
E cinco traços com cinco tons
De alabastro antigo apareceu,
Cada tom mais suave do que o outro.

E meus gatos, disfarçados nessa cor,
Voltam aos meus braços.

Os tenho em meus braços
E eles cansados, deitados
Sob a superfície lisa
Da cor do alabastro,

Passam despercebidos
Perdeu-se a força dos abraços
E a solidez dos cansaços.

Mas os libertei
De uma morte de feitiço,
Já não há tempos
A cantar sua vida.

Se juntaram à multidão dos gatos
E me esperaram despidos
Húmidos de água e alabastro.

E os salvei de coisas impossiveis
Feitas de correrias e de pânico!...

Maria Luísa Adães

a continuar...

terça-feira, 12 de julho de 2011

PROCURA

Internet/ Salvador Dalí
Estou deitada na areia da praia
Desnuda de pesares...

O que vestia
Era o vento da solidão
Numa outra versão?

Eram os homens da pesca
E a neblina de vozes de areia?

O mar está brando
Murmura segredos
Fala de morte
E de barcos sem norte.

Deus paira nas águas
Não há horizonte ao longe
O tempo se move e se dissolve...

Te procuro como tu foste
E não te encontro na procura,
Tudo mudou num instante.

A terra e o mar que conheci
Não existe mais...
É tudo silêncio horizontal.

Não vais voltar para mim
Sei que não vais!...

Mas insisto na procura de ti
E a despedida não me encanta
E esse adeus rápido e brando
Tem de ser de outra maneira.

Deus não fechou Seus dedos
Por isso te procuro
E quero desfazer
O que digo em horas mortas...

Não vais voltar para mim
Sei que não vais!...

quinta-feira, 7 de julho de 2011

O Feitiço ( V )

Internet
A noite está perdida
Eu escuto o silêncio
E encontro Sete Gatos.

A noite é silente
Desnudada
A noite é insolente.

Máscaras passam velozes
Passam por mim
E eu perdi.

E outra vez, a noite silencia
Eu subo e desço escadas.

Oh, quanto me pesa
Auroras da minha vida,
Há muito passadas.

E meus dois gatos
Transformados em sete gatos
Mistérios das noites de amor,
Inertes, pendurados,
Nos sete fechos
De uma porta chapeada.

Um Feitiço,
O andar de treva em treva,
Os prendeu.

O Universo está vermelho e negro
Não vejo estrelas, nem lua, nem Deuses
E tu narrador que me dizes?
Só a ti te vejo e meu amor ao longe
Muito ao longe...como se fosse nada!

Que faço? O feitiço prendeu
Meus olhos infindáveis!...

Maria Luísa

sábado, 2 de julho de 2011

ADORO!

Internet/ Salvador Dalí

 Adoro em ti,
O teu alheamento de mim.

Adoro em ti,
Os teus esquecimentos
E os teus devaneios.

Adoro em ti,
O tempo que me dás
Num sorriso fugaz.

Adoro em ti,
O ardor de teus beijos
E a procura ávida dos meus.

Adoro em ti,
A tua vivacidade
De menino ausente.

Adoro em ti,
A ausência de continuidade
Nos arroubos desejados.

Adoro em ti,
A tua sensualidade
Unindo-se à minha.

Adoro em ti,
A liberdade que me dás
E tanta falta me faz.

Adoro em ti,
Não amares os meus versos
E me amares
Como se eu não fosse poeta.

Adoro em ti,
Essa forma de dar e nada dar.

Adoro em ti,
O clamor do insano,
Nas horas certas.

Adoro em ti,
Não te lembrares de mim
Quando te chamo.

Adoro em ti,
Tudo quanto amo
Tudo quanto eu chamo de vida.

Adoro em ti,
O te esqueceres de mim,
Agora e sempre.

Adoro em ti,
As imperfeições que encontro
E nada me dares em troca.

Adoro em ti,
Falar contigo sem falar.

Adoro em ti,
Esse amor por mim!

Maria luísa

domingo, 26 de junho de 2011

Blessed ( IV )

Blessed / Salvador Dalí
O gato-branco
A gata-preta,

De olhos esverdeados
A vaguear,
Percorrem o palco
Qual arco-íris da chuva
Do sol da meia-noite.

As noites de amor
Trementes de fogo ardente
Os chamam e novos jogos
Clamam...

Descobrem os símbolos 
Musicalmente os descobrem.

Uma bruxa feia, maldosa
De chapéu alto
Entra no palco.

Blessed a acompanha
E ventos uivantes
De Terras distantes
E luzes sem luz,
Atropelam o instante.

