quarta-feira, 19 de novembro de 2008

DEIXA DE SER UM SONHO!

No silêncio procuto-Te
Nos outros encontro-Te

E levo-Te com cuidado nas minhas mãos,
Com cuidado para que não Te perca,
para que sobrevivas a tudo ...
E venhas ao encontro da Tua Terra ...
E que sejas aceite com ternura
E deixes de ser um Sonho.

Torno a suplicar-Te ... Deixa de ser um Sonho
E ajuda a transformar o que Te pertence.

Maria Luísa

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

CAMINHANTE ...




Ao caminhante que passa
benevolente e terno,
ao caminhante que passa

atraiçoa e apaga as luzes fortes,
pintadas de todas as cores
num jogo de amor.

Toco as palavras
Atiro as palavras,

ao Vento
à solidão.
à maldade
e à mansidão ...

E o que é "Manso de coração",
fica com Elas
e o seu bordão ...

Esquecido, perdido,
num local sem fim
E Eu,
Fico com ele...
pertenço,
ao Mundo dele!

Maria Luísa Adães

terça-feira, 4 de novembro de 2008

MAGGIE






Para a minha cadelinha Maggie _ Cocker Spaniel da Quinta do Bosque _

Azeitão - Portugal.


Meus Amigos, vos apresento a Maggie, da qual vou falar e vos vou dizer, quanto a amo.



A Maggie é branda e suave, mas algumas vezes sai da sua vida anónima e torna-se brusca - mas sempre, por qualquer razão forte - e volta à Paz da sua vida - não há raivas, maldades, desejos de vingança. É diferente dos humanos!
É ainda, uma cadelinha carinhosa, gulosa, vestida de branco, malhada de preto.


- Maggie estás apresentada aos meus leitores!

Vou escrever aquela carta que te prometi; chegou a hora de o fazer!

Pedi um novo Estatuto - uma espécie de Lei - pedi e aguardo a resposta.
Em segredo - num sussurar macio como o veludo - roguei - esta é a palavra certa! Roguei a Deus, uma Alma para ti - para que possas preencher, sempre, os vazios dos recantos escondidos da nossa casa.


Exulto com a idéia, mergulho no mar e venho à superfície como um golfinho -
que pertence à terra e ao mar e espero, assim, a resposta à minha carta, vinda do "Senhor de todas as coisas".


Chega a manhã, das muitas manhãs e um Mensageiro, toca à nossa janela e Ele
fala:

- Maggie - foi-te dada uma Alma! Deixaste de ser uma cadelinha qualquer... Inquieta-me a falta de amor no mundo - mas tu, tens dentro de ti, todo o amor e em troca, nada pedes ... pediu a Maria Luísa por ti e eu ouvi ... E levei a mensagem, ao "Senhor de todas as coisas". Talvez por teres tanto Amor e seres natural e pura - tenhas tirado ao mundo, algum pedaço forte, desse amor ...Daí
a falta de amor, no vosso mundo.


O mensageiro partiu e eu agradeço e te digo:

- Mereces o meu pedido ... concedido por alguém, muito acima de nós!
Te concedi, com deleite, a herança mais rica, deixada por mim.

Venceste a Solidão Espiritual e uma "nova casa" com jardim e flores, bichinhos
de vários tamanhos e todas as cores. Nunca vais estar "Só"! Foi-te dada a Eternidade, num local melhor! E dás ao mundo, uma lição de Amor e de Perdão.


Maggie tens 16 anos de idade, o meu amor e o meu legado - vamos continuar a nossa vida, mais fortes, para um dia Aceitar o que se nos deparar!...


Com ternura

Maria Luísa Adães

domingo, 5 de outubro de 2008

PAZ














Encontro uma gaveta vazia e à pressa aferrolho o passado e fecho a gaveta com as Sete chaves de Magia - fica lá dentro tudo, quanto quero esquecer. Fecho com as sete chaves - mais uma gaveta fechada...

Os pirilampos saltam e batem nos vidros da janela, como se pretendessem alumiar o que está na escuridão, mas não deixo que se aproximem - quero aquele recanto escuro, sem luz - para esquecer!

E flutuo como ser escolhido no presente e vejo as abelhas preparando o néctar para as próximas refeições.

Sinto situações faladas nos grandes auditórios a tornarem-se verdadeiras no mundo conturbado das convulsões - e procuro a Paz - palavra quase mitológica,
paraíso de felicidade quase eterna.

Procuro com fervor retê-la - mas a palavra foge da mente e do coração e deambula por corredores sombrios, sem encontrar um peito forte onde se possa apoiar - e dar um mundo adulto, não profanado e aquecer a indiferença e a deixar o perfume das flores da Primavera, a vicejar.

Também eu fecho a gaveta, numa procura de Paz ... Um sonho de todos os povos, em todas as eras!...

Maria Luísa

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

SOLIDÃO








Ama a solidão,
As colinas,
Os lagos,
Os rios,
Os Oceanos,
O teu amor,
Os teus filhos e netos,
O teu clamor de justiça
O teu esplendor.

Não esqueças – nunca –
Os teus versos …

Ama a solidão
O silêncio da força
Que se renova
Que brota
De uma fonte profunda

- As águas da Vida –

Ama a solidão
Que só tem olhos
Para o seu brilhante ideal…
Dos Sonhadores
Que vivem fora do real.

Renova a tua força
No silêncio do teu coração
Cansado e dolorido
Dos tempos passados
E nunca esquecidos!

Ama a solidão,
Modela o teu modelo
E vive o teu silêncio,
Como se fosse teu!

E sabes que não é,
…apenas teu!

Mas ama tudo à tua volta
E faz do amor
A tua arma mais pura
O amuleto que te salva.

Da solidão que procuras
Sem saber …
Da solidão que sentes,

Como um imã
À tua volta …

E procura descansar
Na solidão do amor …
Que se escondeu de ti!



Com carinho, te dedico estes versos.

Maria Luísa Adães

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

ENCONTRO COM BOCAGE




"Já Bocage não sou" ...


Na hora da solidão
No momento do encontro
No Final só dele
Tocam ao longe os sinos
Saudam o Poeta,
O Vate,
O Génio,
No fim da Peregrinação! ...

Sem pompas nem cerimónias
Esquecido de todos,
Sai o teu corpo mortal
Daquela pobre casa
Acompanhado por tão poucos ...

E diluiu-se no estar
Da existência enganadora,
Deixou a herança,
A riqueza adquirida,
A dádiva da sua presença,
A forma plena de Amar.

Elmano
Contestado
Incompreendido
Polémico
Vencido.

O Vate
Brilhante
Esplendoroso
Da Nova Arcádia ...

Cantou o mundo
Daquele tempo,
A maldade daquela gente,
A insensatez de amores
Perdidos e encontrados
SEMPRE! ...

Do seu passo ondeante,
Ficou a figura
Estreita e franzina
E a Alma de Poeta
Imortal!

E Bocage És!

Absolvido na Santidade
No lugar perfeito
Contemplas com deleite
Este Amor incontestado! ...

Tu que não encontraste
O Amor ...
E procuraste ... sempre! ...

Mas o correr do tempo
Mostra o engano,
Repele a maldade
E oferece-te em Taça

A Eternidade!

Majestosa é a hora ...
Calo as vozes
Escuto os pensamentos
O Sagrado Impera.

Penso nos teus versos
Difíceis de dizer
Impossíveis de esquecer ...

Subo ao teu encontro,
Abre-se de improviso a porta
Recebes-me de forma
Que me conforta.

Fixas o teu olhar
Da cor do Infinito,
No meu olhar
E elegante no falar
Afirmas ...

Eu sou Bocage!

Exalto o instante,
Rodeada das tuas ninfas
Canto e danço,
À Luz do Luar! ...

