segunda-feira, 25 de julho de 2011

Tão Próximo dos Salpicos do Mar...

Internet/ Magritte
Em quem vou acreditar
E quem vai reconhecer quem sou?

Quero caminhar de novo
Estar longe e perto de tudo.

Há quem possa ouvir-me
Se não há, deixem-me
Nas cinzas desertas.

O mar é só mar
Uma solidão de ausência humana.

Eu sou queda de água
A caír em traços longos
Trajada de infinito.

Formo um lago, só meu
Tão próximo dos salpicos do mar...

Se me procuram
Olhem meus olhos
E leiam que diz esse olhar.

Já não tenho mais dias
Para falar de mim e te amar.

Desci ao escuro do mundo
Perdi minha cor imutável
As trevas cantaram, dominaram.

Eu não soube entender
Sedenta do esplendor do inútil.

Tenho um destino fixo na terra
Solitária, igual a árvore intocável.

Chorem a ausência
E esqueçam quem ela foi
E esqueçam quanto disse.

Assim se afastam e se perdem
No que já estava perdido.

Ela não volta,
Seu jogo é eterno e perfeito
Não há resposta!

Apenas um suave exemplo
De alguém que passou!...


Maria Luísa

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Rosas Vermelhas

Pedi um ramo de rosas vermelhas
Sensuais,
Salpicadas de orvalho,
Ardentes,
Como nós somos.

E tu de olhar solene
Recusaste sem falar,
As rosa vermelhas
Do meu sonho de encantar.

Recusaste
Não analisaste,
Indiferente ao meu pedir
Por eu escrever
Sobre as rosas do meu jardim
E não escrever,
Do meu amor por ti.

Olhaste em frente absorto
E que viste?

Rosas de várias cores
Desfolhando luz e amor
No jardim de mil tons,
Mas sem o calor
Das rosas vermelhas de cor,
Do meu amor sensual, ardente.

E faço gáudio
Em ter rosas vermelhas
Como o sangue que grita,
Como o sensual que exalta
E nos lembra
O primeiro amor
Feito de fogo e dor.

Mas nunca mais esquece
O calor daquele fado
Que canta, sem cantar
E o que se escreve
Sem escrever.

E por tudo isso
Recusaste,
As rosas vermelhas
Que te pedi.

Que cruel foste,
Meu amor!

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Salvo Meus Gatos ( VI )

Internet
Mercê do feitiço
Da bruxa de chapéu alto
Meus gatos lindos
Da cor do arco-íris,

Se encontram aprisionados
Numa porta de sete chaves
E eu não sei quebrar o feitiço
Nem sei que fazer...

Pedir ao Deus
Que está no azul do firmamento
Uma luz trazida pelo vento.

E esta prece me mostrou
Os Cinco Dedos da Mão de Deus.

O Infinito embranqueceu e sorrio
E cinco traços com cinco tons
De alabastro antigo apareceu,
Cada tom mais suave do que o outro.

E meus gatos, disfarçados nessa cor,
Voltam aos meus braços.

Os tenho em meus braços
E eles cansados, deitados
Sob a superfície lisa
Da cor do alabastro,

Passam despercebidos
Perdeu-se a força dos abraços
E a solidez dos cansaços.

Mas os libertei
De uma morte de feitiço,
Já não há tempos
A cantar sua vida.

Se juntaram à multidão dos gatos
E me esperaram despidos
Húmidos de água e alabastro.

E os salvei de coisas impossiveis
Feitas de correrias e de pânico!...

Maria Luísa Adães

a continuar...

terça-feira, 12 de julho de 2011

PROCURA

Internet/ Salvador Dalí
Estou deitada na areia da praia
Desnuda de pesares...

O que vestia
Era o vento da solidão
Numa outra versão?

Eram os homens da pesca
E a neblina de vozes de areia?

O mar está brando
Murmura segredos
Fala de morte
E de barcos sem norte.

Deus paira nas águas
Não há horizonte ao longe
O tempo se move e se dissolve...

Te procuro como tu foste
E não te encontro na procura,
Tudo mudou num instante.

A terra e o mar que conheci
Não existe mais...
É tudo silêncio horizontal.

Não vais voltar para mim
Sei que não vais!...

Mas insisto na procura de ti
E a despedida não me encanta
E esse adeus rápido e brando
Tem de ser de outra maneira.

Deus não fechou Seus dedos
Por isso te procuro
E quero desfazer
O que digo em horas mortas...

Não vais voltar para mim
Sei que não vais!...

quinta-feira, 7 de julho de 2011

O Feitiço ( V )

Internet
A noite está perdida
Eu escuto o silêncio
E encontro Sete Gatos.

A noite é silente
Desnudada
A noite é insolente.

Máscaras passam velozes
Passam por mim
E eu perdi.

E outra vez, a noite silencia
Eu subo e desço escadas.

Oh, quanto me pesa
Auroras da minha vida,
Há muito passadas.

E meus dois gatos
Transformados em sete gatos
Mistérios das noites de amor,
Inertes, pendurados,
Nos sete fechos
De uma porta chapeada.

Um Feitiço,
O andar de treva em treva,
Os prendeu.

O Universo está vermelho e negro
Não vejo estrelas, nem lua, nem Deuses
E tu narrador que me dizes?
Só a ti te vejo e meu amor ao longe
Muito ao longe...como se fosse nada!

Que faço? O feitiço prendeu
Meus olhos infindáveis!...

Maria Luísa

sábado, 2 de julho de 2011

ADORO!

Internet/ Salvador Dalí

 Adoro em ti,
O teu alheamento de mim.

Adoro em ti,
Os teus esquecimentos
E os teus devaneios.

Adoro em ti,
O tempo que me dás
Num sorriso fugaz.

Adoro em ti,
O ardor de teus beijos
E a procura ávida dos meus.

Adoro em ti,
A tua vivacidade
De menino ausente.

Adoro em ti,
A ausência de continuidade
Nos arroubos desejados.

Adoro em ti,
A tua sensualidade
Unindo-se à minha.

Adoro em ti,
A liberdade que me dás
E tanta falta me faz.

Adoro em ti,
Não amares os meus versos
E me amares
Como se eu não fosse poeta.

Adoro em ti,
Essa forma de dar e nada dar.

Adoro em ti,
O clamor do insano,
Nas horas certas.

Adoro em ti,
Não te lembrares de mim
Quando te chamo.

Adoro em ti,
Tudo quanto amo
Tudo quanto eu chamo de vida.

Adoro em ti,
O te esqueceres de mim,
Agora e sempre.

Adoro em ti,
As imperfeições que encontro
E nada me dares em troca.

Adoro em ti,
Falar contigo sem falar.

Adoro em ti,
Esse amor por mim!

Maria luísa