sábado, 7 de agosto de 2010

NÃO FUJAS

Não fujas de mim
Não fujas de ti...

És melodia e te ouço
Como cascata
Desbravando o rio.

Tu és queda de água
A caír em traços longos,
A formar um Lago
Salpicado do mar...

O sol é grande
Se pressente,
Não se mostra.

Cisnes negros, dançam,
Ao som das ondas do mar
Do canto dolente, inebriante
Deslumbrante,
Mudando o horizonte.

E a loucura audaz do poeta
Que tudo diz e tudo traz
E tudo transforma,
Na magia de seu canto.

Fazemos um pacto,
Tu não foges de mim
Eu não fujo de ti.

E talvez juntos
Possamos limpar
Os campos minados, ultrajados
E criar prados.

E mergulhamos no Mar
Amamos esse mar
E nos acolhemos em grutas,
Com murmúrios de ondas batendo
E fantasmas correndo.

Nos abraçamos
E mostramos a esse mundo
Como se ama neste mundo.

Nos juntamos
E a nossa história a dois,
Enche nossas noites
De loucuras e mistérios.

Eu te ouço,
O Universo nos ouve,
No sonho de volúpia ardente.

O amor é Fogo
Aquece, ilumina
O que tece...

É nosso,
Não fica no chão!

Maria Luísa

domingo, 1 de agosto de 2010

NÃO SABE QUEM É...

Amo o cântico dos bosques
No raiar das manhãs
Plenas do silêncio
Da ardência da noite.

Não gosto de Cidades
Turbulentas,
Corridas,
Desiguais,
A ignorar a tormenta.

Gosto do Amor
Do seu simbolismo
E da realidade humana
De se dar.

Gosto de acordar
Na cama que conheço,
Onde jogo meus jogos
De amor
E onde esqueço
O clamor de multidões
Profanas.

Gosto alguns dias
Não gosto em outros dias.

Nem sempre sou igual
Aos que me pedem
Para eu ser,
Mas como posso ser
Como querem,
Se calcam aos pés
Meus sonhos de quimera?

Vem meu amor!
Ama-me como tu sabes
E esse amor me dá
O fogo e o anseio
De te desejar.

Não entendes e te orgulhas
Do meu dizer?...

Que triste meu amor,
Viveres com alguém
Sensível a tudo
E não a conheceres.

E ela também
Não se conhece
Não sabe quem é.

Ela vai ser infeliz
Até final de seus dias
Mas que fazer
Se o mundo é tão mau,
Para os que pretendem
Viver a seu modo

E não o podem fazer!...


Maria Luísa

quinta-feira, 22 de julho de 2010

NO MAR

Os ouvidos do Universo
Escutam nossos beijos.

Nós nos deleitamos
Na cama de espumas
E de desejos.

A cadência das águas
Vai-nos molhando,
Enquanto amamos.

Nos fortalecemos
Contra o mal do Mundo,
Quando nos encontramos.

Mas continuamos remando
Salpicando de sal,
O amor suave e brando.

E continuamos a amar,
Envoltos nas ondas do Mar.

Nada nos separa
Nem as ondas,
Nem golfinhos brincando.

Fazemos estremecer o barco
Quase se afunda,
Não no nosso mundo.

Neptuno impõe seu poder
Saindo imponente das águas.

Nós somos fantasmas
De duas vontades,
Salpicando as margens.

Ternamente nos amamos
Assombramos,
O Deus do Mar.

Não pensamos,
Deixamos de pensar.

Deixo aqui meu corpo
Talvez eu morra
Neste instante.

É mais fácil
Do que viver
Sem ti,
Meu amor, meu amante.

Maria Luísa

quarta-feira, 14 de julho de 2010

DOIS GATOS

Falo de solidão
Falo de amor
Falo de silêncio
Falo de inquietação,
Sempre!

Um amigo pensou,
Olhou as estrelas
E os astros
Nos seus contrastes
E com sua Arte,
criou...

Dois Gatos,
Verdade! _ dois gatos !                                              

Um Gato vermelho
Outro Gato preto,
Como o cintilar dos astros.

Eu os recebi
E de imediato amei,
Naquele Amor, tão meu
Naquela Arte, tão dele.

