domingo, 30 de dezembro de 2018

(Teatro V) O FEITIÇO

A noite está perdida                      
Meus dois gatos

escuto o silêncio
E encontro Sete Gatos

A noite é silenciosa
desnudada
A noite é insolente

Máscaras passam velozes
passam por mim e me perdi
e outra vez a noite silencia
E eu subo e desço escadas

Oh quanto me pesa
Auroras da minha vida
Há muito passadas

E meus dois gatos
transformados em Sete gatos
inertes pendurados nos sete fechos
de uma porta chapeada

Um feitiço
o andar de treva em treva
os prendeu...

O Universo está vermelho e negro
não vejo estrelas nem lua nem nada
E tu Narrador que me dizes
Só a ti te vejo e meu amor ao longe
muito ao longe...como se fosse nada

Que faço? O feitiço prendeu
Meus olhos infindáveis!...


Maria Luísa Adães :  120


quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

PERDOA

Através de toda a imperfeição do meu mundo
Entra e dulcifica esse mundo
Possa a eterna juventude deste Planeta
voltar a florescer
e das cinzas da crueldade
possa reviver e Terra que pensei conhecer

Deixa que a natureza agredida queimada
se transforme no amor e na compaixão
e Te possa pedir misericórdia
pelos que estando vivos deixaram de viver

Deixa que Te veja nos meus irmãos perdidos
e Te encontre nos deserdados e nos esquecidos
deixa que o Teu amor me envolva e me acalente
e limpe a minha vida imperfeita

Deixa que o Natal envolva a terra
a toda a hora, a todo o momento
E não deixe nunca de ser Natal
nos lugares mais escondidos e indiferentes

E Vem
aos pontos mais obscuros
dos corações perdidos

Perdoa mas vem...!!!


Maria Luísa Adães


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quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

ESPELHO

Eu vi um espelho                                   
Talvez seja Apolo, mas não estou certa disso...

estava reflectida nele

Dentro do espelho estavas tu
com teu olhar penetrante e nu

A tua sombra diluía o fundo
e eu te via para lá do mundo

Tu estavas aprisionado no espelho
eu estava aprisionada fora do espelho

O mundo meu e teu se espelhavam
naquele espelho que tolhia meus afagos

Os caminhos assombrados
por sombras que vagueavam

Nua me encontrava e ferida
e não entrava no amor que sonhava

Ávida de amor te esperava
mas o espelho nos separava

Acordei, tu estavas a meu lado
e tudo se tornou num sonho vago

Eu fui a heroína de uma peça
representada por um DEUS fechado

O tempo que me foi dado
não era o meu tempo

No outro lado me olhavam
e esperavam...

No espelho não se escreveu nada!


Maria Luísa Adães


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sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

(TEATRO IV) BLESSED

O gato branco                                


A gata preta,

De olhos esverdeados a vaguear
percorrem o palco
qual arco-íris da chuva
do sol da meia-noite

As noites de amor
trementes de fogo ardente
os chamam e novos jogos
Clamam...

Descobrem os símbolos
musicalmente os descobrem
uma bruxa feia de chapéu alto
entra no palco
Blessed a acompanha
e ventos uivantes
de terras distantes
e luzes sem Luz
atropelam o instante

O fantasma da morte espreita
procura os ruídos escondidos

Os gatos olham
nada os amedronta
Nem bruxas
Nem magos
Nem medos.

O amor acalenta e chama
a Lua sorri
os astros se multiplicam
as estrelas espreitam
O Universo Respira
E DEUS se avista

E tudo pára
traços sulcam o ar
Não há caminhos fáceis de encontrar

Olho ao longe
como narrador que sou
e agora sou eu quem pergunta...

Que se passa?...

Altos contrastes se levantam!


Maria luísa Adães


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domingo, 25 de novembro de 2018

Teatro III O AMOR

A cortina desce
voluptuosa, misteriosa
o Universo escuta silencioso
admirado do tempo passado

Personagens saem cansados
do canto
da dança
Do Amor

A lua olha com intensidade
no brilho de mil tons das estrelas
palpitante na natureza cósmica
que flutua por entre elas

Outros vão chegando
e se mostrando
tentando entender que se passa
e o Amor perfuma o ar
lança tapetes floridos
flores amarelas
de um tom esquisito

Sem testemunhas os deuses adormecem
o universo se cobre
de nuvens negras e vermelhas
no palco as personagens olham
E querem a ilusão maior
de jardins aéreos
reluzentes e felizes

De um lado o amor
E do outro o esquecimento...


Maria Luísa Adães



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terça-feira, 20 de novembro de 2018

Te Espero!

Tu foste minha paixão
e por ti escrevo
e por ti aqui estou
e por ti espero
todos os dias
e sei que não é possível voltar

Sem ressuscitar e viver de novo!...


Maria Luísa Adães
Botticelli




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segunda-feira, 5 de novembro de 2018

(Teatro II) FOGO ARDENTE

Meus olhos fixam o palco
os personagens olham
meu amor me beija
eu estremeço
tudo estremece
Todos se desejam.