O fantasma da morte
Espreita,
Procura ruídos
Escondidos.

Os gatos olham
Nada os amedronta
Nem bruxas,
Nem magos,
Nem medos.

O amor acalenta
E chama,
A lua sorri
Os astros se multiplicam,
As estrelas espreitam,
O Universo respira
E Deus se avista.

E tudo pára,
Traços sulcam o ar
Não há caminhos,
Fáceis de encontrar.

Contemplo,
Como narrador que sou
E agora eu sou
Quem pergunta...

Que se passa?...

Altos contrastes se levantam!

Maria Luísa Adães

terça-feira, 21 de junho de 2011

O Amor ( III )

Arco-íris/ Internet
Narrador :

A cortina desce
Voluptuosa, misteriosa,
O Universo escuta silencioso
Admirado,
Do tempo passado.

Os personagens saem
Cansados
Do canto, da dança, do amor.

A Lua olha com intensidade
No brilho de mil tons das estrelas

 Palpitante na natureza cósmica                                            
Que flutua por entre elas.

O Preto e o Branco
De meus gatos
Nos mostra sua beleza,
Cansada dos jogos jogados.

Como arco-íris dançando
À sua volta.

Outros vão chegando
E se mostrando
Tentando entender
Que se passa?...

E o amor perfuma o ar
Lança tapetes floridos
Flores amarelas
De um tom esquisito.

Sem testemunhas
Os Deuses adormeceram
O Universo se cobriu
De nuvens negras e vermelhas.

No palco os personagens olham
Pedem a ilusão maior
E seus jardins aéreos
Reluzentes e felizes.

De um lado o amor
E do outro o esquecimento...

Maria luísa

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Fogo Ardente ( II )

Narrador conta :

Meus olhos fixam o palco
Os personagens olham
Meu amor me beija,
Eu estremeço
Tudo estremece
Todos se desejam.

Os Deuses assombrados
Com o amor dos gatos
O desejo dos humanos
O arrepio da noite
Interrogam os astros.

Que se passa?

E no palco,
Os personagens
Formam arabescos
Com seus corpos,
Dançam uma dança
De amor e de desejo.

Que se passa?
Pergunta a lua a quem passa.

Os personagens não falam,
Apenas se ouvem movimentos
Como se a terra se deslocasse
E se juntasse ao êxtase
Do momento abstrato.

Vamos mandar o arco-íris
A iluminar o espaço
Precisamos de olhar
Reconhecer e ver
Como se sabe amar.

E os quatro personagens,
O gato-branco
A gata-preta
Eu e meu amor,
No vasto chão amamos.

Tudo esquecemos
No momento profano
No instante de Fogo Ardente
E a fuga súbita,
Da Estrela Cadente.

Maria Luísa

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Quatro Personagens ( I )

A peça em sete atos
No palco quatro personagens.

Um gato-branco
Uma gata-preta
Narrador e meu amor,
Criaturas humanas.

Sete notas musicais
Se diluem no espaço...

Que conteúdo estranho
A ser representado.

Narrador :

Olho os vários mundos
Os ventos sopram frios,
Reconheço o Infinito
As estrelas brilhando
Uma lua sorrindo
O luar descendo,
Iluminando.

Os personagens se movem
Tomam seu lugares.

Os Deuses se admiram
Abrem seus olhos
E escutam o canto
E todo o Universo
Se queda em silêncio.

E cada personagem
Elevada na noite imóvel
Ama,
Nos símbolos e enigmas.

Maria Luísa

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Deixei a Ilha

Internet/ Salvador Dalí
Um dia, deixei a Ilha
Tive de a deixar
Calcorrear o mar
E encontrar meu amor desfeito
Pela saudade de meu peito.

Ele me esperava saudoso
Me abraçava e beijava
E eu de olhos fixos
Em sonhos ou acordada
Via a Ilha, rochas rolando,
Fora das águas.

Eu tinha sido poeta
No silêncio dos Deuses
E gravado meus versos
Nas pedras que encontrava.

Com ela eu vivia há anos
Que se transformavam em séculos
E inebriavam meus sentidos
Com seus amores, deuses e flores.

Tudo me fazia esquecer
O mundo abandonado,
No meu máximo dom
De te amar e ser amada.

Quanto te quis
Quanto te quero
No calor tropical
Sem fraquezas humanas,
Na solidez da terra
E no caminho brilhante do mar.

Converto-me em ti,
No jardim abandonado
Por mim...

