quarta-feira, 27 de junho de 2012

Apenas eu...

Oferta / Sor. Cecilia

Despida de cansaços
De dores e amarguras
Eu flutuo no espaço
Nua.

Numa outra dimensão
Eu vivo
Enquanto escrevo.

Sinto no ar a diferença
O mar tomou a cor do Infinito
As águas mais azuis e frias.

As nuvens correm
Minúsculas e brancas
E eu canto louvores ao tempo.


 Que procuro mais?
Se nada encontro igual
A este instante de ritmo diferente.

Enleei-me em ti
Dei voltas e voltas
Para me libertar de ti.

E o momento se tornou suspenso
Quando caminho na terra
E atenta fico
À incompreensão dos outros.

O triste é verdadeiro
Misterioso e sublime
Quando entra nos redemoinhos do Passado
E caminha nas estradas do Presente.


Maria luísa

terça-feira, 19 de junho de 2012

NUVENS

Nuvens modeladas
Chuvas paradas
Amores encontrados
Músicas não tocadas
Morte a sorrir.

Mar ondulado e branco
Tapando a terra ao meu lado.

Um outro céu
Um outro espaço
Um outro canto,
Na subida súbita
Do instante.

Caminho nas nuvens
Ilhas dispersas
Figuras diluídas
Solidão estranha
Num mundo pintado
E desenhado.

Tempo de amar
Tempo em que se não diz
Vamos amar!

O amor é inútil
E deixou de ser como era,
Mas sempre pronto a fugir
Quando menos se espera.

O pensamento é triste
A amizade insuficiente
E tudo está ausente
Num baralho de cartas
Inexistente.

Os olhos não choram
O coração deixou de bater
Os ouvidos deixaram de ouvir,
Estão numa dimensão diferente.

Mas amar-te-ei sempre
Estarei sempre contigo
Se tu estiveres sempre comigo.

As nuvens não me impedem
De te sentir
Mesmo sem te ter.

E importa é o sentir 
Mesmo sem viver!


Maria luísa

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Tu és...

Gloria O´Keeffe / Black Iris/ Internet
Tu és o maior encanto da minha vida
Por ti estou espalhada no tempo
Não no tempo convencional.

Tu sabes quem sou
Me conheces melhor do que eu,
Mas não sabes quanto sofro
Por ser como sou.

Não sabes! E eu não quero que saibas
Quero que me sintas feliz
Num lugar tropical
Tão a meu gosto
E me ames, como tu sabes amar.

Nada é suficiente para mim
Reconheço o erro de ser assim
E quero mudar tão rápido                                                                                  
A chamada bola de cristal.

Não vou continuar neste lugar
Nem sei onde procurar o lugar.

De tanta beleza que me tem sido dada ver
Eu não sei escolher onde vou ficar.

Sem mim tu nada és e eu sei disso,
Mas ainda não sei se sou real.

Me amas demais e esperas tudo de mim,
Mas é tão difícil viver assim...

Fico enquanto me pedires
Sem saberes que me pedes.

Enquanto traçares linhas complexas
No ar e no vento
E te enredares nelas junto a mim.

Tu és alegre e eu sou triste
Vivi dentro do tempo mais rápida do que tu.

Compreendi as razões da minha vinda
E tu nada sabes dessa vinda
Pois estás junto a mim.

Eu sou a muralha que te dá guarida
E ainda não sei se tu és a verdade
Ou uma mentira minha.

E tudo quanto digo
Seja o silêncio da noite
A quietude dessa noite
Desaparecendo na sombra
Brusca, dessa mesma noite.

São as vozes que encontro
Espalhadas no tempo...

Maria luísa