sábado, 2 de julho de 2011

ADORO!

Internet/ Salvador Dalí

 Adoro em ti,
O teu alheamento de mim.

Adoro em ti,
Os teus esquecimentos
E os teus devaneios.

Adoro em ti,
O tempo que me dás
Num sorriso fugaz.

Adoro em ti,
O ardor de teus beijos
E a procura ávida dos meus.

Adoro em ti,
A tua vivacidade
De menino ausente.

Adoro em ti,
A ausência de continuidade
Nos arroubos desejados.

Adoro em ti,
A tua sensualidade
Unindo-se à minha.

Adoro em ti,
A liberdade que me dás
E tanta falta me faz.

Adoro em ti,
Não amares os meus versos
E me amares
Como se eu não fosse poeta.

Adoro em ti,
Essa forma de dar e nada dar.

Adoro em ti,
O clamor do insano,
Nas horas certas.

Adoro em ti,
Não te lembrares de mim
Quando te chamo.

Adoro em ti,
Tudo quanto amo
Tudo quanto eu chamo de vida.

Adoro em ti,
O te esqueceres de mim,
Agora e sempre.

Adoro em ti,
As imperfeições que encontro
E nada me dares em troca.

Adoro em ti,
Falar contigo sem falar.

Adoro em ti,
Esse amor por mim!

Maria luísa

domingo, 26 de junho de 2011

Blessed ( IV )

Blessed / Salvador Dalí
O gato-branco
A gata-preta,

De olhos esverdeados
A vaguear,
Percorrem o palco
Qual arco-íris da chuva
Do sol da meia-noite.

As noites de amor
Trementes de fogo ardente
Os chamam e novos jogos
Clamam...

Descobrem os símbolos 
Musicalmente os descobrem.

Uma bruxa feia, maldosa
De chapéu alto
Entra no palco.

Blessed a acompanha
E ventos uivantes
De Terras distantes
E luzes sem luz,
Atropelam o instante.

O fantasma da morte
Espreita,
Procura ruídos
Escondidos.

Os gatos olham
Nada os amedronta
Nem bruxas,
Nem magos,
Nem medos.

O amor acalenta
E chama,
A lua sorri
Os astros se multiplicam,
As estrelas espreitam,
O Universo respira
E Deus se avista.

E tudo pára,
Traços sulcam o ar
Não há caminhos,
Fáceis de encontrar.

Contemplo,
Como narrador que sou
E agora eu sou
Quem pergunta...

Que se passa?...

Altos contrastes se levantam!

Maria Luísa Adães

terça-feira, 21 de junho de 2011

O Amor ( III )

Arco-íris/ Internet
Narrador :

A cortina desce
Voluptuosa, misteriosa,
O Universo escuta silencioso
Admirado,
Do tempo passado.

Os personagens saem
Cansados
Do canto, da dança, do amor.

A Lua olha com intensidade
No brilho de mil tons das estrelas

 Palpitante na natureza cósmica                                            
Que flutua por entre elas.

O Preto e o Branco
De meus gatos
Nos mostra sua beleza,
Cansada dos jogos jogados.

Como arco-íris dançando
À sua volta.

Outros vão chegando
E se mostrando
Tentando entender
Que se passa?...

E o amor perfuma o ar
Lança tapetes floridos
Flores amarelas
De um tom esquisito.

Sem testemunhas
Os Deuses adormeceram
O Universo se cobriu
De nuvens negras e vermelhas.

No palco os personagens olham
Pedem a ilusão maior
E seus jardins aéreos
Reluzentes e felizes.

De um lado o amor
E do outro o esquecimento...

Maria luísa

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Fogo Ardente ( II )

Narrador conta :

Meus olhos fixam o palco
Os personagens olham
Meu amor me beija,
Eu estremeço
Tudo estremece
Todos se desejam.

Os Deuses assombrados
Com o amor dos gatos
O desejo dos humanos
O arrepio da noite
Interrogam os astros.

Que se passa?

E no palco,
Os personagens
Formam arabescos
Com seus corpos,
Dançam uma dança
De amor e de desejo.

