terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Cidade



A cidade é corrida
As pessoas correm com a cidade.

A sensibilidade foi engolida
Nos vários buracos abertos na cidade.

A cidade não aceita os mais fracos
O dia nasce sem ter adormecido.

A chuva cai como um caudal de lágrimas
E esconde um sol nunca nascido.

Os mais fracos se escondem
E sào engolidos nas ruas desiguais.

A dor não é entendida
Não há tempo para a dor
Não há tempo para fraquezas doloridas.

E não há gente para contar
A última verdade.

Há ilusões perdidas,
Mas as amo mais do que a minha vida.

As horas sào inúteis
Não levam a nada.

Amor,
Quantos crimes se cometem em teu nome.

E eu tenho um único olhar
Que chora sem começar!

Maria Luísa

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Desconexo

Maria Luísa
Não tenho histórias belas a contar
Nem caminhos brilhantes a mostrar
Não tenho nada que possa interessar.

Malas cheias de nada
Atiradas ao chão.

Roupas secas sem brilho
Espalhadas no chão.

Enganei o mundo
Que nunca me reconheceu.

Deixei de ser poeta
Nunca acreditei na poesia.

Sinto-me mal
Absorta, quente, sensual.

Envolta nas ondas gigantes
Do meu mar de ilusão.

As conquitas das certezas
Deixaram de interessar.

As almas misteriosas
Aparecem nas brumas do mar.

Sou mar revolto
Por ondas batidas, diluídas...

Não represento outra vez
A mesma vida!

Os encantos são inventados
Por tipos sem esperança
Dançando a última dança.

Escrevi e escrevo coisas
Criadas por mim.

E tenho uma sensibilidade
Que nunca pedi.

Meu sentir foi morto
E me deixaram viver,

A troco de linhas desconexas
Que ninguém vai entender.

Ajuda-me a esquecer minha vida
E esconde-me numa mala antiga!

E eu torne a nascer!...

Maria Luísa