sábado, 26 de fevereiro de 2011

INTERIOR

Internet/ Dalí / Figueres - spain
Tudo é interior em mim
O exterior não é meu.

Tudo simboliza amor
Mesmo o amor que se perdeu.

Tudo é ternura nesses beijos
Como um beija-flor, beijando.

Tudo é procura de uma alma ardente
Que olha um céu inclemente.

E o nosso amor dolente
Em mim, num corpo meu.

Oh, quanto me pesa a ausência
Deste amor, no espaço vago.

Só os mortos me lêem
Eu também morro um pouco.

Minhas lágrimas prementes
Tornam meus olhos quentes.

Te parece que não amo,
tanto como tu amas.

Te enganas,
Só tu vives em mim!

Na imóvel transparência de meu ser
Só tu...
E o resto, anda longe no vento...


Maria Luísa

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Desconhecido

Meu espírito sentiu a mudança
Meus ouvidos ouviram à distância
Meus olhos viram.

E te segui no grito que subia
Até avistar a casa
Na praia sombria.

Entraste à minha espera
De novo veio o vento,
Eu me despi antes de chegar a ti.

Tu olhaste fundo
Num fundo atrás de mim
E à frente de ti.

Quem vinha comigo
Eu não conhecia,
Mas tu sabias...

Vinha do mar à nossa volta
Vagueando por entre ondas altas
E nos ia levar.

Tu sabias
Eu não sabia.

Tu sofrias
Eu não entendia.

Eu estava despida
Junto a ti.

Desamparada na areia fria
Percebi,
A amargura da partida.

Chorei esquecida do que tinha vivido
Num tempo quente de amor
E entrei contigo, numa outra vida.


Maria Luísa

domingo, 13 de fevereiro de 2011

ILHA

A ilha é frondosa, bela
De flores matizadas únicas
O sol brilha por entre velas,
Ilumina o mar.

Flores tropicais
Vestidas de mil cores, mostrando beleza
O mar azul-turquesa canta esbelto e belo.

O calor assusta, deprime o caminhante...

Um caminho estreito e vago
Onde o verde predomina e brilha
E eu desço ao penedo
Onde o homem morto pesca,
Sem saber o que pesca.

Acerco-me dele, não fala,
Apenas olha em frente
E eu vejo solidão
Misturada na Ilha Bela.

Ele ignora minha presença
Num fundo negro ausente
De um silêncio horizontal presente.

O dançarino é o Mar
E o homem, o espectro da dor
Do céu, terra, flores
E de mim que sou humana.


Maria luísa

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

RAÍZES

Odeio dizer isto
Odeio sentir isto
Odeio que seja verdade!

E a saudade me atormenta
Pelo que deixei
Pelo que não encontrei...

Raízes perdidas, partidas
Em duas partes do mundo,
Do mundo por onde andei...

Meu coração se divide
Para o último céu que olhei
Para o último ar que respirei...

Lembro o mar de nuvens brancas,
Brancas esvoaçando lentas, brandas
E o poeta chorando, olhando o espaço...

Lembro meu último pensar
lembro meu sofrer por amar,
Ouvindo a voz do amor que sonhei.

E voltei!...