domingo, 30 de maio de 2010

SEM RUMO

Vou sem rumo
Tão grande o Mundo...

Balançam as ondas
Batem suaves
Na cadência das águas,

Escondem minha existência.

Um barco estremece e eleva-se,
Leva o peso de meus sonhos.

Outro barco balança
As velas ao longe,
Outro segue o seu destino.

É um mundo com sol,
Mas sem chão.

Tudo se aquieta
Num tempo derradeiro
Numa despedida de pranto.

A noite se curva de frio.

A magia do silêncio
O encanto da Natureza,
Juntam-se ao amor palpitante
De meu coração tremente.

As ondas murmuram
Leves e nuas como eu,
Tudo é uma aventura
Dos fantasmas que persigo.

E ondas prenhes de saudade
Escutam meu canto de ansiedade.

Ouço o rumor de teus passos
E meu sorriso suspenso
Sente o teu abraço.

E se entrega fremente
A esse abraço...

Onde ficou teu outro Eu?
Não respondas,
Não acuso,
Esquece

Somos Senhores,
Do nosso mundo!

Maria Luísa

segunda-feira, 24 de maio de 2010

FALA-ME

Fala-me dos sonhos,
Fala-me dos medos,
Dos terrores,
Das lembranças
Menos boas,
Mas fala-me
E deixa a porta do meu quarto
FECHADA
E nem tu entres, meu amor!


Fala-me das madrugadas
Da relva do jardim
Machucada
Pelos amantes que se amaram,
Ao som das cítaras caladas!

Fala-me do teu poder eterno,
Fala-me das cortinas corridas
E do teu deambular
Pelas esquinas,
como se não fosses Nada!

Não falas,
Não dizes,
Não contas?

Então tu és o Nada!

Deixa-me as quimeras
Do meu sentir de Poeta
Esquecido, aniquilado
Nesta Era!

Mas lembra-te...
Tu és o Nada,
Eu sou o Tudo!

Não esqueças
Não te percas,
Mas sabe...
Tu és o Nada!

Mas eu sou Amor
Luz e Vida!

...O Tudo e o Nada!


Maria Luísa

quarta-feira, 19 de maio de 2010

REALIZAR

Há um sonho a realizar
Há um tormento a esquecer,
Flores a nascer
Gente a morrer.

Há uma noite insensata
Há um luar de prata
Maldade de quem mata,
Há quem morra por amar...

Há a tua voz sem coragem
Há o amor em vantagem,
A subtileza da fluidez humana
A água que cai e te chama.

Há os espelhos da nossa Casa
Há os espelhos do Salão,
Igualmente plácidos
Divinamente exactos.

Há a dor daquele que não sai
E do outro que não tem casa
E prolonga na vida,
Um sonho mudo e fortuito.

Oh, quanto me pesa,
Minha memória passada
Minha memória presente
Minha memória ausente.

Há um sonho a realizar
Há uma insensatez a esquecer,
Flores a nascer
Gente a morrer.

Há um verso a caminhar
No Universo,
A tentar um ramo aberto
Para adormecer
Na linha recta,
O Olhar na linha curva.


Há um sonho a realizar
E és tu, meu amor!


Maria Luísa

sábado, 15 de maio de 2010

REPARO

Reparei em ti
Quando te vi
Quando te olhei.

Reparei em ti
E me perguntei
O porquê desse reparo.

Reparei em ti
E me lembrei
De alguém ou um lugar.

Reparei em ti,
Na tua forma
De dar.

Reparei em ti
E pensei,
Te posso amar!

Reparei em ti
Reconheci em ti,
A minha forma de estar.

Reparei em ti,
Senti e reconheci
O meu Altar.

Reparei em ti,
Olhei para mim
Através de ti.

E reconheci
Finalmente percebi,
Esse olhar fixo em mim.

E descobri,
O meu olhar no teu olhar
E duas, espelhadas, numa única.

E gostei de ti,
De te reconhecer
De reparar em ti.

Reparei em ti,
Gostas de escrever
Como a água
Que necessitas de beber.

E fiquei a saber
...Esta eu sou
A Primeira e a Última!

Como ser mortal, novamente.

Maria luísa

terça-feira, 11 de maio de 2010

Não Ouço as Vozes

Hoje não ouço as vozes,
Vou sem rumo
Tão grande o Mundo
E países tão distantes...

