sábado, 26 de junho de 2010

Quando Te Amo

Quando te amo,
Nasço e morro
Renasço das cinzas
De rosas queimadas
De fogo ateado
Nas sombras dispersas.

O teu lado,
O meu lado,
Escondendo
O teu corpo e o meu,
Das minhas fantasias
De poeta.

E subo, como poeta que sou
Ao Altar do Sacrifício,
Olho numa despedida      
A Via-Sacra,
Como a subida de  um justo                               
Na hora da partida
A procurar o lugar,
Onde se propõe descansar.
Eu olho, sem saber quem sou
Sem saber quem procuro
Sem saber onde vou...

Mas olho por detrás das árvores
A cobrirem nosso espaço,
Nosso espaço de amor
Nossa cama floreada
De mil cores
Nosso respirar ofegante
A descansar,
Da luta do instante.

Abro meus olhos
Enquanto dormes
Enquanto descansas
Dos jogos de amor,
Ensinados por mim
Aprendidos a primor
Por ti...dormes, descansas.


Eu olho o submerso,
Onde tantos se debatem
E se prendem
Sem salvar.


E desço uma vez única
Para escrever meus versos
E dar a saber,
Àquele que se perdeu
O caminho de regresso.

Volto ao meu mundo.
Por ti que adormeces
E por Eles!

E eles sabem?
Não, não sabem.

Mas não importa saber!

Importa é que volto por Eles
E por ti, meu Amor!

Maria Luísa

quarta-feira, 23 de junho de 2010

TEMPO

O tempo corre
Os relógios não param,
O tempo corre apressado
Que mal lhe fiz no meu passado?

O tempo se escoa,
Pelos buracos do chão
E os erros são repetidos
E os poetas esmagados,
Com esses erros.

Eu fugi da turba
De mãos dadas com meu amor,
Fugi ao clamor da turba
Que se comprimia
Numa procura
De quem não sabia,                                                               
A razão da procura.

Espero,
Quando o tempo
Voltar a ser tempo
E possamos voar.

E fugir à turba
Que continua a clamar.

Tu sabes que eu parti
Noite morta,
Numa procissão de sombras
Dos que vivem
 Dos que já morreram.

Eu era a imagem da vida,
Ainda sou essa imagem
E continuo de mãos dadas
Contigo, meu amor.

Os remos batem nas águas
E nos levam pela noite
Ao sabor da maré,
A um outro horizonte.


Maria Luísa

domingo, 20 de junho de 2010

VIVER

É na realidade que vivo
É para ela que tenho de voltar
Quando as asas cansadas
Não podem mais voar.

Tenho de viver sem sonhos
E transformar todo um destino
Que ao nascer, me proibiu de tudo.

Mas não sei como o fazer...
Pergunto ao vento,
Ele não sabe responder.

Pergunto às aves
E delas me amedronto
E elas sabem, porque fujo delas.

Deus não me pode dizer como viver,
Tenho de aprender
E não sei, como aceitar o morrer.

Não culpo nada nem ninguém!

Alguns culpam Deus de tudo,
Outros culpam sua sorte,
Eu me culpo a mim,

Na espessura da multidão
Que me envolveu.

Como posso estar viva,
Como posso descer escadas,
Perder minha vida,
Ter um rosto no mundo
Afundar um destino
Há muito afundado?

Como posso viver meu amor
E não te culpo de nada...

As culpas são minhas
Apenas minhas, são as culpas!

Sinto-me igual à solidão
Na procura,
De uma face iluminada.


Maria Luísa

segunda-feira, 14 de junho de 2010

SILêncio

Tenho o silêncio
Esta forma de amar
E isso não tira, o meu caminhar.

Eu não sou ninguém,
Mas é comigo que falam
As barcas sobrenaturais.

Toda eu estou além,
Num mundo que me retém
Acordada à espera de meu bem.

Tenho o mar, e barcos a navegar,
Num silêncio de alguém
Que procura como amar.

Sombras conheço,
Silêncio mereço
E amor também.

Gosto de me perder em ti,
De viver por ti
Me envolver em ti.

Esquecer o lugar
Sem rumo
E em teus braços,
Me perder, sem saber o porquê.

E como vou subir esta estrada
Milhentas vezes,
À procura do Nada?

Em teus braços
Me perco
E gosto de me perder.

Não há pecado
No rumor das fontes.

Só vejo e sinto,
O que não sei
Se existe...

É este o meu silêncio!

De olhos cegos
Nada vejo
E penso tudo ver!

Assim eu sou...
Com dificuldades me levanto,
Sofro por meu desencanto.

Quanta palavra,
Quanta forma de dizer.


Maria Luísa

domingo, 6 de junho de 2010

MUNDO

Estás em tudo que nasce
E também em tudo que morre!

Tu vens,
As janelas estão gradeadas
Entra o Sol e a Luz,
Mas não entra o Mundo
Que palpita lá fora
Chamando por nós.

Mundo,
Não te posso responder
Estou aprisionada
Dentro do meu ser.

Quero fugir,
Gritar bem alto
A saudade que me fere
A saudade de teu canto
A saudade de teus beijos
A saudade de teus passos
A saudade da minha Vida.

Perdida neste lugar
Que não me pertence
Não me encanta,
Com o desejo de fugir
Para outros lugares
E voltar sempre
Ao primeiro lugar...

E isso - desencanta!

Isolada do meu mundo
Das coisas que perdi
E das outras que encontrei,
Tão próximo de mim.

É um mundo
Sem música, sem beleza
Em múltiplos horizontes
Onde não posso andar,
Num confronto
De dois mundos desiguais...
O meu e o teu.

E continuo a fugir
A me sentir perdida,
Esquecida.

Ninguém me pode dizer
O que fazer,
Eu não aceito!

Apenas aceito,
A minha forma
De viver!...

E duvido de mim, de ti,
De todos.

Maria Luísa