E fiquei com eles
Sensitiva, tocada
Pelo Amor, pela Arte,
Pelos meus lindos Gatos.

Por instantes breves
Como poeta que sou,
Abracei meus Gatos
Os levei e abençoei...
A Arte subtil plantada
Em meus braços.

E eles são meus
Minha companhia,
Um vermelho, outro preto.

Meus, para meu encanto
E meu quebranto.

E juntei à minha Arte
A Arte do amigo
E os meus Gatos,
Oferecidos por ele.

Uma lágrima de tinta,
Não chegou a caír.

Maria luísa

Agradeço a Manuel Santos (Leunam)
A oferta, através de sua Arte
De  dois Gatos,

Um vermelho,
O outro preto!

sábado, 10 de julho de 2010

SOLIDÃO

Ama a solidão,
As colinas,
Os lagos,
Os rios,
Os oceanos,
O amor,
Teus filhos e netos,
Teu clamor de justiça
E teu esplendor.

Não esqueças nunca
Os teus versos!...

Ama a solidão,
O silêncio da força
Que se renova
Que brota
De uma fonte profunda.

As águas da Vida...

Ama a solidão
Que só tem olhos
Para o seu brilhante ideal,

Dos Sonhadores
Que vivem fora do real.

Renova a tua força
No silêncio do teu coração
Cansado e dolorido,
De tempos passados
E nunca esquecidos.

Ama a solidão,
Modela teu modelo
E vive esse silêncio
Como se fosse teu!

Sabes que não é,
Apenas teu!

Mas ama tudo à tua volta
E faz do Amor
A arma mais pura
O amuleto que te salva,
Da solidão que procuras
Sem saber...
Da solidão que sentes,

Como um ímã
À tua volta.

E procura descansar
Na solidão do amor
Que se escondeu de ti,

Solitário, caído das pontas,
De teus versos.


Maria Luísa

sexta-feira, 2 de julho de 2010

NOITE

Sinto a noite a aproximar
O cheiro das flores
Me fazem pensar.

Tudo se perdeu
Nas coisas que contei
E nas outras que senti.

E tornei-me indiferente
Ao lado de gente
Que tratou de mim.

Lembro tua forma de amar
Te dei meu pensar
E escondi meu clamar.

Acumulo as culpas
Não são tuas as culpas,
Mas são minhas.

A minha alma desdobra-se
Em pétalas de flores pisadas,
Separada de mim.

Lembro a doçura dessas mãos
Pousadas no bater do coração,
Não têm as marcas de meus beijos.

Mas continuo a amar-te
A sentir teu desejo,
Meus olhos fechados, nublados,
De inúmeros patamares.

Murmúrio de água lenta
Num céu de prece
Num sonho extinto.

A tarde morre
Meu desejo cresce,
Te vou amar.

A noite vem,
Vou esquecer contigo
Tudo quanto disse!

Sobem ramos de rosas,
Se desfolham no silêncio da noite
E eu lembro, minha vida,
Esqueço essa lembrança
E amo!...


Maria Luísa

sábado, 26 de junho de 2010

Quando Te Amo

Quando te amo,
Nasço e morro
Renasço das cinzas
De rosas queimadas
De fogo ateado
Nas sombras dispersas.

O teu lado,
O meu lado,
Escondendo
O teu corpo e o meu,
Das minhas fantasias
De poeta.

E subo, como poeta que sou
Ao Altar do Sacrifício,
Olho numa despedida      
A Via-Sacra,
Como a subida de  um justo                               
Na hora da partida
A procurar o lugar,
Onde se propõe descansar.
Eu olho, sem saber quem sou
Sem saber quem procuro
Sem saber onde vou...

Mas olho por detrás das árvores
A cobrirem nosso espaço,
Nosso espaço de amor
Nossa cama floreada
De mil cores
Nosso respirar ofegante
A descansar,
Da luta do instante.

Abro meus olhos
Enquanto dormes
Enquanto descansas
Dos jogos de amor,
Ensinados por mim
Aprendidos a primor
Por ti...dormes, descansas.


Eu olho o submerso,
Onde tantos se debatem
E se prendem
Sem salvar.


