terça-feira, 30 de novembro de 2010

Jogo de Palavras e Figuras


Internet/ Salvador Dalí
Embalei as Palavras 
Na minha mão
E joguei,
Um último jogo
Feito de tudo quanto sei
E tudo quanto sou!

Alinhei as Palavras na mesa,
Vestida de Cerimónia
E Elas correram céleres
Para a Grande Vitória.

Fiz o jogo que sei jogar!

Juntei às palavras
As figuras do meu jogo
E elas responderam com ansiedade,
Ao meu desejo,
Juntaram-se...dominaram!

Deixei esta ânsia de dizer,
Neste sentir de Outono a fenecer.

Tudo vai ser esquecido,
Como se da Noite
Se apagassem as últimas Luzes,
Feitas das lantejoulas
Do Firmamento a escutar!

Jogo, sem ter o desencanto
De quem perde...
É uma benesse a recordar,
É uma mistura de palavras e figuras
E acompanha o Espaço Sideral,
Num conjunto de doação Total!

Jogo com as palavras e as figuras
Num jogo Ancestral...

Por Ti e por Mim
Meu Amor,
Este Jogo Fatal
Irreal,

De quem procura e não encontra
A parte FINAL!

Maria Luísa

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

ACEITAR!

Internet/ Salvador Dalí
Eu não quero ser olhada
Eu não quero mendigar
Eu não quero aceitar!

Vejam-me como sou
Sintam meus cambiantes de cor
Como música a soluçar.

Se um dia me encontrar
Quando o silêncio falar
Não preciso dizer nada.

Eu não pertenço à terra
Continuo na terra,
Mas há muito deixei a terra.

Lembranças, pensamentos, dúvidas,
Posso deixá-los em palavras escritas
Um dia, os podem levar.

E serem entendidos
Melhor do que hoje
Melhor do que ontem.

Vem meu amor
Só a ti eu tenho
Só de ti eu espero...

Não vais entender este amor
É impossível de entender
Cada palavra a rogar.

E o imaginar cresce, toma forma,
Na procura do que criou
Numa pequena demora.

As linhas ocultas
Devem ser lidas
Por poetas Divinos e Exactos!

Só eles sabem
Só eles aceitam
Só eles cantam!

Chegou o tempo de louvar
Chegou o tempo de procurar
Chegou o tempo de parar!


Maria Luísa Adães

sábado, 20 de novembro de 2010

Fantasma ao Vento

Internet/ Salvador Dalí
Deixei de sorrir
Deixei de amar
Deixei de esperar.

Meu coração está deserto
Destroçado,
Sobre a loucura do Universo.

Aparecem meus fantasmas
Quase se não vêm,
Minhas ilusões desfeitas.

Me saudam,
Sabem quem sou
Pouco me amparam.

E hoje, ainda hoje,
Neste instante mesmo,
Sou um poeta que cantou.

Não,
Sou um poeta que canta
E ninguém escuta.

Será que morri
Será que não sou eu
Solitária e louca?

O mundo não me vê
O mundo não me escuta
O mundo não me sente!

Falta-me o talento,
Sou Fantasma ao Vento!...

Maria Luísa

sábado, 13 de novembro de 2010

ARABESCO

Internet/ Salvador Dalí
O arabesco misterioso
Do poema
E da alma do poeta,
Do sonho e da dor.

E a minha placidez misteriosa,
Nebulosa, de quem não sabe
De quem não encontra
De quem não conhece Nada!

E o arabesco de folhas entrelaçadas,
De figuras desconexas, geométricas,
Desta metralha de céu e terra.

E não encontro a luz do teu dizer...
Procuro e não encontro,
Mas encontro o Nada!

Se pouco aprendi,
Como te vou encontrar
Tarde ou cedo,
Quando a morte me chamar?

E quando não souber de ti
Como te vou procurar?

Meu amor,
Quantos anseios, quanta procura
Quanta verdade, quanta amargura...

Como te vou encontrar?
Se nada sou
E Nada tenho!

Tenho...me lembro,
A sombra vaga, ó alheia
Dos poetas que cantaram

E ainda, como lembrança viva 
E Eterna,

...As loucuras da nossa Mocidade!


Maria Luísa

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Façam o Jogo

Internet/ Salvador Dalí
Frente à passagem do tempo,
Eu não estou serena
E temo esse tempo.

Sei que o canto é tudo
As lágrimas são nada,
Eu sou tua sombra, transformada.

Sonho, tantas vezes sonho
E antecipo minhas visões
Nesses sonhos.

A palavra é sempre,
Um elemento de jogo ancestral
Clara, louca, perfeita.

Com a palavra o poeta
Joga, brinca, chora, ama,
Se deslumbra, ou se mata.


A vida tornou-se num jogo
Indecifrável,
Os meninos carregam às costas
Todo o mal do mundo.

No último amor perdido,
Os homens tocam a terra
Como Deusa de desenganos.

Apenas no pano verde
E nas luzes cintilantes
Há um vislumbre, de pretensa alegria...

E o homem sonâmbulo
Diz de quando em quando,

Façam o jogo, meus Senhores!

Maria Luísa

terça-feira, 2 de novembro de 2010

NATURA


Internet / Salvador Dalí
A minha alma desdobrada
Sente o rugir da madrugada.

A Natureza clama e pede clemência
Às águas que correm como um lamento.

As folhas das árvores, as flores trepadeiras,
As raízes imersas transformadas - caem.

Não temo os gritos de Deuses sem vida,
Os transformo no interior de palavras escritas.

Entrecruzo os passos,
Na cadência rítmica do teu coração.

Os passos não retrocedem,
O caminho é em frente e é urgente!...

As nuvens trazem o odor do mar,
Dos muitos mares da minha vida.

Devolvo os ecos do Universo, para as horas vivas
E não para o silêncio das muralhas.

E no meio de quem fala comigo
Espero que te unas, ainda que seja tarde.

E quebres esta luta, em ondas transparentes
E me ames, na cadência de quem sente.

Eu, tu e a natura inclemente,
Noite estranha de amantes ausentes...

Eternamente sejas meu
Como a noite é minha!


Maria Luísa