
Não sei se sou humilde – confundo, um pouco, o sentido dessa palavra...
Um dia, um Pintor amigo, disse-me: - procure ser humilde, nas dificuldades surgidas quando pretende fazer, a mistura das cores.
Na realidade, eu sentia essa sensação difícil, para mim, ao tentar misturar as diversas cores.
Mas a palavra Humildade – deixou-me perplexa…E respondi:
- Eu sou humilde! Não sei a que se refere…
Sei que nada sou,
Entendo as dificuldades, só minhas,
Aceito as facilidades dos outros,
E lamento, não ser mais diligente,
Na mistura das cores,
Sou humilde no viver, no dizer.
Diga-me como devo Ser!
E se for possível, EU SOU!
Mas defina a minha falta de humildade…
Não define?
Então, eu vou aprender a pintar!
Levei as tintas (das mais caras em preço), os pincéis, a tela e a minha vontade.
Em determinada altura o Pintor disse-me (vendo a falta de habilidade) – tem de ser humilde! - Eu olhei estupefacta para ele e respondi:
Eu sou humilde!
E ele continuou a insistir na necessidade desse sentimento, para aprender uma arte (que admiro) …mas não me pertence…não é minha.
E aí eu pensei – vou desistir, não tenho o dom de saber pintar. Reconheço a minha falta de talento. E nessa aceitação – eu sou humilde!
Calei-me naquela sala, cheia de gente, desejosos de aprender.
E eu com raiva a misturar as cores e a sujar tudo à minha volta – incluindo, eu própria.
Não sei pintar! Desisto e é tudo! Não tem nada com humildade!
É esta a conclusão a que cheguei!
Adeus pintura! Tanto gosto de ti!
Mas não sei pintar!
Escrevo, não sei bem como…mas gosto de escrever!
E esta foi a minha última conversa com o Pintor!