Tu olhas
Nostálgico e brando
E sobes ...
Àquele Lugar,

Onde vais descansar! ...

Maria Luísa Adães


Em 1765, cerca de dez anos depois do trágico terramoto de Lisboa,
que tão profundamente comoveu toda a europa, nascia na então pacata vila
de Setúbal, a 15 de Setembro, uma crianca do sexo masculino que baptisaram
com o nome e sobrenome de Manuel Maria.

Mário Domingues - Historiador

Na aproximação desse dia, (15 de Setembro) deixo como Homenagem a Bocage, meu conterrâneo,
o pouco que escrevi ... nestes versos só meus ... e a prova, de que o Poeta não morre!...
Passaram 243 Anos! ...
Maria Luísa

domingo, 24 de agosto de 2008

INTERIORES


de jpcfilho - Espelho de Sombras (Sapo)
Homenagem de Maria Luísa Adães - prosa-poetica.blogs.sapo.pt

Interiores

Sou uma procissão
de peregrino do nada
sem meta, sem Meca
sem fé.

Caminhamos silenciosos
tão silenciosos
que dá para ouvir os astros
nossos ( meus ) olhos
fitos no abstracto
vazios e alheios
sem importar o caminho.

Penso:
tudo será o mesmo?
E ainda assim continuamos
sem saber a força que empurra
todos os meus
átomos e células, zilhões ...
E para conter os impasses internos
às vezes intransponíveis ...
Tento meditar, rezar
me alhear mais,
mas algo tribal me contém
por momentos ...

E logo estou sem líder
temo a revolta geral
amotinamentos mais constantes ...

Como controlar este Estranho
que em mim habita?

E quando perder a razão
terei encontrado o Caminho?

jpcfilho - Espelho de Sombras


Espero que sim!...
Mesmo que perca a Razão
Encontrou o Caminho ...

Mas não pode saber!...

Maria Luísa Adães





quinta-feira, 14 de agosto de 2008

São Paulo - "Terra da Garoa"






Noutros tempos, mais antigos, Tu eras a chamada "Terra da Garoa".
Tinhas uma chuva miúda e minúscula, quase todos os dias e molhava tudo - e quem passava.
Mas isso mudou ...
Tudo muda e Tu não foste indiferente, nem diferente, do resto do mundo...

Construíram-se os teus prédios esbeltos, apontados para o Infinito;
acabaram-se as várzeas,
acabaram-se as vegetações,
acabaram-se os ribeiros
e o teu clima - mudou...

Tudo passa e se transforma neste correr de quem não dorme!
Mas os que te conhecem e eu não sou! ... Eu escrevo, mas não nasci do teu seio ... mas admiro a forma como vives e recebes os visitantes que por vezes, se tornam teus amigos.

Agora, tens os teus helicopteros de pessoas que não pisam as tuas pedras desconfortantes, mas aprazíveis e falam de encanto - do teu encanto!

Quem pisa essas pedras?

Os que te amam, como tu és,
os que morrem em ti,
os que morrem por ti,
os que se alegram e vivem, da tua vivacidade?

De menina, tornada mulher
sempre acordada,
sempre cantante,
sempre colorida,
sempre Amada ?...

São esses que pisam as tuas pedras, como milhões de peregrinos e as desgastam e nos dão
o desconforto de uma calçada diferente? Eu sinto - que Sim!

Mas tu és diferente!...

Reconheço e louvo essa diferença!

Para sempre,

Maria Luísa e Helena gasser

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Praias do Nordeste Brasileiro


Há praias de vários tamanhos
E de inúmeras cores,
verdes,
amarelas,
azuis,
rosa,
douradas,
Espraiam-se preguiçosas
Ao encontro do Mar...

Cantam louvores
Num canto de encantar
Acendem o Ar
Como fortalezas do Amor.

Seduzem e acolhem
...Perto e longe
Chamam...
Como sabem chamar.

Tudo se pode encontrar
E nada esquecer,
Apenas lembrar!...

O segredo é AMAR!...

Maria Luísa

terça-feira, 15 de julho de 2008

SÃO PAULO - Metróple







...Municipal
da Cidade de São Paulo







Que Cidade?
Violenta e sensível,
Honesta e esquiva …

Quem és tu?
A quem pertences?

Aos pobres,
Aos ricos,
Aos sem abrigo,
Aos habitantes de favela,
Aos Poetas,
Ou à tua Força?
À tua própria Força …

Feita de todos
Que te pertencem …

Tento descobrir o teu sentir
E transmitir à chuva,
Ao vento,
Aos relâmpagos,
Aos trovões,
Às tuas ilusões,
O teu tormento,
Quando à noite
Tentas dormir …
Mas não dormes!...

A tua favela
Fervilha misteriosa
E dentro dela,
Tem luzes amarelas
Cambiante de pobre
E violência torpe,
Envolvida de Morte…

Mas vives e brilhas
Envolvida em milhões
De Almas vibrantes

Que vivem por Ti!

E morrem por Ti …

Mulher feia …”Mas interessante”
Na tua nudez de Amante!

Poema de Maria Luísa

Dissertação de Helena Gasser

sábado, 12 de julho de 2008

AMANTE


Meu Amor! Meu Amante! Meu Amigo!
Florbela Espanca

Um poeta é livre… É livre dentro do seu coração!...
Maria Luísa

Amante

Palavra usada e abusada,
Incompreendida, machucada,
Noutros tempos
De botequim,
De vielas,
De esquinas,
De Severas e Marialvas.

Substituída por outra
Sem encanto,
Sem paixão,
Sem força,
Símbolo do Nada!

E esta?
Gritante de Amor,
De Simbolismo,
De Força,
De feitiço,
De encanto,
De Pecado.

Eu não dou vida
À outra!
Não quero! Não gosto dela!

E tu gostas?
Amas a outra,
Não lembras esta,
Porquê?

Por pudor
Ou desprimor?

Numa época,


Em que as duas palavras
Estão banidas,
Esquecidas,
Perdidas,

Por desamor?

Ou o significado
È o mesmo?

Não é!...

A outra é insosso
E não diz nada!

Maria Luísa

quarta-feira, 9 de julho de 2008

SÃO PAULO - BRASIL


Cidade agressiva, visualmente, onde o antigo se mistura com o moderno,
o feio com o belo...
Recantos interessantes,
como o Parque de Ibirapuera, algumas avenidas do Bairro de Morumbi, Teatro Municipal
e Avenida Paulista - onde se simboliza o Coração e Pulmão no Parque Trianom - da Grande Cidade.

Mas a maioria da Cidade tem prédios feios, grafitados, fios eléctricos pendurados em postes,
calçadas descoordenadas e por vezes, esburacadas.

"A Cidade que nunca pára" - é o lema desta Metrópole.

As pessoas andam com rapidez, muitas lojas e serviços abertos, por 24 horas. Não pára!
Não sabe parar...Não aprendeu a parar, a reflectir, a descansar...
...Não aprendeu, ou não lhe ensinaram!

Cidade cosmopolita, com habitantes oriundos de quase todos os Países do Mundo.
As culturas antagónicas, convivem em Paz! Parece irreal - mas não é!
Judeus, Árabes, Orientais, Índios, Europeus e Sul Americanos.

Todas as Religiões, são aceites e toleradas. Tão diferente, de outras partes do Mundo!Onde as diferenças de Religião - significam, morticínio e guerra!

Festividades diversas, ocorrem ao longo do Ano.
Centro Cultural e Financeiro do Brasil; exposições de Arte, Teatro, Musicais, Concertos.

Gastronomia variada, com restaurantes tailandeses, portugueses, mas em especial, italianos e japoneses.
Um "melting pot"; alguns bairros são como aldeias na "Metrópole"; casas baixas, vizinhos que se conhecem, lojas pequenas de bairro e pessoas que nunca saíram do bairro. Coisa estranha, para nós, mas eles não sentem - que não saír do bairro - é estranho! Eles não sentem! São diferentes!

