domingo, 29 de agosto de 2010

Flor do Mar

Obrigada pela flor
Que veio do fundo do mar
Com amor.

Que bom tu voltares
Aqui e ali
Neste, ou noutro lugar.

Eu estou presente
Como ser ausente
De mim e de ti.

Eu volto sempre,
Desconheço meu lugar
Sou a última a lembrar
    
Nada soube encontrar
Nada soube preservar
Nada soube amar.

Quem me perder
Por não me amar,
Não vai voltar!

Pode chamar o vento
Gritar ao mar,
Onde estás?

O vento continua a rodopiar
O mar continua a cantar,
Não me vai encontrar.

Um barco ao longe no mar
Um lenço vermelho a acenar
E uma figura ausente.

Me transformei por magia
Num fantasma solitário
Da passada Alegria.

Não vou voltar
Fico no mar,
No barco e no Luar.

Serena e desnuda
Sigo meu destino
Escrito, em qualquer Lugar!


Maria Luísa

sábado, 21 de agosto de 2010

Venho de Longe

De longe eu venho
De países distantes
Acompanho o mundo
E longe de tudo,
De olhar atento
Eu vislumbro
Um deserto de dor.

O mundo subterrâneo
Se espreguiçou
E matou...

O mundo abalou
Não falou...

A loucura no cimo
Se acendeu,
Em mil fogueiras
Se transformou.

A Natureza é bela
A beleza é cruel!

Aprenas o pranto
E a bruma,
Enluta os ares.

Não há lugares,
Apenas há quimeras
Vidas ceifadas
Almas perdidas
E destroços de miséria.

E meus braços se abrem
Minhas pálpebras
Se cobrem de cinzas...

Aqui está minha voz!


Maria Luísa

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

NASCER e VIVER

Nascemos em Continentes diferentes,
Eu nasci mais cedo
Tu nasceste mais tarde.

Nunca nos vamos encontrar
Cedo ou tarde,
Nosso caminho é diferente.

Sorrio sem medos,
Nos amamos
Neste versejar.

Levo-te junto ao meu coração,
Quando um dia não voltar
E tu ficares.

Eu vou sentir o partir                                                                                 
Tu não vais Entender,
Mas vais caminhar.
                                                                                                                            

Nem é necessário entender
Apenas esquecer,
Um dia vais lembrar...

Há uma força
Que nos vai prender,
Como se eu fosse mortal novamente!

Maria Luísa

À minha neta Gabriela,
nascida em São Paulo -Brasil
a 18 de Dezembro de 2007.
Com amor.

M. L.

sábado, 7 de agosto de 2010

NÃO FUJAS

Não fujas de mim
Não fujas de ti...

És melodia e te ouço
Como cascata
Desbravando o rio.

Tu és queda de água
A caír em traços longos,
A formar um Lago
Salpicado do mar...

O sol é grande
Se pressente,
Não se mostra.

Cisnes negros, dançam,
Ao som das ondas do mar
Do canto dolente, inebriante
Deslumbrante,
Mudando o horizonte.

E a loucura audaz do poeta
Que tudo diz e tudo traz
E tudo transforma,
Na magia de seu canto.

Fazemos um pacto,
Tu não foges de mim
Eu não fujo de ti.

E talvez juntos
Possamos limpar
Os campos minados, ultrajados
E criar prados.

E mergulhamos no Mar
Amamos esse mar
E nos acolhemos em grutas,
Com murmúrios de ondas batendo
E fantasmas correndo.

Nos abraçamos
E mostramos a esse mundo
Como se ama neste mundo.

Nos juntamos
E a nossa história a dois,
Enche nossas noites
De loucuras e mistérios.

Eu te ouço,
O Universo nos ouve,
No sonho de volúpia ardente.

O amor é Fogo
Aquece, ilumina
O que tece...

É nosso,
Não fica no chão!

Maria Luísa

domingo, 1 de agosto de 2010

NÃO SABE QUEM É...

Amo o cântico dos bosques
No raiar das manhãs
Plenas do silêncio
Da ardência da noite.

Não gosto de Cidades
Turbulentas,
Corridas,
Desiguais,
A ignorar a tormenta.

Gosto do Amor
Do seu simbolismo
E da realidade humana
De se dar.

Gosto de acordar
Na cama que conheço,
Onde jogo meus jogos
De amor
E onde esqueço
O clamor de multidões
Profanas.

Gosto alguns dias
Não gosto em outros dias.

Nem sempre sou igual
Aos que me pedem
Para eu ser,
Mas como posso ser
Como querem,
Se calcam aos pés
Meus sonhos de quimera?

Vem meu amor!
Ama-me como tu sabes
E esse amor me dá
O fogo e o anseio
De te desejar.

Não entendes e te orgulhas
Do meu dizer?...

Que triste meu amor,
Viveres com alguém
Sensível a tudo
E não a conheceres.

E ela também
Não se conhece
Não sabe quem é.

Ela vai ser infeliz
Até final de seus dias
Mas que fazer
Se o mundo é tão mau,
Para os que pretendem
Viver a seu modo

E não o podem fazer!...


Maria Luísa