Que se passa?
Pergunta a lua a quem passa.

Os personagens não falam,
Apenas se ouvem movimentos
Como se a terra se deslocasse
E se juntasse ao êxtase
Do momento abstrato.

Vamos mandar o arco-íris
A iluminar o espaço
Precisamos de olhar
Reconhecer e ver
Como se sabe amar.

E os quatro personagens,
O gato-branco
A gata-preta
Eu e meu amor,
No vasto chão amamos.

Tudo esquecemos
No momento profano
No instante de Fogo Ardente
E a fuga súbita,
Da Estrela Cadente.

Maria Luísa

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Quatro Personagens ( I )

A peça em sete atos
No palco quatro personagens.

Um gato-branco
Uma gata-preta
Narrador e meu amor,
Criaturas humanas.

Sete notas musicais
Se diluem no espaço...

Que conteúdo estranho
A ser representado.

Narrador :

Olho os vários mundos
Os ventos sopram frios,
Reconheço o Infinito
As estrelas brilhando
Uma lua sorrindo
O luar descendo,
Iluminando.

Os personagens se movem
Tomam seu lugares.

Os Deuses se admiram
Abrem seus olhos
E escutam o canto
E todo o Universo
Se queda em silêncio.

E cada personagem
Elevada na noite imóvel
Ama,
Nos símbolos e enigmas.

Maria Luísa

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Deixei a Ilha

Internet/ Salvador Dalí
Um dia, deixei a Ilha
Tive de a deixar
Calcorrear o mar
E encontrar meu amor desfeito
Pela saudade de meu peito.

Ele me esperava saudoso
Me abraçava e beijava
E eu de olhos fixos
Em sonhos ou acordada
Via a Ilha, rochas rolando,
Fora das águas.

Eu tinha sido poeta
No silêncio dos Deuses
E gravado meus versos
Nas pedras que encontrava.

Com ela eu vivia há anos
Que se transformavam em séculos
E inebriavam meus sentidos
Com seus amores, deuses e flores.

Tudo me fazia esquecer
O mundo abandonado,
No meu máximo dom
De te amar e ser amada.

Quanto te quis
Quanto te quero
No calor tropical
Sem fraquezas humanas,
Na solidez da terra
E no caminho brilhante do mar.

Converto-me em ti,
No jardim abandonado
Por mim...

Deixa ouvir o cântico dos búzios
E nua, suave, perfeita,
Te deixo entrar
Na minha própria casa...

Fica...eternamente meu!

Maria luísa Adães

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Quando te amo

Internet/  Simbolismo/Salvador Dalí
Quando te amo
Nasço e morro
Renasço de cinzas
De rosas queimadas
De fogo ateado
Nas árvores dispersas.

O teu lado
O meu lado
Escondendo
O teu corpo e o meu
Das minhas fantasias
De poeta.

E subo, como poeta que sou
Ao Altar do Sacrifício
Olho numa despedida
A Via-Sacra,
Como a subida de um justo
Desprendido, na hora da partida.

Eu olho, sem saber quem sou
Sem saber quem procuro
Sem saber onde vou...

Mas olho, por detrás das árvores
A cobrirem nosso espaço
Nosso espaço de amor
Nossa cama floreada
De mil flores
Nosso respirar ofegante
A descansar,
Da luta do instante.

Abro meus olhos
Enquanto dormes
Enquanto descansas
Dos jogos de amor
Ensinados por mim,
Aprendidos a primor
Por ti...

Eu olho o submerso
Onde tantos se debatem
E se prendem
Sem salvar.

E desço, uma vez única
Para escrever meus versos
E dar a saber
Àquele que se perdeu
O caminho de regresso.

Volto ao meu mundo
Por ti que adormeces
Nos caules da ausência
E por eles, no tempo a dissolver.

Eles não sabem
Tu não sabes,
Mas não importa saber!

Há uma outra claridade
Na subida distância
Sem noite e sem vozes.

Mas importa saber
Que volto por eles
E por ti, meu Amor!