Deixa ouvir o cântico dos búzios
E nua, suave, perfeita,
Te deixo entrar
Na minha própria casa...

Fica...eternamente meu!

Maria luísa Adães

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Quando te amo

Internet/  Simbolismo/Salvador Dalí
Quando te amo
Nasço e morro
Renasço de cinzas
De rosas queimadas
De fogo ateado
Nas árvores dispersas.

O teu lado
O meu lado
Escondendo
O teu corpo e o meu
Das minhas fantasias
De poeta.

E subo, como poeta que sou
Ao Altar do Sacrifício
Olho numa despedida
A Via-Sacra,
Como a subida de um justo
Desprendido, na hora da partida.

Eu olho, sem saber quem sou
Sem saber quem procuro
Sem saber onde vou...

Mas olho, por detrás das árvores
A cobrirem nosso espaço
Nosso espaço de amor
Nossa cama floreada
De mil flores
Nosso respirar ofegante
A descansar,
Da luta do instante.

Abro meus olhos
Enquanto dormes
Enquanto descansas
Dos jogos de amor
Ensinados por mim,
Aprendidos a primor
Por ti...

Eu olho o submerso
Onde tantos se debatem
E se prendem
Sem salvar.

E desço, uma vez única
Para escrever meus versos
E dar a saber
Àquele que se perdeu
O caminho de regresso.

Volto ao meu mundo
Por ti que adormeces
Nos caules da ausência
E por eles, no tempo a dissolver.

Eles não sabem
Tu não sabes,
Mas não importa saber!

Há uma outra claridade
Na subida distância
Sem noite e sem vozes.

Mas importa saber
Que volto por eles
E por ti, meu Amor!

Maria luísa

segunda-feira, 16 de maio de 2011

ESPELHOS

Internet/ Narciso de Dalí
Tu foste minha paixão
Embalaste meus sonhos perdidos
E eu me lembro de ti
Entre o sol e a terra
Como te conheci...

Me lembro, sim!

Nossos espelhos se fundiram
E caíram de mãos descuidadas
Se partiram...

Rolaram pelo chão
Como coisas mortas de ilusão,
Mas eram minha existência
Reflectiam meu corpo desnudo
E minhas emoções absurdas...

Neles me via
Neles me reconhecia
Com eles falava,
Eles me respondiam...

Se partiram, me deixaram
Sem respostas, desinteressados
Frios, calados, no ar da noite escura...

Sem eles e sem tempo
Sem estrelas e mar
Me busco dentro deles
Mas eles se partiram...

Me lembro, sim!

Sem Deus,
Sem espelhos e sem ti
Que será de mim?...


Maria Luísa Adães

domingo, 8 de maio de 2011

DESESPERADOS

Internet/ Desespero
Desesperados tentamos reconstruír
As distâncias,

Desesperados contornamos obstáculos
Simultâneos,

Desesperados procuramos solidão
Em todos os lados,

Desesperados olhamos a noite
Com olhar vago,

Desesperados morremos aos poucos
E nada descobrimos na superfície densa,

Desesperados aguardamos a razão fantasmagórica
Da nossa existência,

Desesperados olhamos os contrastes do mundo
E a única natureza que nos visita,

E as mães ao longe,
Chamam por entre névoas espessas,
A ausência de seus filhos.

Maria Luísa

terça-feira, 26 de abril de 2011

Testemunho

Internet/ Salvador Dalí / Gala



Testemunho o mistério das sombras,
A alegria do amanhecer
Sinto o falar dos sonhos
Ainda por nascer.

As folhas das árvores,
As flores trepadeiras,
As raízes imersas
Se transformam,
Em braços que amam.

Não temas a solidão!
Ela está no interior das palavras
Pela mão que não treme
E entrecruza os passos
Na cadência rítmica
Deste coração.

E os passos não retrocedem,
O caminho é urgente e é em frente!

As nuvens trazem o cheiro do mar
E a maré é diferente,
Das muitas marés da minha vida.

Reconheço os amigos
Nas horas vivas
E não no silêncio das muralhas.

E no meio do verde e do azul
Espero alguém,
Que se una ao meu amor por ti.

Tu possas ser a personagem pacífica
A transformar a batalha
Em ondas transparentes
Como uma tela acabada de pintar.

Noites e noites nas vigílias do olhar
Gente do mar salgada
Gente da neblina
Gente do Nada.

E respondo aos suplicantes
Na forma como te amo
E em tudo que te dou.

Retomem o caminho
Nos campos da solidão
E ouçam a canção
Estranha e vazia
Dos Templos abandonados.

Maria Luísa