sexta-feira, 26 de setembro de 2008

SOLIDÃO








Ama a solidão,
As colinas,
Os lagos,
Os rios,
Os Oceanos,
O teu amor,
Os teus filhos e netos,
O teu clamor de justiça
O teu esplendor.

Não esqueças – nunca –
Os teus versos …

Ama a solidão
O silêncio da força
Que se renova
Que brota
De uma fonte profunda

- As águas da Vida –

Ama a solidão
Que só tem olhos
Para o seu brilhante ideal…
Dos Sonhadores
Que vivem fora do real.

Renova a tua força
No silêncio do teu coração
Cansado e dolorido
Dos tempos passados
E nunca esquecidos!

Ama a solidão,
Modela o teu modelo
E vive o teu silêncio,
Como se fosse teu!

E sabes que não é,
…apenas teu!

Mas ama tudo à tua volta
E faz do amor
A tua arma mais pura
O amuleto que te salva.

Da solidão que procuras
Sem saber …
Da solidão que sentes,

Como um imã
À tua volta …

E procura descansar
Na solidão do amor …
Que se escondeu de ti!



Com carinho, te dedico estes versos.

Maria Luísa Adães

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

ENCONTRO COM BOCAGE




"Já Bocage não sou" ...


Na hora da solidão
No momento do encontro
No Final só dele
Tocam ao longe os sinos
Saudam o Poeta,
O Vate,
O Génio,
No fim da Peregrinação! ...

Sem pompas nem cerimónias
Esquecido de todos,
Sai o teu corpo mortal
Daquela pobre casa
Acompanhado por tão poucos ...

E diluiu-se no estar
Da existência enganadora,
Deixou a herança,
A riqueza adquirida,
A dádiva da sua presença,
A forma plena de Amar.

Elmano
Contestado
Incompreendido
Polémico
Vencido.

O Vate
Brilhante
Esplendoroso
Da Nova Arcádia ...

Cantou o mundo
Daquele tempo,
A maldade daquela gente,
A insensatez de amores
Perdidos e encontrados
SEMPRE! ...

Do seu passo ondeante,
Ficou a figura
Estreita e franzina
E a Alma de Poeta
Imortal!

E Bocage És!

Absolvido na Santidade
No lugar perfeito
Contemplas com deleite
Este Amor incontestado! ...

Tu que não encontraste
O Amor ...
E procuraste ... sempre! ...

Mas o correr do tempo
Mostra o engano,
Repele a maldade
E oferece-te em Taça

A Eternidade!

Majestosa é a hora ...
Calo as vozes
Escuto os pensamentos
O Sagrado Impera.

Penso nos teus versos
Difíceis de dizer
Impossíveis de esquecer ...

Subo ao teu encontro,
Abre-se de improviso a porta
Recebes-me de forma
Que me conforta.

Fixas o teu olhar
Da cor do Infinito,
No meu olhar
E elegante no falar
Afirmas ...

Eu sou Bocage!

Exalto o instante,
Rodeada das tuas ninfas
Canto e danço,
À Luz do Luar! ...

Tu olhas
Nostálgico e brando
E sobes ...
Àquele Lugar,

Onde vais descansar! ...

Maria Luísa Adães


Em 1765, cerca de dez anos depois do trágico terramoto de Lisboa,
que tão profundamente comoveu toda a europa, nascia na então pacata vila
de Setúbal, a 15 de Setembro, uma crianca do sexo masculino que baptisaram
com o nome e sobrenome de Manuel Maria.

Mário Domingues - Historiador

Na aproximação desse dia, (15 de Setembro) deixo como Homenagem a Bocage, meu conterrâneo,
o pouco que escrevi ... nestes versos só meus ... e a prova, de que o Poeta não morre!...
Passaram 243 Anos! ...
Maria Luísa