Na periferia, bairros pobres, recriam a vida de outros Estados;
os migrantes nordestinos, vivendo como no sertão do Pernambuco.

Bairros sofisticados como "Vila Nova da Conceição" , com lojas de grifes e Prédios de Luxo.

Enfim, uma Cidade igual a uma "Mulher Feia", mas "Interessante"!

Ao primeiro olhar, causa surpresa, porém, num outro olhar,
"Conquista" - pela sua Diversidade...

Esta é, SÃO PAULO - " a Cidade que nunca pára " e conquista o coração, dos que passam e vivem,

com Ela e por Ela!...

Maria Luísa e Helena Gasser


!

sábado, 5 de julho de 2008

CUMPLICIDADE


Insisto nos Direitos de cada um,
Insisto nos Direitos das multidões
Que sofrem…
E suplicam uma terra,
Onde se possam acolher…

Insisto no abrir dos sentimentos
Mais puros
Dentro de nós…

E peço, no tempo que resta,
A ajuda que nos falta...

E possam as palavras traduzir,
O seu significado real…
…quando se dizem.

E deixemos de sentir,
A falta da alegria
Existente no mundo,

E a cumplicidade
Da nossa ignorância!



Maria Luísa

sexta-feira, 4 de julho de 2008

INGRID BETANCOURT


Recebi um e-mail formatado por : um_peregrino@hotmail.com, em 12 Abril de 2008

Reenviei, mas não posso deixar de dizer e de chamar a atenção, para o drama desta Mulher.
Todo o mundo clama, as orações repetem-se, as velas acendem-se, as pessoas recolhem-se
Ao silêncio e à meditação e pedem a Deus, a sua Libertação e a de todos, nas mesmas circunstâncias.

Tempo de” Inimigos sem Rosto” e da dificuldade de os combater, talvez seja a época em que a
Crueldade tem sido mostrada em todo o seu terror.

INGRID BETANCOURT sobrevive há seis anos numa prisão na selva, como refém da FARC.

Ajude-me a suportar
O que não posso compreender.
Ajude-me a mudar
O que não posso suportar.

São Francisco de Assis


O Princípio ético supremo é
A reverência pela Vida.

Ruben Alves


“Quem disser que a natureza
É indiferente às dores
E preocupações dos homens,
Não sabe de homens
Nem de Natureza.”

José Saramago

Obrigada a todos os Amigos que pararam para ler e pensar, no significado da “LIBERDADE” e na
Defesa da” DIGNIDADE HUMANA”.

Ingrid Betancourt foi libertada a 2 Julho/o8 - juntamente com outros 14 reféns, entre eles o luso-descendente Marc Gonçalves. "Jornal METRO - Portugal".


Senhor,
Vos agradeço este Milagre
Em nome de todos os Humanistas, como eu!

Maria Luísa

quinta-feira, 19 de junho de 2008

CHOVE LÁ FORA - NÃO É NATAL!

abjeccionista disse a "CHOVE LÁ FORA - NÃO É NATAL!"


Homenagem ao Humanismo
do comentário.

Maria Luísa


Como podem ignorar tão belo poema,
onde se exalta a humanidade das palavras,
ante a rudeza da vida sem abrigo
e a humilde solidão de quem do abrigo,
em deleite de si,
colhe sementes de ilusão,
que persiste em lançar ao vento
na esperança dos frutos
que glorifiquem a sua realidade.

As minhas saudações.

abjeccionista

quinta-feira, 12 de junho de 2008

JOGO DE PALAVRAS E FIGURAS


Embalei as Palavras na minha mão
E joguei
Um último jogo,
Feito de tudo quanto sei
E tudo quanto sou!

Alinhei as Palavras na mesa,
Vestida de Cerimónia
E Elas correram céleres
Para a Grande Vitória.
Fiz o jogo que sei jogar!

Juntei às Palavras
As Figuras do meu jogo
E elas responderam com ansiedade,
Ao meu desejo,
Juntaram-se … Dominaram!

Deixei esta ânsia de dizer,
Neste sentir de Outono a fenecer.

Tudo vai ser esquecido,
Como se da Noite
Se apagassem as últimas Luzes,
Feitas das lantejoulas
Do Firmamento a escutar!

Jogo, sem ter o desencanto
De quem perde…
É uma benesse a recordar,
É uma mistura de palavras e figuras
E acompanha o Espaço Sideral,
Num conjunto de doação Total!

Jogo com as palavras e as figuras
Num jogo Ancestral…

Por Ti e por mim
Meu Amor,
Este Jogo Fatal
Irreal,
De quem procura e não encontra,
A parte FINAL!

Maria Luísa Adães

domingo, 8 de junho de 2008

CHOVE LÁ FORA - NÃO É NATAL!


É uma tarde melancólica – chove lá fora – e os sem abrigo, os doloridos, tapam-se com cartões e talvez chorem…Quem se lembra deles? Não é NATAL!

Em casa a música toca; enche os recantos, os lugares vazios, os espaços escondidos, as gavetas fechadas, com os meus segredos.
Apazigua a melancolia do entardecer e eu, não necessito de trapos velhos e cartões de embalagens, para me aquecer!
Não sou “um sem abrigo”… Não sou um deserdado … Não sou! Mas podia ser … Isso eu sei! Aconteceu assim…Para meu deleite! Mas sinto-me culpada!

Escrevo, mas as Palavras fogem amedrontadas, escondem-se, Senhoras “delas próprias”; não pertencem a este mundo, nem a mim mesma.

Tempo de Espera! Tempo de Amor e de Loucura no percorrer de lugares sem ruas e vielas sórdidas, retorcidas.
Possas tu que me lês, ou passas indiferentes e Eu, entender a Alegria da nossa forma de viver!

A Vida é estranha e a minha existência paira – dividida – entre o Esplendor e a Miséria.

O Outono aproxima-se ou já entrou? Talvez seja meu – o meu Outono!
Caminha, como se fosse Gente! Entra despercebido e não deixa espaço para ser preenchido por estranhos que pretendam entrar na minha Porta.

Espero o teu regresso, na Hora certa de toda a tarde quente e aveludada deste País.
Escrevo, na esperança de ser entendida; a escrita tem um lugar especial, no meu sentir!
Precisa de guarida, de entrar em muitas casas e ainda, nos lugares sem ruas, sem abrigos e sem brilho …

Aceito! Espero o Meu Amigo “Da cor do Mel e do Leite” que também se chama
“Terra Prometida” – não foi lida – neste mundo Virtual, onde me encontro e escrevo em Liberdade e comento, como” Poeta esquecido” o viver daqueles…
“Sem Vida”!

Maria Luísa

TÉRMINO DO AMOR?


O Amor não tem término
…Aparece não se sabe como
Não se sabe de onde vem,
Não se sabe se nos vai deixar,
Se vai ficar …

…Aparece como um ser instável
Altivo, de palavras subtis e amáveis,
Não se sabe se vai ficar
Ou se vai partir
Para outro Lugar…
Não se sabe! …

Não podes acreditar?
Ou não queres acreditar?

Tu que me lês e me procuras
Tu que escreves
Tu que falas de Amor
Tu que choras pelo Amor
Tu que te prendes ao Amor
Tu que não podes viver
… Sem Amor

Que dizes? Que dizes?...
A estas PALAVRAS?

Sabes responder a este dizer?
Ou amedronta-te dizer?

Eu apenas digo …
Ele causa estragos
E muda,

O TEU VIVER!

DIREITOS HUMANOS


Talvez as minhas estradas sejam outras,
Estradas sem acidentes maléficos
Que levam a vida humana.