E desço uma vez única
Para escrever meus versos
E dar a saber,
Àquele que se perdeu
O caminho de regresso.

Volto ao meu mundo.
Por ti que adormeces
E por Eles!

E eles sabem?
Não, não sabem.

Mas não importa saber!

Importa é que volto por Eles
E por ti, meu Amor!

Maria Luísa

quarta-feira, 23 de junho de 2010

TEMPO

O tempo corre
Os relógios não param,
O tempo corre apressado
Que mal lhe fiz no meu passado?

O tempo se escoa,
Pelos buracos do chão
E os erros são repetidos
E os poetas esmagados,
Com esses erros.

Eu fugi da turba
De mãos dadas com meu amor,
Fugi ao clamor da turba
Que se comprimia
Numa procura
De quem não sabia,                                                               
A razão da procura.

Espero,
Quando o tempo
Voltar a ser tempo
E possamos voar.

E fugir à turba
Que continua a clamar.

Tu sabes que eu parti
Noite morta,
Numa procissão de sombras
Dos que vivem
 Dos que já morreram.

Eu era a imagem da vida,
Ainda sou essa imagem
E continuo de mãos dadas
Contigo, meu amor.

Os remos batem nas águas
E nos levam pela noite
Ao sabor da maré,
A um outro horizonte.


Maria Luísa

domingo, 20 de junho de 2010

VIVER

É na realidade que vivo
É para ela que tenho de voltar
Quando as asas cansadas
Não podem mais voar.

Tenho de viver sem sonhos
E transformar todo um destino
Que ao nascer, me proibiu de tudo.

Mas não sei como o fazer...
Pergunto ao vento,
Ele não sabe responder.

Pergunto às aves
E delas me amedronto
E elas sabem, porque fujo delas.

Deus não me pode dizer como viver,
Tenho de aprender
E não sei, como aceitar o morrer.

Não culpo nada nem ninguém!

Alguns culpam Deus de tudo,
Outros culpam sua sorte,
Eu me culpo a mim,

Na espessura da multidão
Que me envolveu.

Como posso estar viva,
Como posso descer escadas,
Perder minha vida,
Ter um rosto no mundo
Afundar um destino
Há muito afundado?

Como posso viver meu amor
E não te culpo de nada...

As culpas são minhas
Apenas minhas, são as culpas!

Sinto-me igual à solidão
Na procura,
De uma face iluminada.


Maria Luísa

segunda-feira, 14 de junho de 2010

SILêncio

Tenho o silêncio
Esta forma de amar
E isso não tira, o meu caminhar.

Eu não sou ninguém,
Mas é comigo que falam
As barcas sobrenaturais.

Toda eu estou além,
Num mundo que me retém
Acordada à espera de meu bem.

Tenho o mar, e barcos a navegar,
Num silêncio de alguém
Que procura como amar.

Sombras conheço,
Silêncio mereço
E amor também.

Gosto de me perder em ti,
De viver por ti
Me envolver em ti.

Esquecer o lugar
Sem rumo
E em teus braços,
Me perder, sem saber o porquê.

E como vou subir esta estrada
Milhentas vezes,
À procura do Nada?

Em teus braços
Me perco
E gosto de me perder.

Não há pecado
No rumor das fontes.

Só vejo e sinto,
O que não sei
Se existe...

É este o meu silêncio!

De olhos cegos
Nada vejo
E penso tudo ver!

Assim eu sou...
Com dificuldades me levanto,
Sofro por meu desencanto.

Quanta palavra,
Quanta forma de dizer.


Maria Luísa

domingo, 6 de junho de 2010

MUNDO

Estás em tudo que nasce
E também em tudo que morre!

Tu vens,
As janelas estão gradeadas
Entra o Sol e a Luz,
Mas não entra o Mundo
Que palpita lá fora
Chamando por nós.

Mundo,
Não te posso responder
Estou aprisionada
Dentro do meu ser.

Quero fugir,
Gritar bem alto
A saudade que me fere
A saudade de teu canto
A saudade de teus beijos
A saudade de teus passos
A saudade da minha Vida.