Hoje não ouço as vozes,
As vozes daquele tempo.

Hoje estou unida a ti,
Desejosa de ti
Do teu amor
Flores molhadas
Junto a mim.

Hoje sou magia e esplendor
Num mundo de fogueiras acesas
No mistério de quem sou.

Que te vou dizer
Se me interrogas
Acerca de tudo?

Conheço as sombras,
Conheço as luas,
Conheço assombros,
Conheço o amor
À distância
E cubro minha nudez,
Com esse amor.

Te beijo,
Te abraço,
Te amo,
Te desejo,
Te quero...
Me perco
Em teus braços.

A fogueira acendeu
Eu sou a fogueira,
E ardo nos teus braços
Do teu desejo e afecto,
De meus abraços.

E quando apagar
Apago com amor,
A perdição
De uma vida!

E nesse instante,
Torno a ouvir,
As vozes
Daquele tempo.

Mas hoje, não...
Hoje és tu e eu!


Maria Luísa

sábado, 8 de maio de 2010

AMEI-TE



Amei-te,
Humilhei-me em prantos.


Desconexos
Perplexos.


Vivi para ti,
Esqueci família
Esqueci amigos
Esqueci de mim...


E tu me olhas-te
Longamente, me olhaste
E me ignoraste.


Esquecido de mim
Esquecido do que dei.


Mais tarde agradeci
O desencontro
De mim e de ti.


Só eu fui invulgar
Tu foste vulgar!
Não merecias
Meu sonho de encantar.


Pára no deserto de meu caminho
E eu te ame,
Na fragilidade da poesia.


Amei-te,
Desconhecia o amor
Mas te dei meu calor
E perdi meus passos.


Me olhaste longamente,
longamente me olhaste
Como sempre o fizeste,
Mas nada restou.


Deixei de respirar,
Parece que morri
Na superfície lisa
Que atravessei.


Meus versos deixaram
de cantar.
Ficou meu pranto,
Preso ao luar
E eu morri...
Por te amar!


Maria Luísa

terça-feira, 4 de maio de 2010

Deixa Que Te Leve


Deixa que te leve,
Caminhemos pelas ondas,
Mansas, sonolentas,
Sedentas de tudo.

Deixa que te leve,
Ao encontro dos sonhos
Sonhados,
Nunca encontrados.

Deixa que te leve,
Ao meu jardim encantado
Com flores de mil tons
E clarões alaranjados.

Deixa que te leve,
Através da multidão
Que corre,
Sem piedade.

Deixa que te leve,
Para meu recanto breve
Onde tudo canta
E é leve.

Deixa que te leve,
E sejas meu, finalmente
E esqueçamos o mundo
De forma breve.

Deixa que te leve,
Ao encontro de espelhos
Diluídos na noite de agasalhos
E aguardemos
E nos amemos
Como sabemos.

Deixa que te leve,
A escutar meu silêncio,
De palavras perdidas
Num canto agreste.

Deixa que te leve,
Não contes o tempo
Talvez se esqueça
De mim, de ti
E nos deixe ficar...

E acredita,

Outros se buscam no espelho!

Maria Luísa

sábado, 1 de maio de 2010

É MAIS FÁCIL


É mais fácil ouvir as estrelas
Senti-las passar,
Do que entender a terra
E alcançar meu sonhar.

É mais fácil amar-te
Do que te repudiar.

É mais fácil falar do amor
Do que viver esse amor.

É mais fácil sentir a maresia do mar,
Do que olhar ao longe
O barco que parte,
Chamando por mim.

É mais fácil dizer que te amo
Do que te amar.

É mais fácil, meu coração parar,
Do que o tempo a contar.

É mais fácil te reconhecer na multidão,
Do que olhares meus olhos, na escuridão.

É mais fácil aceitar, falar,
A escrever temas abstractos.

É mais fácil subir,
Escadas de pedra
Do que entrar no meu Palácio.

É mais fácil caminhar
Nas ondas do mar,
Atravessar desertos
Olhar ao longe
E nada vislumbrar,
Nada escrever,
Nada contar,
Nada dizer.

É mais fácil
Do que Viver!...

E escolhi o mais Difícil!...

Maria Luísa