Estavas sentado à tua porta,
Tinhas terminado a tua tarefa,
Desbravando a terra
Que te alimentava.

Estavas, talvez, sonhando,
Sem saber o que é sonhar
E de repente, surge da noite quente
E do ar tépido
O monstro do fanatismo e da guerra.

E num segundo do teu tempo,
Roubou-te a Família e a terra
E fugiste … nada podias fazer.
Ao Longe uma estrada deserta acenou
E caminhaste ao seu encontro.

ESTRADAS

A poeira sucumbe o caminhante,
Ele não sabe onde o leva a estrada,
Ele não sabe …
Mas não conhece outro lugar,
Perdeu tudo quanto amava,
Aldeia
Família
Amigos

Nada lhe resta … apenas a estrada,
Feita de poeira
E talvez o leve ao Nada.

Sabem como ele caminha?
Como pode caminhar alguém que tudo perdeu?

A aldeia onde vivia desapareceu,
Levada pela ira brutal de outros homens
E ele não morreu … na avalanche do ódio,
Do único mundo que conheceu …
Não sabe dos confrontos do mundo,
Ele não sabe …
Apenas sabe que não tem nada,

Nem outra estrada,
Nem Família
Nem Amigos.

Isso sabe …


Está só no desconhecido
E foge do pouco que conheceu,
Talvez se salve
Talvez morra …

Não encontra nada
Que lhe dê guarida …

Ele apenas conhece a morte
E aquela estrada, infindável.
Afasta-se do seu pobre sonho,
Enterrado algures,
Pelos outros homens.

Eu nada posso fazer,
Só dizer à minha maneira
Que ele não vai ler …
Nem vai ouvir …

Apenas caminhar,
Com a dor muito grande,
Dos que nada são,
Dos que nada têm.

Mas o mundo de que foge,
Também é dele …

Sim, teu …

Caminhante exausto e dolorido,
Numa jornada sem fim.

ISRAEL


Neste momento sei que no meu sonho voei um pouco longe e vejo uma cidade intacta – diferente de todas as cidades – banhada por um lago, ou talvez um mar…de cor azul igual ao infinito – sem nuvens – limpo e belo.
Rodeada do sol abrasivo do deserto e de crepúsculos vermelhos. Incontestada! Guerras constantes – muito ao longe – nunca sanadas – mercê das DIFERENÇAS RELIGIOSAS e dos INTERESSES DOS GRANDES MAGNATES.

Sempre o poder a obscurecer a limpidez do amanhecer!

Gota a gota se vai amortecendo a sede da terra; gota a gota se conserva essa mesma terra – UM DIA PROMETIDA – a todos quantos a habitam.
Dividida por crenças religiosas, vai sendo reconstruída e destruída numa espécie de filme repetido.
Fala-se nos GRANDES PALÁCIOS da PAZ necessária, mas nos bastidores a morte espreita as suas presas e leva-as de FORMA SÉRIA.

Mas TU, venceste o deserto e os pântanos e os transformaste em campos verdes e terra fértil…quantos cuidados!...A guerra alastra e divide-se como um grão de areia em milhões de pedaços. E a PAZ tão necessária, perde-se neste deserto banhado por quatro mares…Tão cobiçado!

Mesmo numa outra dimensão não posso descer!

Parto e levo comigo a tua Lembrança que me acalenta e seca as minhas próprias lágrimas!...

Estou contigo e conheço o teu despertar!

sábado, 7 de junho de 2008

CÂNTICO DOS OCEANOS


Recebo o Cântico dos Oceanos
A Luz de mil sóis,
A simbiose das cores,
E preparo-me para subir
Aos píncaros da Montanha.

Estou no Alto,
No Topo do Mundo Ilusório,
Olho o Cosmos…
E com os olhos do Espírito,
Vislumbro a claridade
Do Ilimitado!
Espaços Siderais
Ainda não percorridos…

Escuto a melodia da Natureza
Feita dos sons mais diversos,
Acompanho os decibéis Seculares
E rejubilo com o encontro,
Preparado há Milénios.

E olho …
À minha frente está o Infinito,
Feito do tempo Passado
Presente e Futuro,

Brilha de uma forma…
…Que me pertence!

E sinto que tudo isso,

“Faz parte da minha própria Caminhada”.

Maria Luísa

terça-feira, 3 de junho de 2008

AMOR - SÍMBOLO


Hoje idealizei o amor – o amor que não esquece e aquece tudo à sua volta;

Hoje eu esperei que viesses ao meu encontro e me falasses da tua nova descoberta,
Do teu novo mundo e da influência desse mundo, no teu e no meu sentir;

Hoje voltei-me toda – de corpo e alma – para a necessidade urgente do amor que nos acompanha para além, das inúmeras fronteiras de todos os mundos;

Hoje calei a voz do Oceano agreste e áspero e apenas ouvi o murmúrio das ondas a bater, nas areias douradas da nossa praia;

Hoje escrevi com antecipação, os acontecimentos narrados por alguém que sente tudo ter perdido – e não perdeu!

Peguei naquele sentir e introduzi junto ao meu, ao calor da minha insensatez e da minha lealdade…

Hoje, idealizei tudo revestido de amor e a própria Natureza se apaziguou, na sua ira de destruição;

Hoje te entreguei este sentir, tão mal entendido e por vezes repudiado;
Hoje voltei com a sensação de não ter partido e ouvi, ao longe, o soar dos sinos, na última Homenagem a Alguém que partiu…

Hoje pedi o entendimento do que escrevo, misturado de vários sentimentos e sons de outros tempos;

Hoje estive contigo e nunca me afastei – pois tu ouves o meu Silêncio e sentes o calor profundo, do que digo – e quantos entendem e sentem esse calor? E confundem o que Não Digo? Quantos, quantos, Meu Amor?

Hoje te dei tudo … E nada pedi, em troca desse tudo …E podia ter pedido!

Hoje tornei a ganhar, este amor que nos tem unido e espero contigo o teu despertar para sentir, uma vez mais, o teu Calor e o teu Olhar.

Maria Luísa

quinta-feira, 22 de maio de 2008

TRANSFORMAR O MUNDO!


Podemos transformar o mundo
Podemos transformar a forma,

E todos se admiram
E todos ficam estupefactos
E todos se vão interrogar!

E eu digo:

Ao impulso damos o Espírito
Ao movimento damos a Alma.

A Natureza fala
E pede clemência ao Homem …

E escutando essa forma suave de pedir …
Aprendemos a acreditar,

… Num Mundo melhor!

Maria Luísa

sexta-feira, 16 de maio de 2008

MAGIA




Sou mágica, num mundo em que não faço desaparecer o Mal
E o Bem não aparece, mercê dessa Magia.
Tudo quanto é visível, continua visível
E a minha magia não transforma o mundo
Em que vivo.
Transformar … é um passe de mágica que os próprios mágicos,
São incapazes de realizar.
Transformar o mal, modificar tudo para o bem do homem?
Magia sem mistérios e sem ilusões? Apenas a magia dos corações?
E isso é possível?... Mudar o mundo?
E para maior alegria fazer voar as flores,
Respirar o seu aroma cândido e dolente;
Fazer voar os animais, as fadas, os duendes
E dar-lhes um mundo quente de ternura …

Fazer voar as mentes absortas
Em pensamentos sombrios
E dar-lhes vivacidade sem sombras
E apenas dar a Luz mágica do dia,
As estrelas brilhantes da noite
E fazer voar o mal,
Para um poço bem fundo
Ou sem fundo…
Fazê-lo desaparecer e dar lugar
Ao Bem e às flores de perfume encantado,
Ainda não nascidas neste mundo?