Perdida neste lugar
Que não me pertence
Não me encanta,
Com o desejo de fugir
Para outros lugares
E voltar sempre
Ao primeiro lugar...

E isso - desencanta!

Isolada do meu mundo
Das coisas que perdi
E das outras que encontrei,
Tão próximo de mim.

É um mundo
Sem música, sem beleza
Em múltiplos horizontes
Onde não posso andar,
Num confronto
De dois mundos desiguais...
O meu e o teu.

E continuo a fugir
A me sentir perdida,
Esquecida.

Ninguém me pode dizer
O que fazer,
Eu não aceito!

Apenas aceito,
A minha forma
De viver!...

E duvido de mim, de ti,
De todos.

Maria Luísa

domingo, 30 de maio de 2010

SEM RUMO

Vou sem rumo
Tão grande o Mundo...

Balançam as ondas
Batem suaves
Na cadência das águas,

Escondem minha existência.

Um barco estremece e eleva-se,
Leva o peso de meus sonhos.

Outro barco balança
As velas ao longe,
Outro segue o seu destino.

É um mundo com sol,
Mas sem chão.

Tudo se aquieta
Num tempo derradeiro
Numa despedida de pranto.

A noite se curva de frio.

A magia do silêncio
O encanto da Natureza,
Juntam-se ao amor palpitante
De meu coração tremente.

As ondas murmuram
Leves e nuas como eu,
Tudo é uma aventura
Dos fantasmas que persigo.

E ondas prenhes de saudade
Escutam meu canto de ansiedade.

Ouço o rumor de teus passos
E meu sorriso suspenso
Sente o teu abraço.

E se entrega fremente
A esse abraço...

Onde ficou teu outro Eu?
Não respondas,
Não acuso,
Esquece

Somos Senhores,
Do nosso mundo!

Maria Luísa

segunda-feira, 24 de maio de 2010

FALA-ME

Fala-me dos sonhos,
Fala-me dos medos,
Dos terrores,
Das lembranças
Menos boas,
Mas fala-me
E deixa a porta do meu quarto
FECHADA
E nem tu entres, meu amor!


Fala-me das madrugadas
Da relva do jardim
Machucada
Pelos amantes que se amaram,
Ao som das cítaras caladas!

Fala-me do teu poder eterno,
Fala-me das cortinas corridas
E do teu deambular
Pelas esquinas,
como se não fosses Nada!

Não falas,
Não dizes,
Não contas?

Então tu és o Nada!

Deixa-me as quimeras
Do meu sentir de Poeta
Esquecido, aniquilado
Nesta Era!

Mas lembra-te...
Tu és o Nada,
Eu sou o Tudo!

Não esqueças
Não te percas,
Mas sabe...
Tu és o Nada!

Mas eu sou Amor
Luz e Vida!

...O Tudo e o Nada!


Maria Luísa

quarta-feira, 19 de maio de 2010

REALIZAR

Há um sonho a realizar
Há um tormento a esquecer,
Flores a nascer
Gente a morrer.

Há uma noite insensata
Há um luar de prata
Maldade de quem mata,
Há quem morra por amar...

Há a tua voz sem coragem
Há o amor em vantagem,
A subtileza da fluidez humana
A água que cai e te chama.

Há os espelhos da nossa Casa
Há os espelhos do Salão,
Igualmente plácidos
Divinamente exactos.

Há a dor daquele que não sai
E do outro que não tem casa
E prolonga na vida,
Um sonho mudo e fortuito.

Oh, quanto me pesa,
Minha memória passada
Minha memória presente
Minha memória ausente.

Há um sonho a realizar
Há uma insensatez a esquecer,
Flores a nascer
Gente a morrer.

Há um verso a caminhar
No Universo,
A tentar um ramo aberto
Para adormecer
Na linha recta,
O Olhar na linha curva.


Há um sonho a realizar
E és tu, meu amor!


Maria Luísa

sábado, 15 de maio de 2010

REPARO

Reparei em ti
Quando te vi
Quando te olhei.

Reparei em ti
E me perguntei
O porquê desse reparo.

Reparei em ti
E me lembrei
De alguém ou um lugar.

Reparei em ti,
Na tua forma
De dar.

Reparei em ti
E pensei,
Te posso amar!

