quarta-feira, 21 de março de 2012

Para Ti!...


Internet/ Gogh, Olive- trees
Em todos os lugares
Da minha vida solitária
Eu te procuro.

Em todos os momentos
A pensar e a amar
Eu te procuro.

Em todas as agruras
Que me surjam num tormento
Eu te procuro.

Nos ventos que rodopiam
Vadios à minha volta
Eu te procuro.

Nas flores que vão nascendo
Nesta Primavera do tempo
Eu te procuro.

Nas árvores solitárias
Perfeitas e puras
Eu te procuro.

Nas músicas que escrevo
Nas músicas que não ouço
Eu te procuro.

Nos amigos que não tenho
Nos amigos que partiram
Eu te procuro.

Nos lugares inatingíveis
Que percorro nas asas dos sonhos
Eu te procuro.

Nos campos que não têm chuva
E suplicam essa chuva
Eu te procuro.

Nos que vivem abandonados
Sem lar e sem estrada
Eu te procuro.

Nos meus olhos
Que olham as flores e os ramos
Eu te procuro.

No rumor das fontes
No amor que jogamos
Eu te procuro.

Nos sorrisos de loucura
De poeta que sou e te dou
Eu te procuro.

Me diz onde fica esse ponto
Esse lugar de encontro
E eu te procuro.

Acompanhada do vento e do silêncio
Rodeada das flores a nascer
De uma Primavera a aparecer
Me diz onde te encontras
E eu te procuro.

Nos pontos impalpáveis
Decido a minha razão e não minto
Me diz onde estás
E eu te procuro.

Eu sou o Outono
Tu és a Primavera
Num lugar tão distante
E eu te procuro.

E no dia do encontro
Fica no meu coração
Ó Deus do meu pranto!

Maria Luísa Adães

quinta-feira, 15 de março de 2012

Acredito...

Internet/ Salvador Dalí
Acredito em ti
Acredita na vida a passar
E entende o meu pesar.

Mas eu pouco mais te posso dar
Passou o tempo a contar.

Contou tua vida
Contou minha vida
E mandou aguardar.

Olho as nuvens a passar
Coloridas ou sem ser
Doridas e sem amar.

Linhas geométricas
Se concentram em mim

Olhares lânguidos e dolentes
Se fixam em mim

Criaturas sem lar
Olham para mim

Eu os deixo passar
Absorta nas nuvens e no luar.

A lua tem outras cores
A lua é colorida neste lugar

As estrelas são outras
Os astros clamam por mim

E eu sinto o deslumbrar
De uma vida a acabar.

Me dirijo a outros lugares
Onde penso encontrar a minha vida,
Eu que nunca percebi essa vida.

Entro nos labirintos das nuvens
E choro lágrimas...
Que vêm molhar a secura do olhar.

Aceita-me tal como sou
Com as incoerências do que digo.

Música de tempo e lágrimas
Se aproximam de mim

Fluída sem exigências
De Princípio e Fim.


Maria Luísa Adães

sábado, 10 de março de 2012

Absurdo!...

Internet/ Salvador Dalí

 Que coisa absurda e magoada
Se instalou em mim...

E eu deixei?
Não, não deixei...

Se instalou e não disse nada
E não disse, por favor...

Não disse não
Isso sei...

Desenhou sentimentos
Misturados de cor e de lamentos...

Isso misturou
Eu sei...

Comandou a vida
A minha vida...

Me amordaçou
E me transformou...

Em momentos pobres e doloridos
Me desfez em pedaços partidos...

A minha alma voou
E a dor continuou
E não me abandonou nunca...

Me manipulou
E me levou a outras vidas...

Aniquilada perdida
Com dor e sem vida
Que será de mim?

Maria Luísa

quinta-feira, 1 de março de 2012

VEM!...

Internet/ Salvador Dalí
Vem
E mostra-me um jardim
Que esteja a florescer,

Como se eu sentisse
Que acabava de nascer.

Mostra-me a partitura
Incompleta por mim,

No ensaio constante
De indecisões
Quando toco.

Pedaços de luz
Se espalham
E fogem de mim...

Chego a corações sedentos de luz
E a outros que não vêm a luz...

Transformada em migalhas
Suspensas e inertes
Como lágrimas
Que não chegam a caír...

A morte e a música
São inexplicáveis...

Mostra-me o mar cálido e dormente
Como eu o conheci...

E eu sinta o esplendor
De voltar a viver.

Maria luísa