Internet/ Salvador Dalí
Embalei as Palavras
Na minha mão
E joguei,
Um último jogo
Feito de tudo quanto sei
E tudo quanto sou!
Alinhei as Palavras na mesa,
Vestida de Cerimónia
E Elas correram céleres
Para a Grande Vitória.
Fiz o jogo que sei jogar!
Juntei às palavras
As figuras do meu jogo
E elas responderam com ansiedade,
Ao meu desejo,
Juntaram-se...dominaram!
Deixei esta ânsia de dizer,
Neste sentir de Outono a fenecer.
Tudo vai ser esquecido,
Como se da Noite
Se apagassem as últimas Luzes,
Feitas das lantejoulas
Do Firmamento a escutar!
Jogo, sem ter o desencanto
De quem perde...
É uma benesse a recordar,
É uma mistura de palavras e figuras
E acompanha o Espaço Sideral,
Num conjunto de doação Total!
Jogo com as palavras e as figuras
Num jogo Ancestral...
Por Ti e por Mim
Meu Amor,
Este Jogo Fatal
Irreal,
De quem procura e não encontra
A parte FINAL!
Maria Luísa
Internet/ Salvador Dalí
Eu não quero ser olhada
Eu não quero mendigar
Eu não quero aceitar!
Vejam-me como sou
Sintam meus cambiantes de cor
Como música a soluçar.
Se um dia me encontrar
Quando o silêncio falar
Não preciso dizer nada.
Eu não pertenço à terra
Continuo na terra,
Mas há muito deixei a terra.
Lembranças, pensamentos, dúvidas,
Posso deixá-los em palavras escritas
Um dia, os podem levar.
E serem entendidos
Melhor do que hoje
Melhor do que ontem.
Vem meu amor
Só a ti eu tenho
Só de ti eu espero...
Não vais entender este amor
É impossível de entender
Cada palavra a rogar.
E o imaginar cresce, toma forma,
Na procura do que criou
Numa pequena demora.
As linhas ocultas
Devem ser lidas
Por poetas Divinos e Exactos!
Só eles sabem
Só eles aceitam
Só eles cantam!
Chegou o tempo de louvar
Chegou o tempo de procurar
Chegou o tempo de parar!
Maria Luísa Adães
Internet/ Salvador Dalí
Deixei de sorrir
Deixei de amar
Deixei de esperar.
Meu coração está deserto
Destroçado,
Sobre a loucura do Universo.
Aparecem meus fantasmas
Quase se não vêm,
Minhas ilusões desfeitas.
Me saudam,
Sabem quem sou
Pouco me amparam.
E hoje, ainda hoje,
Neste instante mesmo,
Sou um poeta que cantou.
Não,
Sou um poeta que canta
E ninguém escuta.
Será que morri
Será que não sou eu
Solitária e louca?
O mundo não me vê
O mundo não me escuta
O mundo não me sente!
Falta-me o talento,
Sou Fantasma ao Vento!...
Maria Luísa
Internet/ Salvador Dalí
O arabesco misterioso
Do poema
E da alma do poeta,
Do sonho e da dor.
E a minha placidez misteriosa,
Nebulosa, de quem não sabe
De quem não encontra
De quem não conhece Nada!
E o arabesco de folhas entrelaçadas,
De figuras desconexas, geométricas,
Desta metralha de céu e terra.
E não encontro a luz do teu dizer...
Procuro e não encontro,
Mas encontro o Nada!
Se pouco aprendi,
Como te vou encontrar
Tarde ou cedo,
Quando a morte me chamar?
E quando não souber de ti
Como te vou procurar?
Meu amor,
Quantos anseios, quanta procura
Quanta verdade, quanta amargura...
Como te vou encontrar?
Se nada sou
E Nada tenho!
Tenho...me lembro,
A sombra vaga, ó alheia
Dos poetas que cantaram
E ainda, como lembrança viva
E Eterna,
...As loucuras da nossa Mocidade!
Maria Luísa
Internet/ Salvador Dalí
Frente à passagem do tempo,
Eu não estou serena
E temo esse tempo.
Sei que o canto é tudo
As lágrimas são nada,
Eu sou tua sombra, transformada.
Sonho, tantas vezes sonho
E antecipo minhas visões
Nesses sonhos.
A palavra é sempre,
Um elemento de jogo ancestral
Clara, louca, perfeita.
Com a palavra o poeta
Joga, brinca, chora, ama,
Se deslumbra, ou se mata.
A vida tornou-se num jogo
Indecifrável,
Os meninos carregam às costas
Todo o mal do mundo.
No último amor perdido,
Os homens tocam a terra
Como Deusa de desenganos.
Apenas no pano verde
E nas luzes cintilantes
Há um vislumbre, de pretensa alegria...
E o homem sonâmbulo
Diz de quando em quando,
Façam o jogo, meus Senhores!
Maria Luísa
Internet / Salvador Dalí
A minha alma desdobrada
Sente o rugir da madrugada.
A Natureza clama e pede clemência
Às águas que correm como um lamento.
As folhas das árvores, as flores trepadeiras,
As raízes imersas transformadas - caem.
Não temo os gritos de Deuses sem vida,
Os transformo no interior de palavras escritas.
Entrecruzo os passos,
Na cadência rítmica do teu coração.
Os passos não retrocedem,
O caminho é em frente e é urgente!...
As nuvens trazem o odor do mar,
Dos muitos mares da minha vida.
Devolvo os ecos do Universo, para as horas vivas
E não para o silêncio das muralhas.
E no meio de quem fala comigo
Espero que te unas, ainda que seja tarde.
E quebres esta luta, em ondas transparentes
E me ames, na cadência de quem sente.
Eu, tu e a natura inclemente,
Noite estranha de amantes ausentes...
Eternamente sejas meu
Como a noite é minha!
Maria Luísa