Isto sim! É – Magia!

sábado, 10 de maio de 2008

CÂNTICO DE AMOR


Cantam à minha volta e o som do canto, envolve-me e lança a minha sensibilidade para o Infinito. Deixo de ser Eu e vem a outra; a que escreve melhor, a que diz coisas diferentes, a mais difícil de entender…mas Ela é melhor do que eu sou!
Vamos ouvi-la; Ela vem de outro lugar e traz outro cântico de amor…Vamos ficar com Ela e comigo, também. E para ser mais fácil, tornamo-nos Uma…apenas uma, ou escrevemos um diálogo de amor – as duas!
Continua o cântico a envolver o lugar e enquanto espero o Seu regresso – o regresso daquela personagem etérea que diz coisas tão belas…começo a sonhar!

No meu sonho há quatro personagens:

Três delas estão juntas, vestidas de negro, de cara escondida:
A outra, distancia-se das três primeiras, vestida de cores claras e tem a face sorridente.
Olha-me de frente e eu distingo os seus olhos verdes…
Quatro personagens – três delas juntas…a outra separada; sentadas numa mesa ampla e comprida – e não são fictícias – eu conheço-as! Mas fazem parte de um sonho!
Eu digo:
- Não quero acreditar – mas continuo a vê-las e sei que são verdadeiras, como o tudo e o nada no meu sentir! Espero a minha Amiga, mas alguém me veio visitar, antes Dela.
E o meu cântico de amor?
E o nosso diálogo?
E o teu dizer tão rico e nobre?
E a nossa cumplicidade?

Tudo perdido por um sonho…Não soube esperar por Ti! Adormeci e sonhei; um sonho sem encanto.
E descobri que três delas iam morrer…e a outra tinha descido para as receber e as levar, para um outro lugar.

E Aquela que eu esperava? Deixou que adormecesse…para saber, o que ia acontecer.

E assim terminou o meu cântico de Amor.

Perdoem a desilusão!

sexta-feira, 9 de maio de 2008

NÃO SEI...




As mais lindas palavras de Amor
São ditas no silêncio de um olhar




Não sei o que sou
Não sei quem sou
Não sei onde estou
…E para onde vou
Não Sei! Confesso!

Queres-me mesmo assim?
Amamo-nos como sempre?
Não repudias este não saber
De nada … Nem de ti?
E o amanhã?

Sorri …
Para que o mundo seja mais gentil
Por ti e por mim …

Aceitas esta forma subtil e árdua
De Amar,
Própria de mim?
Tão a meu jeito?

Aceitas?

Então … És meu!

Meu Amigo, meu marido, meu Amante!


Não te quero longe …

Nunca!

quarta-feira, 7 de maio de 2008

CONVERSA COM UM PINTOR


Não sei se sou humilde – confundo, um pouco, o sentido dessa palavra...
Um dia, um Pintor amigo, disse-me: - procure ser humilde, nas dificuldades surgidas quando pretende fazer, a mistura das cores.
Na realidade, eu sentia essa sensação difícil, para mim, ao tentar misturar as diversas cores.
Mas a palavra Humildade – deixou-me perplexa…E respondi:
- Eu sou humilde! Não sei a que se refere…
Sei que nada sou,
Entendo as dificuldades, só minhas,
Aceito as facilidades dos outros,
E lamento, não ser mais diligente,
Na mistura das cores,
Sou humilde no viver, no dizer.

Diga-me como devo Ser!
E se for possível, EU SOU!

Mas defina a minha falta de humildade…
Não define?
Então, eu vou aprender a pintar!

Levei as tintas (das mais caras em preço), os pincéis, a tela e a minha vontade.
Em determinada altura o Pintor disse-me (vendo a falta de habilidade) – tem de ser humilde! - Eu olhei estupefacta para ele e respondi:
Eu sou humilde!
E ele continuou a insistir na necessidade desse sentimento, para aprender uma arte (que admiro) …mas não me pertence…não é minha.
E aí eu pensei – vou desistir, não tenho o dom de saber pintar. Reconheço a minha falta de talento. E nessa aceitação – eu sou humilde!
Calei-me naquela sala, cheia de gente, desejosos de aprender.
E eu com raiva a misturar as cores e a sujar tudo à minha volta – incluindo, eu própria.
Não sei pintar! Desisto e é tudo! Não tem nada com humildade!
É esta a conclusão a que cheguei!
Adeus pintura! Tanto gosto de ti!
Mas não sei pintar!
Escrevo, não sei bem como…mas gosto de escrever!
E esta foi a minha última conversa com o Pintor!

GEORGE ORWELL


“1984”, George Orwell
Descreve o mais totalitário
Dos regimes,
“Em que o próprio pensamento
Pode ser crime”.
“Clara Barata” – colecção Mil Folhas 1984. Público 6 Nov. 2002
Jornal Cultura


Escrevi alguns livros – escrevi e continuo a escrever e não posso deixar de citar 1984 como um alerta, à nossa Liberdade!

Só eu conto no contexto em que escrevo e sou verdadeira, na forma de escrever.
Assim, Eu Sou!
Estes são os meus Diários, depois de escrever as Nove Cartas.
Num Diário tudo pode aparecer, depende da forma de viver e dos acontecimentos a chamarem a minha atenção.

Tornei a ler 1984 – parece lendário e impossível de acontecer e Ele próprio na sua ficção, conta a desilusão, das teorias lançadas ao mundo pelo próprio mundo.
Foi inesperado tornar a ler este livro e falar dele, neste diário. Espero não contundir, nem encontrar objecção.
Mr. Orwell – é esta a minha época, cheia de contradições.

Mas temos liberdade! Nada foi como previu!
Sinto-me feliz, por isso…e continuo a escrever, num confessar de todos os dias.


Maria Luísa

terça-feira, 6 de maio de 2008

MEU AMIGO


O tempo deixou de ser medido; não sei contar as horas, os minutos, os segundos e por essa razão, mandei parar todos os relógios da Terra!
E Eles obedeceram a este estado confuso!
Os relógios do Mundo pararam – a meu pedido! E gerou-se uma terrível convulsão…

Neste instante escolhido, peço a tua amizade, para me ser possível entender a razão, deste estado caótico, criado por mim. Olha e vê … os relógios parados … e o mundo submerso onde o tempo deixou de contar.

Acorda a minha Alma; dá-me a luminosidade mágica das estrelas; enriquece o meu caminho de luz amarela e branca, numa mistura de amor e faz-me esquecer os reflexos da ilusão transitória. Te ofereço a minha Prosa Poética para que me digas quem Eu Sou e eu possa acordar e mandar ligar os relógios parados – por minha culpa e o mundo entre no seu pulsar, como pulsa o meu coração.

Hoje eu posso ler o “Livro Sagrado dos Poetas”; escolho o meu caminho; entro por entre as sombras e a luz ilumina a obscuridade do meu sentir...

Lanço o meu abraço no Espaço e olho…lentamente o amanhecer e conto as horas, os minutos, os segundos. Abro o coração e na sua tranquilidade ele entra no Templo para meditar…e não para pedir!...

E sou outra, diferente da primeira…nascida neste instante!
Saúdo quantos encontro; feliz por o tempo estar a contar as horas, os minutos, os segundos e tudo ter sido um pesadelo, criado por mim.

ÈS TUDO! Eu nada sou!...Ou sou, um pouco mais, CONTIGO!...
.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

EUGÉNIO DE ANDRADE


Meto as mãos nas algibeiras
E não encontro nada,
Antigamente tínhamos tanto
Para dar um ao outro …

Eugénio de Andrade


POEMA




É urgente o amor
É urgente um barco no mar,

É urgente destruir certas palavras
Ódio, solidão e crueldade,
Alguns lamentos,
Muitas espadas.

É urgente inventar alegria
Multiplicar os beijos, as searas
É urgente descobrir rosas e rios
E manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
Impura até doer.
É urgente o amor,
É urgente permanecer.

