quarta-feira, 28 de abril de 2010

SEDE

A sede dentro de mim não morre!

Nu tu e o poema,
Nu tu e as palavras ardentes,
Nu tu e o desejo de ser crente,
Nu tu e o teu sentir
Desprovido,
Seduzido,
Na chamada
Loucura de quem sente.

Nuas as palavras ao vento
Penetrantes no sentir
De quem mente...

E se transformam no desejo
E nuvens de saudade
Por cima da Verdade.

E sejas tu,
O vento e o poema
E estrelas eriçadas
Das horas lentas e caladas.

Pára nas pontes frágeis
Da poesia
E não contes mais!

Diz adeus
E não procures,
Hoje e sempre.

Esta é a minha dor!

Maria Luísa

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Rosas Vermelhas


Pedi um ramo de rosas
Vermelhas,
Sensuais,
Salpicadas de orvalho,
Ardentes
Como nós somos.

E tu de olhar solene
Recusaste sem falar,
As rosas vermelhas
Do meu sonho
De encantar.

Recusaste,
Não analisaste,
Indiferente
Ao meu pedir,
Por eu escrever
Sobre as rosas
Do meu jardim
E não escrever
O amor por ti.

Recusaste,
Ollhaste em frente
Absorto
E que viste?

Rosas de várias cores
Desfolhando luz e amor
No jardim de mil tons,
Mas sem o calor
Das rosas vermelhas de cor,
Do meu amor sensual, ardente.

E faço gáudio
Em ter rosas vermelhas,
Como o sangue
Que grita,
Como o sensual
Que exalta
E nos lembra
O primeiro amor,
Feito de fogo e dor.

Mas nunca mais esquece,
O calor daquele fado
Que canta, sem cantar
E o que se escreve
Sem escrever.

E por tudo isso
Recusaste,
As rosas vermelhas
Que te pedi.

Que cruel foste,
Meu amor!

Maria Luísa

domingo, 18 de abril de 2010

CLARÕES


Nas horas do entardecer perfumado,
Nas tardes procuradas e sentidas,
No silêncio de íntimo Fogo
Ardente...
Eu abro as janelas fluorescentes
Pintadas,
Pelo acender dos clarões das rosas
No meu jardim isolado.

E vejo deslumbrada a Luz
Dos clarões
A transformarem-se
Em figuras geométricas,
Desconexas
E dançarem.

Ao longe toca uma guitarra!

Os clarões tomaram o Tempo
Iluminaram
Num gesto leve
As rosas de mil cores
E cantaram...

Ao longe toca uma guitarra!

Fizeram amor de quimera
Com alegria,
Plantaram flores de nostalgia
Rolaram uns sobre os outros,
Transformaram...

Ao longe toca uma guitarra!

E ninguém os via...

Mas eles - são clarões de luz e fogo
Transformados em humanos
Perdidos,
Distorcidos,
Esquecidos.

E ninguém os via
E a guitarra gemia!

Tomaram conta da Noite,
Dos seus Fados
Cantados
Ao som dessa guitarra
Que tocava ao longe,
Não se sabia onde...

E ninguém os via!

E como clarões que eram
Brilharam
Nos recantos,
Onde o Amor impera!

Cansados retornaram
Ao jardim solitário
E esquecido,
Ficaram a esmorecer
Com o aparecer do Dia.

Ao longe uma guitarra tocava
Em som gemido...

O meu mundo estremecia
Dessa noite de encantar
A terminar
E o aparecer do dia...
Clarão não havia
E o som da guitarra
Se perdia...

Mais um dia!

Maria Luísa

terça-feira, 13 de abril de 2010

NÃO ACUSES!


Nunca fujo de ti,
Apenas fujo de mim.

Eu sou a mais difícil,
Aquela a quem ninguém entende
E não sofre com esse desentender.

Ama-me como sou,
A não aceitar o comum
Como se fosse meu,
Pois não é meu!

Deixa-me ser como sou,
Não me aperceber da maldade
E continuar a viver,
Como se tudo fosse verdade.

Deixa-me ser feliz
Como gosto,
Amar-te em apoteose
E deixar-te a olhar
Minha sombra
Quando me afasto.

Não te lamentes
Não acuses,
Somos Deuses!

Maria Luísa

quarta-feira, 7 de abril de 2010

APENAS...OLHEI!


Olhei
E não te reconheci
E tanto te amei
Num amor sensual,
Ocasional,
Ardente...

Em mim, havia amor,
Eu era
Fogo e terra
Nesse amor,

Mas tu...
Não tinhas aquele amor

Que ressalta
Que prende
Que ressuscita
E torna a noite
Em dia
E não deixa descansar...

Em ti não existia amor!

Apena o sentir
De um encanto
Feroz e agreste
E depois o acalmar
E retornar sempre,
Até um dia
Não voltar...

Passou...
Nada ficou
E no fundo de mim mesma,
Bem no fundo,
Reconheci
Que não te tinha amado,
Apenas desejado!

Em ti não havia amor
Em mim,
Não sei que se passou
Nada ficou
Nada deixou!
E quando te vi
Não te reconheci!

Esqueci!...

Maria Luísa

segunda-feira, 5 de abril de 2010

NINGUÉM


Se não és de ninguém,
Podes ser tudo quanto queres
Mesmo aquilo que não és.

Se não és de ninguém,
Te podes transformar em Alguém
Numa página solta de meus versos.

Se não és de ninguém,
Podes ser aquela nuvem além
A lembrar a Alma de alguém.

Se não és de ninguém,
Podes ser o Vento
Ninfas e flores.

Se não és de ninguém,
Constroi teu mundo
E sê Alguém.

Se não és de ninguém,
Leva a rosa
Que deixei em meu corpo

E não temos despedidas!

Maria luísa