terça-feira, 22 de novembro de 2011

Solidão

Internet/ S. Dalí
Quando toco nos pedaços de luz
Elas se espalham
Na forma como toco.

Ficam suspensas e inertes
Como as muitas lágrimas
Que não chegam a caír.

Sou tão pobre de palavras
Esbatida na árvore sem folhas
Do meu entardecer.

Atravessei o Oceano
Infringi todas as regras
Cantei todos os cantos.

E não te vi
E não tive repouso
Em nenhuma praia.

Podes ajudar-me a perceber
O meu último erro?

E fomos diferentes de todos
Na loucura em que vivemos,
Mas houve um erro...eu sei...

E assim, rasguei meus versos
Varri meu nome.

As lágrimas fervem
E eu estou desprovida de apegos
E quero solidão!...

Maria Luísa

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

FUGA

Internet/ Salvador Dalí
O vento gemia
Nós dois fugiamos
De nós...

Nos embrenhávamos na floresta
Sem conhecer o caminho...

Caminho agreste
Complexo, insolúvel,
Num mundo ainda por nascer.

E nós já tinhamos nascido
Num outro tempo escondido.

Há uma sombra que me prende
Um som de vida
De ventura e encanto...

Tantas coisas se perderam
E outras se encontraram...

E eu tão perto do silêncio
Que me confundo com ele.

O beija-flor desce a Penedo
A cachoeira canta,
Eternamente ela canta...

Um canto antigo e desmembrado
Sem qualquer espécie de canto,
Mas canta...

E eu tento o equilíbrio
Enquanto olho para ele...

A vida é a arte do encanto
Culpada de tantos desencantos
Ou seremos nós...
Tu e eu os desencontrados?

Seremos os culpados
Por não termos encontrado
O amor no nosso canto...

E descemos...
Antes, muito antes
Do nosso tempo exausto...
Antes do tempo.

Lá no fundo há coisas
Que não posso trazer,

Há critérios
Que não posso dizer,

Há relatórios da existência
Difíceis de entender,

Há ternuras, desencantos e espantos,
De palavras constantes...

E na sequência,
Abri os caboucos superficiais
Da minha existência...

Maria Luísa