segunda-feira, 23 de maio de 2011

Quando te amo

Internet/  Simbolismo/Salvador Dalí
Quando te amo
Nasço e morro
Renasço de cinzas
De rosas queimadas
De fogo ateado
Nas árvores dispersas.

O teu lado
O meu lado
Escondendo
O teu corpo e o meu
Das minhas fantasias
De poeta.

E subo, como poeta que sou
Ao Altar do Sacrifício
Olho numa despedida
A Via-Sacra,
Como a subida de um justo
Desprendido, na hora da partida.

Eu olho, sem saber quem sou
Sem saber quem procuro
Sem saber onde vou...

Mas olho, por detrás das árvores
A cobrirem nosso espaço
Nosso espaço de amor
Nossa cama floreada
De mil flores
Nosso respirar ofegante
A descansar,
Da luta do instante.

Abro meus olhos
Enquanto dormes
Enquanto descansas
Dos jogos de amor
Ensinados por mim,
Aprendidos a primor
Por ti...

Eu olho o submerso
Onde tantos se debatem
E se prendem
Sem salvar.

E desço, uma vez única
Para escrever meus versos
E dar a saber
Àquele que se perdeu
O caminho de regresso.

Volto ao meu mundo
Por ti que adormeces
Nos caules da ausência
E por eles, no tempo a dissolver.

Eles não sabem
Tu não sabes,
Mas não importa saber!

Há uma outra claridade
Na subida distância
Sem noite e sem vozes.

Mas importa saber
Que volto por eles
E por ti, meu Amor!

Maria luísa

segunda-feira, 16 de maio de 2011

ESPELHOS

Internet/ Narciso de Dalí
Tu foste minha paixão
Embalaste meus sonhos perdidos
E eu me lembro de ti
Entre o sol e a terra
Como te conheci...

Me lembro, sim!

Nossos espelhos se fundiram
E caíram de mãos descuidadas
Se partiram...

Rolaram pelo chão
Como coisas mortas de ilusão,
Mas eram minha existência
Reflectiam meu corpo desnudo
E minhas emoções absurdas...

Neles me via
Neles me reconhecia
Com eles falava,
Eles me respondiam...

Se partiram, me deixaram
Sem respostas, desinteressados
Frios, calados, no ar da noite escura...

Sem eles e sem tempo
Sem estrelas e mar
Me busco dentro deles
Mas eles se partiram...

Me lembro, sim!

Sem Deus,
Sem espelhos e sem ti
Que será de mim?...


Maria Luísa Adães

domingo, 8 de maio de 2011

DESESPERADOS

Internet/ Desespero
Desesperados tentamos reconstruír
As distâncias,

Desesperados contornamos obstáculos
Simultâneos,

Desesperados procuramos solidão
Em todos os lados,

Desesperados olhamos a noite
Com olhar vago,

Desesperados morremos aos poucos
E nada descobrimos na superfície densa,

Desesperados aguardamos a razão fantasmagórica
Da nossa existência,

Desesperados olhamos os contrastes do mundo
E a única natureza que nos visita,

E as mães ao longe,
Chamam por entre névoas espessas,
A ausência de seus filhos.

Maria Luísa