Reparei em ti
Reconheci em ti,
A minha forma de estar.

Reparei em ti,
Senti e reconheci
O meu Altar.

Reparei em ti,
Olhei para mim
Através de ti.

E reconheci
Finalmente percebi,
Esse olhar fixo em mim.

E descobri,
O meu olhar no teu olhar
E duas, espelhadas, numa única.

E gostei de ti,
De te reconhecer
De reparar em ti.

Reparei em ti,
Gostas de escrever
Como a água
Que necessitas de beber.

E fiquei a saber
...Esta eu sou
A Primeira e a Última!

Como ser mortal, novamente.

Maria luísa

terça-feira, 11 de maio de 2010

Não Ouço as Vozes

Hoje não ouço as vozes,
Vou sem rumo
Tão grande o Mundo
E países tão distantes...

Hoje não ouço as vozes,
As vozes daquele tempo.

Hoje estou unida a ti,
Desejosa de ti
Do teu amor
Flores molhadas
Junto a mim.

Hoje sou magia e esplendor
Num mundo de fogueiras acesas
No mistério de quem sou.

Que te vou dizer
Se me interrogas
Acerca de tudo?

Conheço as sombras,
Conheço as luas,
Conheço assombros,
Conheço o amor
À distância
E cubro minha nudez,
Com esse amor.

Te beijo,
Te abraço,
Te amo,
Te desejo,
Te quero...
Me perco
Em teus braços.

A fogueira acendeu
Eu sou a fogueira,
E ardo nos teus braços
Do teu desejo e afecto,
De meus abraços.

E quando apagar
Apago com amor,
A perdição
De uma vida!

E nesse instante,
Torno a ouvir,
As vozes
Daquele tempo.

Mas hoje, não...
Hoje és tu e eu!


Maria Luísa

sábado, 8 de maio de 2010

AMEI-TE



Amei-te,
Humilhei-me em prantos.


Desconexos
Perplexos.


Vivi para ti,
Esqueci família
Esqueci amigos
Esqueci de mim...


E tu me olhas-te
Longamente, me olhaste
E me ignoraste.


Esquecido de mim
Esquecido do que dei.


Mais tarde agradeci
O desencontro
De mim e de ti.


Só eu fui invulgar
Tu foste vulgar!
Não merecias
Meu sonho de encantar.


Pára no deserto de meu caminho
E eu te ame,
Na fragilidade da poesia.


Amei-te,
Desconhecia o amor
Mas te dei meu calor
E perdi meus passos.


Me olhaste longamente,
longamente me olhaste
Como sempre o fizeste,
Mas nada restou.


Deixei de respirar,
Parece que morri
Na superfície lisa
Que atravessei.


Meus versos deixaram
de cantar.
Ficou meu pranto,
Preso ao luar
E eu morri...
Por te amar!


Maria Luísa

terça-feira, 4 de maio de 2010

Deixa Que Te Leve


Deixa que te leve,
Caminhemos pelas ondas,
Mansas, sonolentas,
Sedentas de tudo.

Deixa que te leve,
Ao encontro dos sonhos
Sonhados,
Nunca encontrados.

Deixa que te leve,
Ao meu jardim encantado
Com flores de mil tons
E clarões alaranjados.

Deixa que te leve,
Através da multidão
Que corre,
Sem piedade.

Deixa que te leve,
Para meu recanto breve
Onde tudo canta
E é leve.

Deixa que te leve,
E sejas meu, finalmente
E esqueçamos o mundo
De forma breve.

Deixa que te leve,
Ao encontro de espelhos
Diluídos na noite de agasalhos
E aguardemos
E nos amemos
Como sabemos.

Deixa que te leve,
A escutar meu silêncio,
De palavras perdidas
Num canto agreste.

Deixa que te leve,
Não contes o tempo
Talvez se esqueça
De mim, de ti
E nos deixe ficar...

E acredita,

Outros se buscam no espelho!

Maria Luísa

sábado, 1 de maio de 2010

É MAIS FÁCIL


É mais fácil ouvir as estrelas
Senti-las passar,
Do que entender a terra
E alcançar meu sonhar.

É mais fácil amar-te
Do que te repudiar.

