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Blessed / Salvador Dalí |
O gato-branco
A gata-preta,
De olhos esverdeados
A vaguear,
Percorrem o palco
Qual arco-íris da chuva
Do sol da meia-noite.
As noites de amor
Trementes de fogo ardente
Os chamam e novos jogos
Clamam...
Descobrem os símbolos
Musicalmente os descobrem.
Uma bruxa feia, maldosa
De chapéu alto
Entra no palco.
Blessed a acompanha
E ventos uivantes
De Terras distantes
E luzes sem luz,
Atropelam o instante.
O fantasma da morte
Espreita,
Procura ruídos
Escondidos.
Os gatos olham
Nada os amedronta
Nem bruxas,
Nem magos,
Nem medos.
O amor acalenta
E chama,
A lua sorri
Os astros se multiplicam,
As estrelas espreitam,
O Universo respira
E Deus se avista.
E tudo pára,
Traços sulcam o ar
Não há caminhos,
Fáceis de encontrar.
Contemplo,
Como narrador que sou
E agora eu sou
Quem pergunta...
Que se passa?...
Altos contrastes se levantam!
Maria Luísa Adães
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Arco-íris/ Internet |
Narrador :
A cortina desce
Voluptuosa, misteriosa,
O Universo escuta silencioso
Admirado,
Do tempo passado.
Os personagens saem
Cansados
Do canto, da dança, do amor.
A Lua olha com intensidade
No brilho de mil tons das estrelas
Palpitante na natureza cósmica
Que flutua por entre elas.
O Preto e o Branco
De meus gatos
Nos mostra sua beleza,
Cansada dos jogos jogados.
Como arco-íris dançando
À sua volta.
Outros vão chegando
E se mostrando
Tentando entender
Que se passa?...
E o amor perfuma o ar
Lança tapetes floridos
Flores amarelas
De um tom esquisito.
Sem testemunhas
Os Deuses adormeceram
O Universo se cobriu
De nuvens negras e vermelhas.
No palco os personagens olham
Pedem a ilusão maior
E seus jardins aéreos
Reluzentes e felizes.
De um lado o amor
E do outro o esquecimento...
Maria luísa
Narrador conta :
Meus olhos fixam o palco
Os personagens olham
Meu amor me beija,
Eu estremeço
Tudo estremece
Todos se desejam.
Os Deuses assombrados
Com o amor dos gatos
O desejo dos humanos
O arrepio da noite
Interrogam os astros.
Que se passa?
E no palco,
Os personagens
Formam arabescos
Com seus corpos,
Dançam uma dança
De amor e de desejo.
Que se passa?
Pergunta a lua a quem passa.
Os personagens não falam,
Apenas se ouvem movimentos
Como se a terra se deslocasse
E se juntasse ao êxtase
Do momento abstrato.
Vamos mandar o arco-íris
A iluminar o espaço
Precisamos de olhar
Reconhecer e ver
Como se sabe amar.
E os quatro personagens,
O gato-branco
A gata-preta
Eu e meu amor,
No vasto chão amamos.
Tudo esquecemos
No momento profano
No instante de Fogo Ardente
E a fuga súbita,
Da Estrela Cadente.
Maria Luísa
A peça em sete atos
No palco quatro personagens.
Um gato-branco
Uma gata-preta
Narrador e meu amor,
Criaturas humanas.
Sete notas musicais
Se diluem no espaço...
Que conteúdo estranho
A ser representado.
Narrador :
Olho os vários mundos
Os ventos sopram frios,
Reconheço o Infinito
As estrelas brilhando
Uma lua sorrindo
O luar descendo,
Iluminando.
Os personagens se movem
Tomam seu lugares.
Os Deuses se admiram
Abrem seus olhos
E escutam o canto
E todo o Universo
Se queda em silêncio.
E cada personagem
Elevada na noite imóvel
Ama,
Nos símbolos e enigmas.
Maria Luísa
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Internet/ Salvador Dalí |
Um dia, deixei a Ilha
Tive de a deixar
Calcorrear o mar
E encontrar meu amor desfeito
Pela saudade de meu peito.
Ele me esperava saudoso
Me abraçava e beijava
E eu de olhos fixos
Em sonhos ou acordada
Via a Ilha, rochas rolando,
Fora das águas.
Eu tinha sido poeta
No silêncio dos Deuses
E gravado meus versos
Nas pedras que encontrava.
Com ela eu vivia há anos
Que se transformavam em séculos
E inebriavam meus sentidos
Com seus amores, deuses e flores.
Tudo me fazia esquecer
O mundo abandonado,
No meu máximo dom
De te amar e ser amada.
Quanto te quis
Quanto te quero
No calor tropical
Sem fraquezas humanas,
Na solidez da terra
E no caminho brilhante do mar.
Converto-me em ti,
No jardim abandonado
Por mim...
Deixa ouvir o cântico dos búzios
E nua, suave, perfeita,
Te deixo entrar
Na minha própria casa...
Fica...eternamente meu!
Maria luísa Adães