Do poeta,
Eugénio de Andrade

domingo, 20 de abril de 2008

SEREIA


Há Algum tempo contaram-me uma história, cheia de alegria e de paz. Todos vão gostar de ler e analisar. Supera o mundo, os divertimentos desse mesmo mundo, as tristezas, os rancores e a falta de piedade … Dá-nos encanto e Poesia e eu, vou tentar contar de forma simples, essa história tão diferente, do que costumo dizer. Talvez não seja, tão fora do vulgar, mas eu vou dizer e todos vós, vão julgar! Mas sejam benevolentes e eu fico contente!

Era uma vez …
Uma Sereia cintilante, no seu manto de lantejoulas, brilhando ao Sol e à luz do luar.
Tinha aprontado o seu casamento e preparava com algas verdes, uns outros tons de verde, na gruta onde morava.
Nadava a toda a hora, alegre e contente; saltava por entre as algas verdes e os tesouros do mar. Sempre, sempre, sem parar … E entoava aquele cântico de feitiço e adormecia o mar e os peixes que ali viviam …

Mas um dia, levada por outras águas, sem se aperceber do malefício, perdeu a noção do caminho de regresso à sua gruta, à maré que lhe pertencia … e perdeu-se …
Pobre Sereia! E o seu casamento?
A sua boda, os seus amigos, o seu banquete, o seu noivo e a felicidade sonhada?

E chora todos os dias, à procura do seu sonho de encantar.
Tal como os humanos, desconhecidos por ela, desenvolve sentimentos de Esperança..,.

E encontra o caminho de regresso ao Lar!
Bendita Esperança!
Símbolo da Alegria! … E canta, o seu canto de feitiço, a envolver o seu fato cintilante e o seu corpo dançante, nas ondas do seu Mar.

E tudo vai sarar …
O mar acalma,
Deixa de soluçar
E torna-se outro mar.

Aquieta as suas águas … Espelha à luz do Sol a sua cor – azul, verde, cinza, copiando o Infinito. Olha! Sabe! Encontra a pequena Sereia, da qual se lembra e recorda, sem sombra de dúvida …

ELA VAI CASAR!

Há sempre uma história a contar.

SOLIDÃO DO POETA




Um poeta escreve a sua prosa
Escreve e põe nesse escrever
A sua alma, feita da sua verdade
Ele diz e expressa sentimentos em palavras…
Ele torna possível que este e o outro
Se defina e sinta…

Entende o amigo
Esclarece o desconhecido
… Como só ele sabe fazer.
Mas não tem Pátria
Não pertence a qualquer lugar do mundo
Distanciou-se, mercê desse Dom…

Pertence aos que dispersos imploram
A entrada no Templo Sagrado.
Diz coisas que encantam as gerações
… Mas não encontra a sua própria felicidade
Isolou-se do mundo
E de si próprio
PERTENCE AO UNIVERSO!

Transpôs o Limiar de uma porta fechada
… Assim em solidão
E não de outra forma.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

QUIETUDE


“ E o discípulo entrou no Santuário do seu Coração”.


Nele havia um Altar, sobre o qual ardiam duas luzes.

Ele compreendeu que essas eram as luzes da sua própria Vida. Eram ele mesmo.
A chama de luz que lhe estava mais próxima era de muitas cores vibrando na riqueza do seu colorido e emanando ligeiro fumo. Ele reconheceu os seus pensamentos e emoções e ainda, os seus sofrimentos, pelo próprio ritmo familiar das suas Vibrações.


A segunda chama estava mais longe, incolor, mas os seus raios penetravam tudo, até as cores mutáveis da primeira luz.
Imóvel na sua antiga pureza, brilhava tranquilamente, respirando uma paz tão grande como a própria Eternidade.

Então o Mestre vestido de branco aparece:

Apanha as luzes com as suas mãos e troca os seus lugares dizendo: a partir deste instante olhas a vida inconstante através da luz da Eternidade em vez de, como estás fazendo até agora, olhá-la através da luz efémera que torna tudo mais difícil.

Quem és tu? Quem és tu? Quem és tu?

E a esta pergunta meditativa tens de responder mergulhando na vida passada, na ignorância de tantos anos e na ilusão dessa mesma vida. E sentir que aquela para quem olhavas e tudo quanto vias não te pertencia. Tudo quanto viveste não se assemelhava contigo. Eras, apenas a espectadora da tua própria vivência e não aquela que representava.

Olha com indiferença esses tempos passados, reconhece a ilusão de tudo quanto viste e de tudo quanto foste – pois nada é teu. E és outra – a verdadeira, a Real...
A quem procuras? Aquela que procuras não está aqui. Partiu e não volta mais; não chores por ela!

Os lugares percorridos do passado ficam para trás; não há retorno, mas sim uma continuação.
Pensa na liberdade adquirida…de forma sofrida … e caminha ao encontro da VIDA.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

INICÍO DE O DIÁRIO


Depois de ter escrito AS 9 CARTAS. Inicio o Diário, aliás já o fiz, com o texto dedicado
A INGRID BETANCOURT. Agradeço o interesse por este assunto que nos fala dos “Inimigos sem Rosto” a que faço referência no Preâmbulo.

No Diário aparecem vários acontecimentos, escritos em Prosa e outros em Verso.
É feito de verdades, algumas abstractas e não é um” Livro Comercial”, disso eu tenho consciência e esse facto, não vai ajudar no agrado dos visitantes.
Mas o Escritor está preparado para a indiferença do Público! A Net vai dar a oportunidade da tentativa de o lançar no mundo, antes de ser Editado.
De qualquer forma, agradeço a presença dos Leitores que o começaram a acompanhar.
Com comentários ou sem eles – O Livro vai continuar!
Obrigada pela atenção.

Maria Luísa O. Maldonado Adães

sábado, 12 de abril de 2008

NONA CARTA


Vem, noite silenciosa e extática,
Vem envolver na noite, manto branco,
O meu coração …

Fernando Pessoa (Álvaro de Campos)


Assumo a minha responsabilidade de Poetisa, num mundo em que a Poesia morreu!
E assim, começo a minha última carta, com a saudade prematura, de não as tornar a escrever…

Não posso esquecer as dificuldades de um caminho…solitário, onde as saídas se entrecruzam e os inimigos não deixam, o artista, representar o seu papel.
Mundo de insensatez e de maldade; amigos não existem e está provado, através dos tempos e dos exemplos…Que o Poeta, é uma pessoa infeliz! Mas procuro estar acima do vulgo que pretende devorar.
Não peço nada! Nada tenho a pedir!

A música continua a tocar e a falar da pessoa generosa que dá ao indiferente! Dá com ternura e nada vai receber…mas dar, é a sua continuidade…na forma de estar e de sentir…. E espera o lugar onde vai descansar! E aí, nada a pode magoar!

Os inimigos desaparecem devorados pela sua própria iniquidade.
E ela analisa o sentimento e espera…E pede…A Consciência do Mundo!

Assim, termino as minhas Cartas!

quarta-feira, 9 de abril de 2008

OITAVA CARTA


Meu Amigo

A nossa festa acabou, mas deixa-me dizer-te, uma vez mais: trazias pedaços de luar nos Teus cabelos dourados e o Teu corpo, macio e brando entregava-se com quebranto e langor … Mas não parecias Tu …
Com essa forma subtil de amar!

Tudo terminou em cânticos de luz e de louvor!

Recordo o banquete, preparado por mim … aquele sabor ao néctar puro das abelhas – sem misturas –
Apenas os favos amarelos – alvéolos trabalhados com fervor – e os vinhos nos seus tons dourados e rosa, as flores perfumadas, ao longo do caminho … Tudo tão simples ao longo desta vida, nunca antes contada.