É mais fácil falar do amor
Do que viver esse amor.

É mais fácil sentir a maresia do mar,
Do que olhar ao longe
O barco que parte,
Chamando por mim.

É mais fácil dizer que te amo
Do que te amar.

É mais fácil, meu coração parar,
Do que o tempo a contar.

É mais fácil te reconhecer na multidão,
Do que olhares meus olhos, na escuridão.

É mais fácil aceitar, falar,
A escrever temas abstractos.

É mais fácil subir,
Escadas de pedra
Do que entrar no meu Palácio.

É mais fácil caminhar
Nas ondas do mar,
Atravessar desertos
Olhar ao longe
E nada vislumbrar,
Nada escrever,
Nada contar,
Nada dizer.

É mais fácil
Do que Viver!...

E escolhi o mais Difícil!...

Maria Luísa

quarta-feira, 28 de abril de 2010

SEDE

A sede dentro de mim não morre!

Nu tu e o poema,
Nu tu e as palavras ardentes,
Nu tu e o desejo de ser crente,
Nu tu e o teu sentir
Desprovido,
Seduzido,
Na chamada
Loucura de quem sente.

Nuas as palavras ao vento
Penetrantes no sentir
De quem mente...

E se transformam no desejo
E nuvens de saudade
Por cima da Verdade.

E sejas tu,
O vento e o poema
E estrelas eriçadas
Das horas lentas e caladas.

Pára nas pontes frágeis
Da poesia
E não contes mais!

Diz adeus
E não procures,
Hoje e sempre.

Esta é a minha dor!

Maria Luísa

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Rosas Vermelhas


Pedi um ramo de rosas
Vermelhas,
Sensuais,
Salpicadas de orvalho,
Ardentes
Como nós somos.

E tu de olhar solene
Recusaste sem falar,
As rosas vermelhas
Do meu sonho
De encantar.

Recusaste,
Não analisaste,
Indiferente
Ao meu pedir,
Por eu escrever
Sobre as rosas
Do meu jardim
E não escrever
O amor por ti.

Recusaste,
Ollhaste em frente
Absorto
E que viste?

Rosas de várias cores
Desfolhando luz e amor
No jardim de mil tons,
Mas sem o calor
Das rosas vermelhas de cor,
Do meu amor sensual, ardente.

E faço gáudio
Em ter rosas vermelhas,
Como o sangue
Que grita,
Como o sensual
Que exalta
E nos lembra
O primeiro amor,
Feito de fogo e dor.

Mas nunca mais esquece,
O calor daquele fado
Que canta, sem cantar
E o que se escreve
Sem escrever.

E por tudo isso
Recusaste,
As rosas vermelhas
Que te pedi.

Que cruel foste,
Meu amor!

Maria Luísa

domingo, 18 de abril de 2010

CLARÕES


Nas horas do entardecer perfumado,
Nas tardes procuradas e sentidas,
No silêncio de íntimo Fogo
Ardente...
Eu abro as janelas fluorescentes
Pintadas,
Pelo acender dos clarões das rosas
No meu jardim isolado.

E vejo deslumbrada a Luz
Dos clarões
A transformarem-se
Em figuras geométricas,
Desconexas
E dançarem.

Ao longe toca uma guitarra!

Os clarões tomaram o Tempo
Iluminaram
Num gesto leve
As rosas de mil cores
E cantaram...

Ao longe toca uma guitarra!

Fizeram amor de quimera
Com alegria,
Plantaram flores de nostalgia
Rolaram uns sobre os outros,
Transformaram...

Ao longe toca uma guitarra!

E ninguém os via...

Mas eles - são clarões de luz e fogo
Transformados em humanos
Perdidos,
Distorcidos,
Esquecidos.

E ninguém os via
E a guitarra gemia!

Tomaram conta da Noite,
Dos seus Fados
Cantados
Ao som dessa guitarra
Que tocava ao longe,
Não se sabia onde...

E ninguém os via!

E como clarões que eram
Brilharam
Nos recantos,
Onde o Amor impera!

Cansados retornaram
Ao jardim solitário
E esquecido,
Ficaram a esmorecer
Com o aparecer do Dia.

