terça-feira, 26 de abril de 2011

Testemunho

Internet/ Salvador Dalí / Gala



Testemunho o mistério das sombras,
A alegria do amanhecer
Sinto o falar dos sonhos
Ainda por nascer.

As folhas das árvores,
As flores trepadeiras,
As raízes imersas
Se transformam,
Em braços que amam.

Não temas a solidão!
Ela está no interior das palavras
Pela mão que não treme
E entrecruza os passos
Na cadência rítmica
Deste coração.

E os passos não retrocedem,
O caminho é urgente e é em frente!

As nuvens trazem o cheiro do mar
E a maré é diferente,
Das muitas marés da minha vida.

Reconheço os amigos
Nas horas vivas
E não no silêncio das muralhas.

E no meio do verde e do azul
Espero alguém,
Que se una ao meu amor por ti.

Tu possas ser a personagem pacífica
A transformar a batalha
Em ondas transparentes
Como uma tela acabada de pintar.

Noites e noites nas vigílias do olhar
Gente do mar salgada
Gente da neblina
Gente do Nada.

E respondo aos suplicantes
Na forma como te amo
E em tudo que te dou.

Retomem o caminho
Nos campos da solidão
E ouçam a canção
Estranha e vazia
Dos Templos abandonados.

Maria Luísa

segunda-feira, 18 de abril de 2011

DISTÂNCIA

Internet/ Salvador Dalí
Que importa a distância?
Em espírito eu subo montanhas
Atravesso desertos intransponíveis
Caminho sobre as águas do mar

E sou livre,
De uma liberdade
Nunca existindo
Nunca percebida.

Meus olhos ficam nos lugares
Minhas mãos acariciam quem amar!

E toda eu sou nuvem branca
Que volteia no ar,
Dançando sempre, a mesma dança.

E te vejo, te ouço
Na hora silenciosa e única,
Num vago rumor
Saltando para um espaço inexistente.

Tu és a imagem sem tempo,
De toda uma vida
De todos os tormentos
E alegrias conjuntas.

A visão da manhã e do dia
Aparecida, na hora do silêncio
E da melancolia.

Caminhas elegante
Caminhas ao meu encontro
Te abraço, te amo, te contemplo
E olho teus olhos
E me vejo reflectida neles.

Te dou tudo quanto sei dar
E eu sei amar, mesmo na distância.

Sei quem tu és,
Ó feiticeiro de meu pranto...

sábado, 9 de abril de 2011

MISTÉRIO

Internet/ Salvador Dalí
O mistério é diáfano
Quando vem de ti.

As palavras são imóveis
Quando vêm de ti.

As vigílias das angústias
Dos espantos exilados
Me falam de ti.

Tudo é espaço e tempo
Desprendido de mim para ti.

Olha as rosas do meu jardim
E escuta como elas falam de mim.

E o mistério entra desdobrado
Maior do que o silêncio
Do coração vencido.

Talvez haja coisas sem futuro,
Talvez eu não tenha futuro.

E os abraços se tenham perdido
Em prelúdios desconhecidos.

Recorda, nada é urgente
E o adeus, caíu no nosso mar.

Deixa-o ficar,
Não há adeus!...

Mas importa o Presente
Mesmo sem Futuro!


Maria Luísa

sábado, 2 de abril de 2011

DOR

Internet/ Salvador Dalí
Conheço tantas dores
Aprendi a viver com elas.

Feliz não me tornou,
Mas nunca compartilhei a dor.

Nunca encontrei entendimento
E calei meu tormento.

Morei com Ela na minha casa
Mais anos, do que os meus anos.

Amigos, só para festas tentadoras,
Nunca para partilhar a dor.

Mas a dor foi contada sim
Como se fosse de outros,
Não de mim.

Nem meu amor pode partilhar a dor,
Sempre isso entendeu e aceitou.

A dor me pertence,
Só ela me pertence.

Nada mais é meu
Verdadeiramente meu.

E dor é minha,
Não a posso repartir.

Não a amo, não a quero,
Mas ela comanda meu viver.

E quando ela vem
Tudo é dor e nada mais...

Ela é a Velha Senhora,
Domina e mata.

Num tempo apenas meu
Pergunto,
Estou no mundo
Ou fora do mundo?

Aqui fica meu cálice
E o vento da solidão...

Maria luísa