Maria luísa

segunda-feira, 16 de maio de 2011

ESPELHOS

Internet/ Narciso de Dalí
Tu foste minha paixão
Embalaste meus sonhos perdidos
E eu me lembro de ti
Entre o sol e a terra
Como te conheci...

Me lembro, sim!

Nossos espelhos se fundiram
E caíram de mãos descuidadas
Se partiram...

Rolaram pelo chão
Como coisas mortas de ilusão,
Mas eram minha existência
Reflectiam meu corpo desnudo
E minhas emoções absurdas...

Neles me via
Neles me reconhecia
Com eles falava,
Eles me respondiam...

Se partiram, me deixaram
Sem respostas, desinteressados
Frios, calados, no ar da noite escura...

Sem eles e sem tempo
Sem estrelas e mar
Me busco dentro deles
Mas eles se partiram...

Me lembro, sim!

Sem Deus,
Sem espelhos e sem ti
Que será de mim?...


Maria Luísa Adães

domingo, 8 de maio de 2011

DESESPERADOS

Internet/ Desespero
Desesperados tentamos reconstruír
As distâncias,

Desesperados contornamos obstáculos
Simultâneos,

Desesperados procuramos solidão
Em todos os lados,

Desesperados olhamos a noite
Com olhar vago,

Desesperados morremos aos poucos
E nada descobrimos na superfície densa,

Desesperados aguardamos a razão fantasmagórica
Da nossa existência,

Desesperados olhamos os contrastes do mundo
E a única natureza que nos visita,

E as mães ao longe,
Chamam por entre névoas espessas,
A ausência de seus filhos.

Maria Luísa

terça-feira, 26 de abril de 2011

Testemunho

Internet/ Salvador Dalí / Gala



Testemunho o mistério das sombras,
A alegria do amanhecer
Sinto o falar dos sonhos
Ainda por nascer.

As folhas das árvores,
As flores trepadeiras,
As raízes imersas
Se transformam,
Em braços que amam.

Não temas a solidão!
Ela está no interior das palavras
Pela mão que não treme
E entrecruza os passos
Na cadência rítmica
Deste coração.

E os passos não retrocedem,
O caminho é urgente e é em frente!

As nuvens trazem o cheiro do mar
E a maré é diferente,
Das muitas marés da minha vida.

Reconheço os amigos
Nas horas vivas
E não no silêncio das muralhas.

E no meio do verde e do azul
Espero alguém,
Que se una ao meu amor por ti.

Tu possas ser a personagem pacífica
A transformar a batalha
Em ondas transparentes
Como uma tela acabada de pintar.

Noites e noites nas vigílias do olhar
Gente do mar salgada
Gente da neblina
Gente do Nada.

E respondo aos suplicantes
Na forma como te amo
E em tudo que te dou.

Retomem o caminho
Nos campos da solidão
E ouçam a canção
Estranha e vazia
Dos Templos abandonados.

Maria Luísa

segunda-feira, 18 de abril de 2011

DISTÂNCIA

Internet/ Salvador Dalí
Que importa a distância?
Em espírito eu subo montanhas
Atravesso desertos intransponíveis
Caminho sobre as águas do mar

E sou livre,
De uma liberdade
Nunca existindo
Nunca percebida.

Meus olhos ficam nos lugares
Minhas mãos acariciam quem amar!

E toda eu sou nuvem branca
Que volteia no ar,
Dançando sempre, a mesma dança.

E te vejo, te ouço
Na hora silenciosa e única,
Num vago rumor
Saltando para um espaço inexistente.

Tu és a imagem sem tempo,
De toda uma vida
De todos os tormentos
E alegrias conjuntas.

A visão da manhã e do dia
Aparecida, na hora do silêncio
E da melancolia.

Caminhas elegante
Caminhas ao meu encontro
Te abraço, te amo, te contemplo
E olho teus olhos
E me vejo reflectida neles.

Te dou tudo quanto sei dar
E eu sei amar, mesmo na distância.

Sei quem tu és,
Ó feiticeiro de meu pranto...

sábado, 9 de abril de 2011

MISTÉRIO

Internet/ Salvador Dalí
O mistério é diáfano
Quando vem de ti.