Mas a simplicidade, não é o meu atributo maior … Nada pode mudar neste meu Eu invulgar e vou continuar como sou – eu sei!

Perguntas se sou adepta do Paganismo?
Não sou!
Sou crente em DEUS … Sem esquecer o Filho!

Sentes como sou? Entendes-me? Acreditas em mim? Tornamos tudo mais fácil, na forma Poética de dizer.

Quando for possível – arranjo outra festa e convido mais gente.
E despida de modas e trajes complicados … Vou como em passerelle mostrar como sou e o meu costureiro mostra o meu corpo despido de fantasias e faço disso – o meu modelo – como escrevo os meus versos ou a minha prosa. É uma representação abstracta … Como um quadro pintado que só os críticos sentem, saber definir.

Jogo xadrez – agrada-me essa espécie de jogo – apreciada por tão poucos –, mas sinto-me bem no meu mundo, escrevendo com amor – gosto, por vezes, das coisas, lugares e pessoas de quem os outros não gostam. Escrevo para Todos e ainda mais, para aqueles que não querem ou não podem, entender – mas não o confessam!

Olho as figuras para a próxima jogada e lembro o meu Livro “Os 7 Degraus”, onde me foi mostrado o verdadeiro caminho e me deram a Luz quando as trevas desceram e me taparam, como se fosse NADA.
E fiquei sem ver … apenas cintilavam as figuras e eu apercebia-me que Elas ensinavam a vencer,a ganhar o Primeiro Lugar – ou quem sabe? O Último Lugar …

O teor desta Carta fala de tantas coisas, contadas por mim e por Ti. As Tuas, são as mais belas …
Intimistas e abstractas – quem dá por Elas? Os que passam e não lêem? E ainda, aqueles QUE NÃO PASSAM … Esses são os mais fáceis. Nada têm a dizer …

Admiro-Te com ternura, pela Tua solidão – Só Tua … E me deixares compartilhar o Teu estar.

Não estou mais só … Tenho-Te e escrevo por Ti … Apenas por Ti!

terça-feira, 8 de abril de 2008

SÉTIMA CARTA


Ontem rumei à nossa Serra – subi aquele carreiro com degraus – estreitos e íngremes, cobertos de musgo a escorregar…ali estava a minha gruta; uma vela acesa e no ar o magnetismo e o mistério secular – como se orações e pensamentos retidos no tempo, ali me esperassem, para me ajudar e me falar.
Sentei-me junto ao Altar, na esperança, sempre crescente, de Te encontrar e escrever esta carta, Contigo – meu Amigo…meu Amigo… das horas calmas e mansas e das noites com luar.

Vou dar uma Festa! Resplandecente e quente! Repleta de magia e sensualidade!
Preparo o banquete – e És meu Convidado!
Esquecemos as críticas e os críticos, os que lêem e os que fingem ler…E é outra…
Diferente da primeira…parecida com a última...

Lança ao mundo, os meus livros,
Como símbolos e despidos de qualquer vaidade – somos livres de pintar os muros à nossa volta – e as flores surgem de mil cores, rodeadas do verde, não agredido, da nossa Serra e a nossa nudez é real e pura, misturada da nossa alegria.

Canto uma canção de amor!
É uma canção pagã!
E eles não entendem, este riso, esta alegria!

Podem esquecer, isto que digo!
Mas digo a verdade e agrido a mentira!

Tudo quanto escrevo veio comigo quando aceitei a Vida!
Reconheço as dificuldades em descobrir o lado certo…mas sou Poeta – como sabes – e não vou deixar de o ser, para agradar. E a festa quente e pura já começou…Quando chegaste!

Eis a nossa missão a ser cumprida e a felicidade acompanha as nossas danças no lugar Sagrado e embala-nos neste sonho e torna tudo realidade.


ENTÃO ISTO É REAL!

Com ternura.

sábado, 5 de abril de 2008

QUINTA CARTA


Ontem não adormeci! Acontece muitas vezes não adormecer e sentir frio e envolver-me numa página gigante com vários poemas ou prosa e essa página vai banir o frio e mostra-me o abandono do que escrevo.

Sabes qual a sensação desse abandono? Aquele apertar do coração quando eles saem de mim, quais criaturas vivas a reclamar a sua entrada no mundo e o sentimento de ofensa e ultraje, deste tempo, sem remorsos.

Nesta forma de escrever, fujo à contagem das rimas, das palavras alinhadas a condizer com as anteriores. Nada disso, meus amigos! As minhas palavras são livres e espontâneas, formam figuras inquietas, num cenário natural.

A forma pomposa de dizer, transforma-se num acontecimento de alegria e felicidade por me pertencerem e nada, mas pode tirar. Apenas Deus com toda a sua Grandeza, mas pode levar. Sou crente! Aí está uma faceta, importante, da qual me esqueci de falar.
Alguém pergunta: - não é clássica? Não procura rimar com cuidado?
E para vos falar com sinceridade – eu não respondo…
Perguntas simpáticas, de quem não entende… O mundo é assim, como eu digo, ou um pouco diferente – eu não sei tudo –, mas ninguém sabe…daí a minha aceitação!
Mas o mundo é mau, no apontar dos defeitos, - mas não importa – é saudável falar – dizer alguma coisa, sem magoar – não falar, é por vezes, trágico!

- Deixa-me acreditar que tudo isto é verdade;
- Deixa-me ouvir as censuras inesperadas; - e não temer;
- Deixa-me pensar que tudo vai acontecer, como eu, espero;
- Deixa-me brindar a tudo quanto os outros desconhecem;
-Deixa-me ficar com estes pensamentos e não vacilar;
- Deixa-me jogar este jogo de palavras e GANHAR;
- Deixa-me voar e regressar sem sofrer;
- Deixa-me esquecer a maldade disfarçada de várias cores, na ânsia de não ser
reconhecida;
- Deixa-me esquecer a insensatez … na qual acreditei;
- Deixa-me ter a coragem de não recordar…os que por medo me esquecem;
- Deixa-me ficar em paz escutando o que dizem e esconder…o meu dizer;
- Deixa-me ser como gosto…repudiar algemas e entender o reverso da medalha;
- Deixa-me continuar o caminho…escolhido por Ti e aceite por MIM;
- Deixa-me confiar nos sonhos, como os entendo e ser submissa e humilde;
- Deixa-me envolver o meu corpo no teu, a tua mão fresca na minha…e sorrir;
- Deixa-me entregar todo o meu ser e gritar – bem alto, à Liberdade;
- Deixa-me viver este amor louco e profundo…e mostrar ao mundo este amor ;
- Deixa-me ser espontânea…sem medos…do entardecer, da própria vida e do
final, dessa mesma vida.

Recuso o acabar desta carta! Quero ficar dentro dela e viver num recanto com ela!

quarta-feira, 2 de abril de 2008

QUARTA CARTA


Nestas cartas tento desnudar o coração e dar a minha verdade, a todos quantos me lerem.
Continuo na aventura de escrever e dizer como um triunfo da minha alma, ou um desespero que tudo me pertence e tudo quanto digo – é meu!
As críticas e as suas interferências não matam o meu espírito, não me tiram a vontade de cantar e dançar.
- Percebes pequena criatura?
Todo o meu corpo gesticulado e as minhas mãos que falam, te dizem quem eu sou!
Interessa-me escrever e não obedecer às tuas ordens, maldosas e supérfluas. É tudo.
Assunto acabado! Sem ressentimentos!
Vou continuar à minha maneira e não, à tua!
E tu se me leres…Tu se me leres? Pergunto eu…mas isto traduz falta de firmeza no que se escreve! Mas eu, sinto-me firme na única coisa que gosto de fazer – Escrever –!
E dentro dessa firmeza eu vou continuar o meu diálogo contigo, ignorando a tua crítica!
É necessária coragem para usar a magia simbólica da escrita! És o meu inimigo – eu sei!
Mas vou tratar-te, como Amigo e vou ser sincera…sem a chamada sinceridade, não há amigos! Tu sabes desta verdade – mas não és assim, como digo…não és!
Pensei sempre em ti, mas o que escrevo é diferente do que conheceste em mim…!

