segunda-feira, 23 de abril de 2012

Tão diferente...

Tudo tão diferente
Do que conheço
Tudo tão diferente...

Atirei a rede ao mar
E minha rede trouxe
Outras coisas do mar.

Tudo tão diferente...

A lua veio espreitar
Eu olhei essa lua
Diferente da lua do meu lugar.

Uma lua maior
Se espraiou no ar
Pintada de laranja e vermelho.

Tão diferente...

Ela atirava um outro luar
Me mostrava outras estrelas
E pareciam as mesmas estrelas.

E não eram
As mesmas estrelas.

Que encanto!

Há outra lua
Outras estrelas
Outro lugar
E outro mar.

Eu não sabia,
Mas o poeta não pode
Parar de olhar.

Mas pode morrer
Longe do seu lar...


Maria Luísa

domingo, 15 de abril de 2012

Floresta Negra

Prometeste encontrar-te comigo
Num local negro e sem fim...

Eu cedi
Confiante em ti.

Havia nevoeiro cinza
E nuvens tocavam em mim.

Alguém se aproximava
Mas eu esperava por ti.

Figuras estranhas, perdidas
Se diluíam nas árvores extintas.

O silêncio era cortado
Com vidros na sombra vaga.

Nada me fazia temer
Eu era a estrela que esperava por ti.

Entre a nuvem, o negro e o mar
O caminho não era fácil de andar.

Nunca encontrei
Caminhos fáceis de andar...

A minha sombra caminhava devagar
Eu andava mais rápido para te encontrar.

Árvores se entrelaçavam
E me cortavam meus braços
Que esperavam te abraçar.

Eu caminhava nas pontes frágeis
Da minha poesia e não te via...

A dor me acompanhava
E se alimentava de mim.

E entrei na floresta extinta e vazia
E mergulhei nos pântanos de outra elegia

E nunca te alcancei...


Maria Luísa Adães

terça-feira, 3 de abril de 2012

E Regressei...

Internet
Um dia parti
E na minha pressa
Esqueci a razão da partida.

Desci ao escuro do mundo
Perdi a minha luz imutável
Estremeci e parei...

Caminhei por cima de tudo
Conheci amigos e antepassados
Que nunca tinha amado.

E deixei de estar presente
Tornei-me num ser ausente
De uma música interminável.

Olhei em frente e recordei
E regressei de uma maneira diferente
E chorei...

A porta se abriu e eu entrei
E depois de tanta dor
Voltei, olhei e te amei.

Tu estavas presente
As vozes caladas não se assombraram
Só eu as ouvia numa agonia.

As rosas do jardim floriam
Os clarões acendiam
Livres das lutas de cada dia.

Falei ao meu amor
Pedi mais amor
E muito mais...

Sensual e pálida voltei
Num desdobrar amplo e calmo
Aceitei e regressei.

A dor e os fantasmas
Da minha solidão
Fugiram de mim.

E amei!...


Maria Luísa Adães

p.s. dedico este poema a uma amiga :
http://lagatacoqueta.blogspot.com/