As palavras são imóveis
Quando vêm de ti.

As vigílias das angústias
Dos espantos exilados
Me falam de ti.

Tudo é espaço e tempo
Desprendido de mim para ti.

Olha as rosas do meu jardim
E escuta como elas falam de mim.

E o mistério entra desdobrado
Maior do que o silêncio
Do coração vencido.

Talvez haja coisas sem futuro,
Talvez eu não tenha futuro.

E os abraços se tenham perdido
Em prelúdios desconhecidos.

Recorda, nada é urgente
E o adeus, caíu no nosso mar.

Deixa-o ficar,
Não há adeus!...

Mas importa o Presente
Mesmo sem Futuro!


Maria Luísa

sábado, 2 de abril de 2011

DOR

Internet/ Salvador Dalí
Conheço tantas dores
Aprendi a viver com elas.

Feliz não me tornou,
Mas nunca compartilhei a dor.

Nunca encontrei entendimento
E calei meu tormento.

Morei com Ela na minha casa
Mais anos, do que os meus anos.

Amigos, só para festas tentadoras,
Nunca para partilhar a dor.

Mas a dor foi contada sim
Como se fosse de outros,
Não de mim.

Nem meu amor pode partilhar a dor,
Sempre isso entendeu e aceitou.

A dor me pertence,
Só ela me pertence.

Nada mais é meu
Verdadeiramente meu.

E dor é minha,
Não a posso repartir.

Não a amo, não a quero,
Mas ela comanda meu viver.

E quando ela vem
Tudo é dor e nada mais...

Ela é a Velha Senhora,
Domina e mata.

Num tempo apenas meu
Pergunto,
Estou no mundo
Ou fora do mundo?

Aqui fica meu cálice
E o vento da solidão...

Maria luísa

sexta-feira, 25 de março de 2011

Presente!

Internet/ Salvador Dalí
Podes falar de mim
Imaginar quem sou
Podes acertar ou não,

Mas eu estou presente!

Podes magoar-me
Eu não me defendo
E continuo escrevendo,

E estou presente!

Pensas em mim
Acertas ou não
Nada te ofereço,

Mas estou presente!

O teu mundo se acabou
O meu continuou
Ausente de ti
Que duvidas de mim.

E no meu mundo, estou presente!

Imaginas quem eu sou
Não gostas do que sou
Meu mundo se acabou para ti.

E deixei de estar presente em ti!

Não há luzes, nem movimentos,
Nem esperanças, nem horizontes,
Pois eu me ausentei de ti.

E para ti,
Eu não vou estar viva
Não bates meu coração
E não me entendes.

Eu fico na ponte frágil
De minha poesia,
Ela acredita em mim

E aí estou presente!

Eu amei teu vulto distante, elegante,
Nas horas da minha vida,
Mas esqueci...


Maria Luísa

quinta-feira, 17 de março de 2011

Não Lamentes!...

Internet/ Salvador Dalí
Não me lamentes,
Não quero lamentos!

Não apanhes minhas lágrimas
Nas areias enterradas!

Não me lamentes,
Mas levanta-me e dá ao mundo
Minha forma de estar dilacerada.

Eu tenho meus versos
Tu não tens nada!...

Os meus caminhos não são fáceis de andar
E são limitados no chorar...

Mas não me lamentes a mim,
Eu sou sombra vaga
Indefinível, imprestável.

Mas sou Gente
E não vou deixar de ser Gente!

E procuro o Espaço
Na distância perdida!...


Maria luísa

quarta-feira, 9 de março de 2011

VIAGEM

                                                                         
Fiz uma viagem
Num caminho de adeuses.

Me transcendo quando escrevo
E me lembro, do tempo e da Ilha.

Tão longe estou desse tempo
Noutro lugar me encontro.

Estou fora sem tempo
Meu espírito se ressentiu
E meu corpo me abandonou.

Horas dolorosas
Emoções silenciosas
Horas fora do tempo!

Venho de dentro de maravilhas
E me encontro num desencontro
E não tenho mais despedidas...

Horas dolorosas
Emoções silenciosas
Horas sem tempo!