Ao longe uma guitarra tocava
Em som gemido...

O meu mundo estremecia
Dessa noite de encantar
A terminar
E o aparecer do dia...
Clarão não havia
E o som da guitarra
Se perdia...

Mais um dia!

Maria Luísa

terça-feira, 13 de abril de 2010

NÃO ACUSES!


Nunca fujo de ti,
Apenas fujo de mim.

Eu sou a mais difícil,
Aquela a quem ninguém entende
E não sofre com esse desentender.

Ama-me como sou,
A não aceitar o comum
Como se fosse meu,
Pois não é meu!

Deixa-me ser como sou,
Não me aperceber da maldade
E continuar a viver,
Como se tudo fosse verdade.

Deixa-me ser feliz
Como gosto,
Amar-te em apoteose
E deixar-te a olhar
Minha sombra
Quando me afasto.

Não te lamentes
Não acuses,
Somos Deuses!

Maria Luísa

quarta-feira, 7 de abril de 2010

APENAS...OLHEI!


Olhei
E não te reconheci
E tanto te amei
Num amor sensual,
Ocasional,
Ardente...

Em mim, havia amor,
Eu era
Fogo e terra
Nesse amor,

Mas tu...
Não tinhas aquele amor

Que ressalta
Que prende
Que ressuscita
E torna a noite
Em dia
E não deixa descansar...

Em ti não existia amor!

Apena o sentir
De um encanto
Feroz e agreste
E depois o acalmar
E retornar sempre,
Até um dia
Não voltar...

Passou...
Nada ficou
E no fundo de mim mesma,
Bem no fundo,
Reconheci
Que não te tinha amado,
Apenas desejado!

Em ti não havia amor
Em mim,
Não sei que se passou
Nada ficou
Nada deixou!
E quando te vi
Não te reconheci!

Esqueci!...

Maria Luísa

segunda-feira, 5 de abril de 2010

NINGUÉM


Se não és de ninguém,
Podes ser tudo quanto queres
Mesmo aquilo que não és.

Se não és de ninguém,
Te podes transformar em Alguém
Numa página solta de meus versos.

Se não és de ninguém,
Podes ser aquela nuvem além
A lembrar a Alma de alguém.

Se não és de ninguém,
Podes ser o Vento
Ninfas e flores.

Se não és de ninguém,
Constroi teu mundo
E sê Alguém.

Se não és de ninguém,
Leva a rosa
Que deixei em meu corpo

E não temos despedidas!

Maria luísa

terça-feira, 30 de março de 2010

Não Sei!...


Não sei o que sou
Não sei quem sou
Não sei onde estou
...E para onde vou
Não sei! Confesso!

Queres-me mesmo assim
Amamo-nos como sempre
Não repudias este não saber
De nada...Nem de Ti?
E o amanhã?

Sorri...
Para que o mundo seja mais gentil
Por ti e por mim.

Aceitas esta forma subtil e árdua
de Amar,
Própria de mim
Tão a meu jeito?

Aceitas?

Então...És meu!

Meu Amigo, meu Marido, meu Amante!

Não te quero longe...
Nunca!

Maria Luísa O. M. Adães

segunda-feira, 22 de março de 2010

NEM SEMPRE


Nem sempre se fala de amor,
Nem sempre se fala de nostalgia,
Nem sempre se fala o que se pensa,
Nem sempre se fala o que se sente,
Nem sempre se vive de euforia!

Nem sempre!

Apenas tu existes
No meu dizer de poeta,
Apenas tu me chamas de poeta,
Apenas tu...e ninguém mais!

Nem sempre existo!

E vivo no encontro e desencontro
Do que sou,
Vivo da minha ilusão,
Vivo da minha insensatez
E da minha lealdade

Que ninguém sabe
Que ninguém vê
Que ninguém sente
Ou pressente,
Neste meu dizer...

Nem sempre!

Tentem lembrar este meu canto,
Tentem apreciar
E não esquecer
O que não vê
O que não sente.

Nem sempre, assim é!

A solidão e a luz da noite,
Cobrem com seu manto
Os céus e as estrelas
De quebranto...

Nem sempre!