Os deuses deslumbrados
com o amor dos gatos
O desejo dos humanos
o arrepio da noite
interrogam os astros

Que se passa?

E no palco os personagens 
formam arabescos com seus corpos
Dançam uma dança
De Amor e desejo

Que se passa?
Pergunta a lua a quem passa

Os personagens não falam
apenas se ouvem movimentos
como se a terra se deslocasse
e se juntasse ao êxtase
Do momento abstracto.

Vamos mandar o arco-íris
a iluminar o espaço
precisamos de olhar
reconhecer e ver
Como se sabe amar

E as quatro personagens
o gato-branco
a gata-preta
eu e meu amor
No vasto chão amamos.

Tudo esquecemos
no momento chamado de profano
No instante de Fogo Ardente
E a fuga, súbita
da Estrela Cadente.


Maria Luísa Adães


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quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Quatro Personagens

(Teatro 1)                                                
Tanta coisa escrevi e depois perdi...


A peça em sete actos
no palco quatro personagens.

Um gato branco
uma gata-preta
eu e meu amor
criaturas humanas.

Sete notas musicais
se diluem no espaço...
Que conteúdo estranho
a ser representado...

Olho os vários mundos
os ventos sopram frios
reconheço o Infinito
as estrelas brilhando
uma Lua sorrindo
o luar descendo
Iluminando

Os personagens se movem
tomam seus lugares
os deuses se admiram
e escutam o canto
E todo o Universo se queda em silêncio

E cada personagem
elevada na noite imóvel
Ama
Nos símbolos e enigmas


Maria Luísa Adães

A continuar...


Maria Luísa Adães


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domingo, 21 de outubro de 2018

PARA TI...

Nas tardes quentes                                                  
PARA TI...

  Eu escrevo

No tempo florido
   Eu danço

Nas noites frias
  Eu esqueço

E sou feliz
Sim
Sou feliz
Por um momento

Apenas nesse instante eu vivo
E lembro a neblina subindo

  Do fundo ao cimo
  O amor flutuando
  Volátil como o fumo

E amo tudo
lembro e estremeço
no rodopio do abraço

Do teu abraço

  Meu amor
  Meu amor

Quanta fragilidade
Quantos sonhos
Não vividos...



Maria Luísa Adães


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terça-feira, 9 de outubro de 2018

DIVAGAR

Devagar sem estremecer                      

procuro o Passado
e a forma de entrar
e conversar contigo

Trabalho difícil
desprendimento da realidade
encanto só meu e não teu

E até final talvez seja
A minha única Verdade!



Maria Luísa Adães



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terça-feira, 2 de outubro de 2018

ELA dá e Ela tira

A vida é preciosa
não deve ser vivida
de forma desencantada...


A vida é sombra fugidia
de noite e de dia ela se esconde
como uma injustiça infinita

A vida é silêncio e alegria
a vida é amor e fantasia
a vida é dor inesperada

A vida é que nos dá o pranto
a vida é que nos dá prazer 
a vida é que nos dá desencanto
A vida é volúpia nas noites quentes de amor
a Vida dá vida à própria vida
a vida leva de repente a nossa vida
A VIDA É TUDO E É NADA

Mas quem não admira a vida?
Ela dá e ela tira
mas não deve ser vivida de forma desencantada
E perdida...não deve...

Dentro dos teus olhos eu vivi
E acreditei em ti e perguntei
Por  que se morre
Por que se vive?...


Maria Luísa Adães

Do livro "Palavras e Caminhos"

De Maria Luísa Maldonado Adães



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segunda-feira, 17 de setembro de 2018

EU

Eu olho sem saber quem sou
sem saber quem procuro
sem saber onde vou

E subo, como poeta que sou
ao Altar do Sacríficio
olho numa despedida a Via-Sacra
como a subida de um justo
na hora da partida

Vejo o submerso
onde tantos se debatem
e se prendem sem salvar
e desço uma vez única
para escrever meus versos
e dar a saber aquele que se perdeu
O caminho de regresso

Volto ao meu mundo
por eles e por ti meu amor

Almas perdidas, partidas
Num deserto de dor!


Maria Luísa Adães



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quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Mil Rostos

Há mil rostos olhando para mim
e neste instante não reconheço nenhum

Há mil sentimentos à minha volta
e no momento não tenho nenhum

Há mil infelicidades pedindo guarida
e neste tempo não vejo nada

Há mil pessoas perdidas, esquecidas
e não digo nada
e sinto e penso estar voltada para a vida
e nada do que penso ou do que sinto é verdade
Quero andar contigo lentamente
na memória na essência de meus versos
e acreditar que não há mil rostos
pedindo guarida e mil infelicidades

E tenho de abandonar meus versos!


Maria Luísa Adães



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Interior (Desaparecido)

Este poema desapareceu  (desconheço a razão)

Pode informar?


Maria Luísa Adães


terça-feira, 14 de agosto de 2018

Suplicante

Sussurra-me um segredo
espanta as palavras tórridas
submerge-me nas ondas do mar
enterra os meus medos
nas areias transparentes
Do teu mar...