Caminho nas cachoeiras
Límpidas e cantantes,
Amo as flores e o canto.

E esta dor constante
É apenas minha...

Há uma força que me prende
Um som de vida,
De ventura e de encanto.

Tão longe estou desse tempo
E morro, fora do meu tempo.

Quem vem ao meu encontro?

Maria Luísa

sábado, 26 de fevereiro de 2011

INTERIOR

Internet/ Dalí / Figueres - spain
Tudo é interior em mim
O exterior não é meu.

Tudo simboliza amor
Mesmo o amor que se perdeu.

Tudo é ternura nesses beijos
Como um beija-flor, beijando.

Tudo é procura de uma alma ardente
Que olha um céu inclemente.

E o nosso amor dolente
Em mim, num corpo meu.

Oh, quanto me pesa a ausência
Deste amor, no espaço vago.

Só os mortos me lêem
Eu também morro um pouco.

Minhas lágrimas prementes
Tornam meus olhos quentes.

Te parece que não amo,
tanto como tu amas.

Te enganas,
Só tu vives em mim!

Na imóvel transparência de meu ser
Só tu...
E o resto, anda longe no vento...


Maria Luísa

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Desconhecido

Meu espírito sentiu a mudança
Meus ouvidos ouviram à distância
Meus olhos viram.

E te segui no grito que subia
Até avistar a casa
Na praia sombria.

Entraste à minha espera
De novo veio o vento,
Eu me despi antes de chegar a ti.

Tu olhaste fundo
Num fundo atrás de mim
E à frente de ti.

Quem vinha comigo
Eu não conhecia,
Mas tu sabias...

Vinha do mar à nossa volta
Vagueando por entre ondas altas
E nos ia levar.

Tu sabias
Eu não sabia.

Tu sofrias
Eu não entendia.

Eu estava despida
Junto a ti.

Desamparada na areia fria
Percebi,
A amargura da partida.

Chorei esquecida do que tinha vivido
Num tempo quente de amor
E entrei contigo, numa outra vida.


Maria Luísa

domingo, 13 de fevereiro de 2011

ILHA

A ilha é frondosa, bela
De flores matizadas únicas
O sol brilha por entre velas,
Ilumina o mar.

Flores tropicais
Vestidas de mil cores, mostrando beleza
O mar azul-turquesa canta esbelto e belo.

O calor assusta, deprime o caminhante...

Um caminho estreito e vago
Onde o verde predomina e brilha
E eu desço ao penedo
Onde o homem morto pesca,
Sem saber o que pesca.

Acerco-me dele, não fala,
Apenas olha em frente
E eu vejo solidão
Misturada na Ilha Bela.

Ele ignora minha presença
Num fundo negro ausente
De um silêncio horizontal presente.

O dançarino é o Mar
E o homem, o espectro da dor
Do céu, terra, flores
E de mim que sou humana.


Maria luísa

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

RAÍZES

Odeio dizer isto
Odeio sentir isto
Odeio que seja verdade!

E a saudade me atormenta
Pelo que deixei
Pelo que não encontrei...

Raízes perdidas, partidas
Em duas partes do mundo,
Do mundo por onde andei...

Meu coração se divide
Para o último céu que olhei
Para o último ar que respirei...

Lembro o mar de nuvens brancas,
Brancas esvoaçando lentas, brandas
E o poeta chorando, olhando o espaço...

Lembro meu último pensar
lembro meu sofrer por amar,
Ouvindo a voz do amor que sonhei.

E voltei!...

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Sonho

Internet/ Salvador Dalí
Há milhentos rostos
Olhando sem encanto, meu rosto,
Não reconheço esses rostos.

Nem um apenas, eu reconheço!

Estou sonhando um sonho,
Um sonho
E rápido vou acordar do sonho
E não sei o nome do sonho
Nem conheço o sonho
Nem sei reter o sonho.

Mil rostos me julgam
Sem me conhecer.

Mil esperanças me rodeiam
Neste entardecer,
Mas é tarde, excessivamente tarde,
para vencer
E regressar, para perceber.