Apenas eu fico,
Apenas eu espero,
Apenas eu suplico,
talvez por ser poeta
Esquecido!

Nem sempre, eu sou!

Mas fico sempre esperando
Até àquele dia,
Perto ou distante,
Onde te possa encontrar
Beijar e amar
Sem parar,
Como se o meu mundo
Fosse morrer,
Naquele instante.

Nem sempre sinto,
Nem sempre!

E eu morro,
No desejo
Do meu Canto.

Nem sempre, eu morro!

Tudo o resto
É poeira
E ar.

Mas nem sempre
Eu reparo,
Naquele instante.

Tento olvidar,
O meu dizer
De poeta
Por algum tempo,

O Teu tempo...
E esquecer!

Maria Luísa O. M. Adães

segunda-feira, 15 de março de 2010

FONTE




Ela amava a solidão
Depois de esgotar o amor
E a Fonte desse amor.

Recolhia-se ao lugar escolhido,
Na colina silenciosa
E a água
Corria temerosa.

Orava nessa solidão,
Num silêncio que se renova
E retorna consumado, nessa prova.

E brotavam dessas águas,
Dessa Fonte que falava
O amor esperado e encontrado.

Longe da multidão,
O som alegre titubeante
De quem não estava.

E a calma silenciosa,
Da solidão vivida a dois
Como se fossem um só.

Os envolvia nessa tarde sinuosa,
Onde se cantava ao longe
E ali se amava no final do dia.

E a sombra descia,
E os encantava
Em novos jogos de amor.

E a água da Fonte escondia,
Os outros sons que se ouvia
E o grito rouco que gemia.

E jogavam como sombras,
Num mundo de magia
Num términus de nostalgia.

-Que belo final do dia,
Tu me deste meu amor
E eu te dei tudo, como sabia...

E tu gostas deste amor,
Desta fonte de água fria
A gotejar bolhas fugidias.

A aparecer,
A acabar,
A cintilar,
A esmorecer

No Final
De um Novo Dia!

Maria Luísa O. M. Adães


sábado, 13 de março de 2010

NÃO FUJAS


Não fujas de ti
Não fujas de mim.

Sou melodia
Como cascata,
Desbravando o rio.

Não fujas de ti
Não fujas de mim.

Formas um lago
Cisnes dançam,
Ao som de teu flautim.

E no teu tocar de magia,
Transformas o horizonte
Da loucura da Poesia.

Maria Luísa O. M. Adães

terça-feira, 9 de março de 2010

MULHERES


Depois de muitos anos
De submissão e de medo,
A mulher se levanta
De forma bem lenta...

Olha em frente,
Procura seu desejo
De ser Gente.

Quem ouve
Quem pede por ela
Quem escuta seu canto
De labirintos se movendo?

Mulher, procuras renascer
Do sofrimento
Do tormento de teu viver.
Abandonada,
Vendida,
Escondida nas estradas,
Espoliada,
Banida,

Mãe de um mundo absurdo!

Para ti
Há noite? Vozes? Portas a abrir?

Que dizes
Mulher esquecida?

O Tempo é teu
Este é teu momento,
Eu falo de ti
Me conta que sentes?

Te enalteço
Mulher,
Mãe do mundo.

Nada mais é preciso
A tão terna Grandeza.

Tu és o Universo!

Maria Luísa O. M. Adães

domingo, 7 de março de 2010

HARMONIA


Falemos de Harmonia!
Pergunto a mim própria
Como aplicá-la
À minha forma de viver
A tudo quanto me rodeia.

E não sei, como o fazer.

Não encontro a árvore
Da Harmonia
Nos jardins,
Nos campos à minha volta
E não vejo a semente viva,
Dessa árvore.

Procuro dentro de mim,
No meu sentir,
Em tudo quanto sou,
Mas estou perdida
No caminho.

Não soube ler,

O Teu mapa
A Tua escrita
A Tua palavra.

Caíu a noite...

Os sentimentos fugiram
Amedrontados,
As estrelas esconderam-se,
As nuvens levaram a beleza

E fiquei sem encontrar,
A árvore
Que tanta falta faz,

Ao Amor de cada dia.


do livro "Não Sei de Ti"
de Maria Luísa Maldonado Adães