Me faz uma emboscada
e me prende se eu gritar
Olha-me se eu merecer esse olhar
e me esconde da noite sem luar

E volta ao nosso lar
volta sempre

Te Espero!

Maria Luísa Adães



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quarta-feira, 1 de agosto de 2018

TE PERDI...

Quanta tristeza eu sinto
Quando pressinto a solidão

Quanta tristeza me causa
a confusão de gentes como eu

E tudo pereceu num dia de assombro
quando entendi que nada sabia
depois dormi e acordei
tu estavas junto a mim
e tudo me pareceu igual

Acreditei que tinha tido um sonho mau e rude 
onde te vi morrer olhando sem ver
e a poesia foi sentindo a falta de minha presença
Eu não estava presente na vida dela

Um dia me falou e perguntou qual a razão de meu esquecimento
Ela não sabia que tinhas morrido e eu tinha ficado sem ti
e eu lhe respondi, não é a ti que procuro
nunca foste tu que me alimentaste a vida, mas sim ele

Ela chorou por mim e disse 
estás morrendo sem mim
vai e procura o que me ensinaste
nunca foste minha amiga
e sempre acreditei em ti
e agora que faço?

Esquece quem fui
e me traz aquele que perdi
e volto para ti

A lua subia iluminando o espaço
ninguém passava
a noite parava
o lebréu dormia
e tudo era luz espaço e fantasia 
e o homem pescava
lentamente pescava
a água ligeiramente ondulava
e a placidez do instante dominava

E eu escrevi para ti, meu amor perdido por mim
e te acolhi e escrevi!...


Maria Luísa Adães


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domingo, 15 de julho de 2018

VIVER

Assim, enquanto viver
tu estás presente como ser ausente
mas estás presente em mim
continua a viver de uma forma ou outra forma
e eu estou cumprindo o tempo que me resta

Fiquei sem saber a razão de ficar
e se fiquei 
foi por ti
para te acompanhar de uma maneira ou outra 

Quem me entende  continua presente
quem não entende
também não pode entender o mundo
Mas se vivemos e se ficamos nesse viver
Temos de entender e aceitar
e não há 
a voz do amor que sonhamos...

Meus olhos olham as flores
não olham o mar
onde estivemos juntos toda uma vida
para todos escrevo
em todos me vejo e te vejo
mas o mundo está ausente 
de mim e de ti

Um dia voltarei aqui ou noutro lugar
tal como a todos acontece
sabendo que cumpri o meu destino
difícil de julgar
de entender 
sem morrer por culpa minha

E procurarei cumprir e nunca me perder
Na imensidade de um mundo a morrer!


Maria Luísa Adães


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domingo, 24 de junho de 2018

Procuro

Te prendo em meus braços
mas não te encontro
e tudo se tornou numa ilusão
que se perdeu e não mais se encontrou

A casa e os espelhos desta casa
chamam por ti 
eu espero a resposta longe de ti

e alguma vez te torno a encontrar
num mundo em que sempre vivi
estou só meu amigo
como estive no princípio da vida
não evoluí, nada aprendi e te perdi
e agora que faço de mim
flores e nuvens e tão perto o mar
e tão longe de ti num final de vida
voltei ao princípio e não queria voltar
mas voltei e ninguém vai entender este falar
Onde estão estas cores pintadas por mim
e estes sonhos que tanta vez escrevi
e a tua voz o teu coração junto a mim
Onde estão?
Te perdi e não vou mais encontrar!


Maria Luísa Adães

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domingo, 10 de junho de 2018

TEMPO


Aproveitei o tempo em que me apetecia cantar
e deveria repudiar o tempo em que me apetecia chorar.

Mas o tempo existe e traz variantes constantes
Então aproveita o tempo em que te sentes feliz!


Eu te digo:

Tu que me respondes sabes
que esse  tempo 
em que tudo brilhava à minha volta
Morreu

E agora não sei que vou fazer
descobri que sem minha razão de viver
nada tenho para fazer
E fiquei sem saber porque fiquei! 


Maria Luísa Adães


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sexta-feira, 30 de março de 2018

Voltar ou não Voltar



Estás presente!
Que bom tu voltares
aqui e ali
neste ou noutro lugar

Eu estou presente
como ser ausente
de mim e de ti

Eu volto sempre
desconheço o meu lugar
Sou a última a lembrar

Nada soube encontrar
nada soube preservar
nada soube amar

Quem me perder
no meu caminhar
não vai voltar
pode chamar o vento
gritar ao mar
Onde estás?

O vento continua a rodopiar
o mar continua a cantar
não me vai encontrar
um barco ao longe no mar
um lenço vermelho a acenar
e uma figura ausente

Por magia me transformei
num fantasma solitário
da passada alegria
E não vou voltar
fico no mar
No barco e no luar

Serena e desnuda
Sigo o meu destino
Escrito em qualquer lugar


Maria Luísa Adães


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