Quero minha Alma
Para esquecer,
Mas não sei dela...

É tarde, demasiadamente tarde,
Para viver!


Maria Luisa

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Escrevo

Na fragilidade do meu mundo
Na saudade que me confunde
No beija-flor elegante,
Palpitante,
Tremente,
de prazer constante.

Eu te amo
Internet/ Salvador Dalí
Mais do que me amo...

Eu te desejo ainda mais
Do que tudo quanto canto
No feitiço do meu pranto...

Na música que tu tocas
Eu me encontro
E me perco
E caminho,
De mundo em mundo.

Qual o nome da minha alma?


Maria Luísa (Brasil)







terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Eu Vivo...

Internet
Na fragilidade do mundo,
Eu vivo...

Depois de atravessar caminhos,
Eu vivo...

Na apatia dos ruídos da rua,
Eu vivo...

Na solidão das noites caladas,
Eu vivo...

No fulgor dos dias soalhentos,
Eu vivo...

No carpir das mágoas contidas,
Eu vivo...

No choro interior de olhos secos,
Eu vivo...

Na melancolia do meu entardecer,
Eu vivo...

Na saudade de não tornar a nascer,
Eu vivo...

No meu amor contido de amargura e esperança,
Eu vivo...

Contigo eu estou esperando por mim
E assim eu vivo...

Contigo eu amo tudo,
Por ti volto ao princípio de tudo...

Contigo eu estou na descida e no cimo
E sonho, num sonho rendido.

Contigo eu sou,
Contigo eu amo,
Contigo volto,
Ao princípio e ao fim
E vivo...


Maria luísa (Brasil)

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Novo Ano

Copacabana RJ, Final do Ano 010,

Janeiro de 2011
A contagem do tempo foi feita
E o céu gritou de milhentas cores
Brilhantes, reluzentes, presentes!

Escondeu o mar,
Escondeu o Infinito,
Escondeu as estrelas,
Escondeu a maresia desse mar,
Escondeu a favela...

Os barcos ao longe e perto
Acenderam luzes,
As casas voltada para o mar
Abriram janelas...

Meu espírito sentiu a mudança
Tudo tinha um ritmo diferente,
Diferente do dia,
Diferente da noite,
Diferente da maresia do mar.

O Infinito se aproximou
O Cristo Redentor olhou
O Pão de Açucar brilhou...

O mar batia leve e brando
Molhava a areia da praia,
Milhões de Almas aguardavam, pediam...

Eu estava na noite única
Olhava o espaço eterno
As ondas me beijavam
E eu lhes atirei flores...

Me juntei assim, à esperança,
De um povo exuberante
Na espera constante
De promessas cumpridas.

Busco a poesia
De outros poetas
E simbolizo todo o mundo,
Perto ou distante...

Aqui deixo minha voz!

Maria Luísa

(Rio de Janeiro 011)

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Meia-Noite


Internet/ Salvador Dalí
 



É Meia-Noite
Hora de feitiços
E compromissos mentidos.

Eu sou a sombra
Da poesia morta!

O Novo Ano entra,
Vestido de Cerimónia
Fato preto, camisa branca, laço.

O Cristo se escondeu,
Não pode entrar no apogeu
De quem manda!

Lantejoulas reluzentes
  Luzes Ofuscantes                                                        
Músicas e cantos.

Meus olhos fixam seus olhos
E não me dizem nada!

A noite é quente
Nos salões repletos de gente,
Deusa da quimera.

Tudo fervilha,
Numa denúncia ao mundo!

Eu sou o ser enigmático
Na sombra obscura
Acompanhado da loucura!

Creio que este Novo Ano
É fantasia,
Igual aos outros Anos.

E a cerimónia de que se veste
É simbologia!

O mar reflecte a Luz
De multidões gritantes
Ao Infinito tão distante.

As nuvens correm, passam,
Se transformam em pedaços leves
Sem intento.

Eu estou presente,
Ausente,
Distante,

Mas longe, muito longe,
Do lugar dos indiferentes...

E traço a minha dança!

Maria Luísa  (Brasil)

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

NATAL

..