Pergunto:

- Fiz tudo quanto me foi dado fazer? Daí o obstáculo que arrasto e ao qual não sei
Responder...
- Cai nos tropeços do caminho, por acreditar!
- Fragilizo a minha batalha, por confiar!
- Perco as minhas unidades de defesa e fico isolada num campo imenso!
- Não espero a compreensão dos exaltados, ansiosos por esgrimir!
- Afasto-me do mundo – sem rancor, mas com mágoa!
- Aproximo-me de mim e crio um espaço invisível, onde vou esperar!
- Espero, mas não regresso – e Quero Regressar!
- Procuro o meu jardim, onde chegam os clarões desta cidade!
- Contemplo as flores…de várias cores…plantadas por mim!
- Encontro a beleza dos meus sonhos e a frieza dos meus pesadelos!
- Ensina-me a perdoar…e a saber viver desse perdão!
- Ajuda-me a chorar…e o meu olhar lavado, se torne mais vivo, até chegar à alegria e ao riso!
- Vivo? Do verbo viver? Sim! Do verbo Viver!
- Ouço a cadência rítmica de” KITARO”… vibra em todo o meu ser e não esqueço os que me amam, nesta Terra que me foi oferecida, para VIVER!

Assim termino esta carta.

terça-feira, 1 de abril de 2008

TERCEIRA CARTA


Hoje é um outro dia; um dia diferente – talvez com mais esperança, ou alegria…menos pesado de nostalgia! Vamos analisar este dia!...


Ouvi falar da tua transformação;
Ouvi dizer do teu afecto por mim;

Ouvi o teu pensamento e apanhei-o no ar, nas asas do vento e soube dos limites do meu tempo. O vento sussurrou ao meu ouvido esse segredo. E não gostei, dessa verdade!

Ouvi, de ouvidos fechados pela própria natureza – ouvi, com todas as minhas dificuldades! Mas o vento que me conhece, contou o teu segredo e eu senti-te no som deste vento e soube…estiveste comigo!

Ouvi o canto de várias vozes e os ecos repercutiam-se à minha volta, longe de mim e voltavam várias vezes e diziam – eu estou aqui!
Ouvi o rouxinol Persa e das Índias no dizer de um poeta amigo – BULBUL – assim chamado pelo João Carlos Raposo Nunes….ouvi com este ouvido que tanta falta me faz e se perdeu no burburinho do mundo…
Mas ouvi a mudança da voz do vento e da minha própria voz, tornada num canto mais doce e maior a lembrar o BULBUL do Oriente.
Lembro o Oriente e o Poeta Fernando Pessoa – quando ele diz:

“Ao Oriente excessivo que eu nunca verei”…

Nostálgico e belo … Vem e Sê meu amigo!
E eu digo: interessa-me a Eternidade à qual não posso fugir – mas acredita …
“Gosto de Viver” – não me tire esta ânsia e esta alegria …
Que eu sinto pela VIDA.

sábado, 29 de março de 2008

SEGUNDA CARTA


Hoje, acordei mais cedo, sem saber como começar a contar, aquele tempo abstracto,
Misturado com o momento presente.

Hoje, havia Estrelas no Infinito como pontos de interrogação, aguardando os meus propósitos.

Hoje, um Poeta disse que “escrever é uma necessidade e também, um caminho solitário”.

Hoje, lembrei-me da palavra “Gratidão” e recordo o meu pouco merecimento, no uso dessa palavra.

Hoje, deixei de me sentir triste, pela indiferença, à minha volta.

Hoje, não encontrei o eco da minha voz – apenas, trovões ao longe – rasgam os pensamentos, desfazem a voz e transformam-na num som inerte e desbotado.

Hoje, idealizei o Amor a envolver o mundo – e gostei!

Hoje, dei vida aos sentimentos bons e fiz Deles – AMIGOS!
Conversei de tarde, à luz do dia e juntei-me com alegria à noite e não apetecia acabar, o que dizíamos …

Hoje, olhei o ecrã de um Computador minúsculo e dei vida aos barulhos, distantes da Cidade e reconheci, nesse pequeno espaço, a tela semelhante a mim própria.

Hoje, deixei de estar cansada e desiludida e acreditei na Saudade e nesta carta.

Hoje, esperei a hora mágica e bela do Poente, nesta cidade e te dei o meu Amor!...

Prometi esta carta, da qual não me esqueci, mas nada contei de importante e digno de ti. Fui divagando, como tu sabes … E tantas vezes, ficas igual a mim, como se fossemos gémeos – e não somos!

Vencemos, os dois, os obstáculos dos Silêncios e estamos juntos!
Não te vou mandar esta carta – é minha – e nada diz que te encante!

Um beijo.

quinta-feira, 27 de março de 2008

PRIMEIRA CARTA




Sinto a noite a aproximar-se e o cheiro das flores do campo fazem-me pensar em ti e naquela casa onde vivemos e da qual não me esqueci.
Pouco dei do meu tempo – tudo foi perdido na forma como vivi, nas teorias que contei a mim própria e nas quais acreditei.
E tornei-me indiferente ao lado de Gente que tratou de mim.

Lembro a tua forma de amar – só tua – como um Dom natural.
Contigo aprendi, de forma imperfeita – eu sei – esta maneira de dizer – só minha –.
És aquela a quem confiei os meus pensamentos e escondi os meus segredos.

Dividis-te comigo um pão que se parte e alimenta uma multidão faminta.
Deste-me a tua Sabedoria e eu não me tornei sábia e não retribui o amor…e não me apercebi, na hora certa…
Fiquei com esta carta por escrever…sem saber…
Não sei se a principiei, alguma vez!

Mas hoje, lembrei-me de ti – e não sei lembrar o passado – esquecido por mim…
Acumulo as culpas e continuo a viver! As culpas não são tuas – mas apenas minhas.
Deixei de ouvir! Sabias deste pormenor? Tão minúsculo – mas difícil?
A audição foi-se … sem pedir a minha permissão.

Lembro o teu olhar e a tua voz! Tanto amei a tua voz, o teu carinho, a tua calma no dizer e no estar.
A minha alma desdobra-se em pétalas de flores…pisadas por caminhos desencantados e solitários – separada de mim!

Lembro a doçura dessas mãos que repousaram em mim – no bater do meu coração, mas não têm as marcas dos meus beijos.
Era muito nova para entender e não me apercebi que um dia…ficava sem ti…

E hoje pergunto … Como foi possível viver sem ti?
Sobreviver às desilusões e continuar o caminho, sem a tua presença. Mas tem sido uma forma de continuar no mundo – nada pude alterar!


Perdoa-me…Avó! Perdoa-me! …

quarta-feira, 26 de março de 2008

PREÂMBULO


Nove Cartas e um Diário são dirigidas ao todo que nos rodeia e de certa forma ficcionadas e falam de personagens ilusórios, ou não, fruto da imaginação dignos de um interesse que mostra a personalidade da autora. Aprende a lição de que tudo pode desaparecer no instante seguinte.
Tempo de inimigos sem rosto e da dificuldade de os combater, talvez seja a época em que a crueldade, tem sido mostrada em todo o seu terror.
Procura ser leve na escrita, mas por vezes os acontecimentos sobrepõem-se a esse intento.
Ficam ao livre arbítrio de quem os ler e analisar.

Possa esta razão ser clara num contexto de verdades e mitos.

Maria Luísa