Um cãozinho pedia uma esmola
Não para ele,
Para aquele que nele mandava!

A concertina tocava...

Como contar que se passava
Naquele viver,
Triste e miseráve!

A concertina tocava...

Deslocada nesta cidade
Não pertencia à cidade,
Pertencia àquele que tocava
E ao cãozinho que pedia
De olhos tristes
A quem passava!

Olhei
Parei
Analisei
Senti
Chorei...

E ele continuava a tocar
Não sei que toada
E o cãozinho cumpria
Um destino
Que não lhe pertencia!

Eu parti amargurada
Sem saber que fazer
E não fiz nada!

A concertina tocava...

Não sei que melodia
E eu derramei lágrimas
Escondidas
Contidas
No meu ser!

E se o mundo sorrisse
E nos desse a mão
E nos conduzisse?

Que bom seria...

Era Natal,
Nada mais havia
E ele e o cãozinho
Nada sabiam.

E tudo passava
E poucos ouviam o som,
Dessa concertina
Que pedia!...

Era Natal,
O Amor seria o principal
Naquele dia!..

Meus olhos ficam
Meu coração suplica...

A concertina gemia
E acompanhava
Os que pediam. 

Cada palavra uma lágrima,
Não posso acusar
Não espero perdoar!

Maria Luísa  (Brasil)

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

SORRIR

Internet - Salvador Dali
Sorrio quando canto
Sorrio quando espero
Sorrio quando amo.

Tudo me faz sorrir
Levantar meu canto
Procurar meu sentir.

Sonho contigo, sorrio
Abro meus olhos, sorrio
Meus olhos sorriem, sempre.

Abro as janelas
Olho as estrelas
Estou perto delas.

Leva-me contigo
Leva-me sem medo,
Dá-me o teu sorriso.

Prendo a cauda brilhante
De uma delas
E voo com ela.

Chego à nossa casa
Atravesso o Oceano,
Tão longe a nossa casa...

Te beijo, te amo,
Te sinto um sonho inteiro
Nos meu corpo vivo.

Fixo o meu olhar, no teu olhar
E sem falar, sorrio...
Quem somos no Tempo?

Deixa dizer que te amo muito
E não vou deixar de te amar
E é tudo imenso...

Um dia lês o que escrevo
Ou não te atreves a ler,
Sentes o silêncio e ignoras tudo.

Mas eu sou o poeta que canta
A quem ninguém escuta
Sombra vaga na poesia...

Sorrio,
Só os meus passos se ouvem
O resto, é melancolia!...

Maria Luísa (Brasil)

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A TURBA

Eu estava contigo,
Caminhávamos por entre a turba
Nada nos prendia nesse caminhar.

De mãos dadas,
Absortos na caminhada
Respirávamos o ar.

A Turba conturbava,
Fazia perder o ritmo
Da Caminhada.

Mas nada importava,
Nem a turba
De vozes alteradas.

Nem o patético momento
Tão presente
Que ressuscitava
E o Profeta iluminava.

Olhando as estrelas
Nossas bussolas,
Caminhávamos.

Nada contava,
Nem os que fugiam
Não nos pertenciam!

Procurávamos a paz,
Uma e outra vez encontrada
Uma e outra vez procurada.

Perdidos na turba
Na sombra vaga
Nós caminhávamos.

Procurando não perder
A estrela que nos guiava!

Tudo se diluía ao passar,
Não olhávamos
E aceitávamos.

A turba já cantava,
Não nos interessava
Nada mais contava.

A alma do sonho chegava,
As portas de ouro se abriam
E nós entrávamos.

Quietos e pálidos,
Assombrados
Mistificados
Perdidos
Sem Terra
Sem Estrelas
Olhos fechados
Sem abrigo...

Símbolos e enigmas,
Nós estavamos presentes
A turba faltava.

As sombras corriam
As nuvens resplandeciam
Ao nosso olhar.

Nós pediamos
Deixem-nos passar,
Temos o Amor a aguardar...

Tão longe...
E o tempo é pouco
Para te Amar!


Maria Luísa  ( Brasil)